Trabalhadores em home office têm mais medo de demissão
Distantes do escritório, eles sentem que é mais difícil demonstrar para o gestor que estão sendo produtivos.
89% dos gestores de RH americanos afirmam que os funcionários de suas empresas expressam medo de serem demitidos, de seus chefes serem trocados ou de outras mudanças no quadro de trabalhadores. O estudo é da Humu, uma consultoria especializada em coletar e analisar dados na área de recursos humanos, e se baseia em uma enquete com 80 mil pessoas.
O pessimismo é compreensível: as demissões em massa no Vale do Silício apareceram um bocado nos jornais, e a previsão do tempo é de recessão econômica nos principais países do Ocidente em 2023. (Vale dizer, porém, que o medo do futuro contrasta com as estatísticas do presente: os EUA mantêm uma taxa de desemprego de meros 3,5%, a menor em meio século, por mais que o Fed suba a taxa básica de juros na tentativa de esfriar a economia e conter a inflação.)
Com esse receio generalizado no ar, o trabalho híbrido começa a cobrar um preço psicológico. Empregados em regime exclusivamente remoto relatam se sentir ansiosos com demissões numa frequência 32% maior. Por outro lado, pessoas que vão para o escritório em alguns (ou todos) os dias da semana relatam 24% menos problemas do tipo. Elas sentem mais segurança de que os gestores vão acompanhar e reconhecer suas realizações.
Isso não significa que os trabalhadores remotos estejam de fato menos produtivos. É possível que o medo faça um funcionário perceber como insuficiente uma quantidade de trabalho que antes lhe parecia satisfatória. “Um contexto de incerteza econômica (…) colabora para um sentimento mais pessimista, mesmo que não exista, efetivamente, uma oscilação significativa de rendimento”, diz Lucas Nogueira, diretor regional da consultoria de recrutamento especializado Robert Half.
Quer dizer, então, que todo mundo quer correr para o escritório? Não é bem isso: 50% dos trabalhadores afirmam que o regime híbrido ou remoto é prioridade na escolha de um emprego, e só 4% iriam atrás de um cargo exclusivamente presencial.
No Brasil, os números são parecidos: o Índice de Confiança Robert Half (ICRH) revela que 69% preferem trabalho híbrido, 21% trabalho remoto e apenas 10% optam pelo presencial. “As prioridades estão cada vez mais ligadas a atitudes, valores e crenças, e não somente a salários e benefícios”, diz Lucas. “Saúde mental e bem-estar entraram com força na equação.”