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Um quarto dos que pediram demissão na “Grande Resignação” se arrependeu, diz pesquisa

Milhões de pessoas saíram de seus empregos nos últimos meses nos EUA, mas, agora, parte delas está arrependida – e o pessimismo com a economia americana é o principal motivo.

Por Bruno Carbinatto
3 ago 2022, 17h56

Foram milhões de americanos decidindo pedir demissão voluntária durante a pandemia, um fenômeno tão singular que recebeu até nome próprio – a Grande Resignação ou a Grande Renúncia. 

Mas a lua de mel não durou tanto assim para parte dos resignados. Mais de um quarto dos que pediram demissão nos Estados Unidos naquele período agora afirmam que se arrependeram da decisão, segundo uma nova pesquisa.

O motivo principal para essa mudança de humor, citado por 40% dos arrependidos, foi a percepção de que o mercado de trabalho americano está mais desafiador do que o esperado por eles e está difícil arrumar vagas satisfatórias– muitos saíram de seus empregos sem necessariamente ter uma outra opção na fila. E esse sentimento permanece mesmo que os dados oficiais mostrem que o mercado de trabalho anda aquecido por lá – só em maio foram 372 mil novas vagas criadas, acima do esperado.

Outras razões são a saudade dos colegas de trabalho na antiga empresa (citada por 22% dos arrependidos) e a decepção com o novo emprego, que não cumpriu as expectativas (17% do total dos entrevistados, o que corresponde a 42% dos que conseguiram um novo emprego depois da demissão). 

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16% dos resignados também afirmam que, agora, têm a percepção de que o trabalho antigo não era tão ruim assim quanto parecia na época.

Os dados são da pesquisa trimestral da Joblist, plataforma americana de recrutamento e anúncio de vagas de emprego. Foram ouvidos mais de 15 mil americanos.

A taxa de arrependimento varia entre as áreas. Os profissionais de saúde, que passaram por um cenário excepcionalmente desafiador e desgastante durante a pandemia, são os que menos reconsideram a decisão tomada: só 14% dizem que foi um erro deixar o emprego anterior. 

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A piora da economia americana ajuda a explicar o fenômeno. Com a recessão batendo às portas do maior PIB do mundo, o pessimismo toma conta, e mesmo aqueles que não acham que o mercado de trabalho está tão ruim agora esperam que ele piore nos próximos meses, segundo a pesquisa.

Os resultados confirmam a tendência mostrada por uma outra pesquisa, da empresa de dados Harris Poll, que mostrou que uma a cada cinco pessoas que se demitiram agora se arrependem da decisão. 

A Grande Resignação foi um fenômeno visto principalmente nos Estados Unidos nos anos de 2021 e, principalmente, 2022, quando mais de 20 milhões de americanos decidiram deixar seus empregos – em 2019, esse número for de 16,7 milhões. Uma combinação de fatores explica o movimento, sendo que o principal é a adoção em massa do regime à distância para o trabalho, o que permitiu que muitos fossem à busca de oportunidades de emprego melhores, tanto no quesito salário como também em qualidade de vida.

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Em fevereiro, mostramos na Você/SA que o fenômeno não é exclusivo dos EUA: aconteceu também aqui no Brasil, escondido detrás de uma taxa de desemprego de dois dígitos. Por aqui, 500 mil pessoas pediram as contas mensalmente, quase o dobro registrado nos anos anteriores à pandemia. Mas, no Brasil, ainda não há dados sobre possíveis arrependimentos desse grupo.

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