Em outubro de 2023, a Human Rights Campaign (HRC) recomeçou uma missão que está cumprindo pelo terceiro ano consecutivo: a coleta de informações e dados sobre políticas de inclusão dos funcionários LGBTQIA+ em empresas brasileiras.
A HRC é o maior grupo de defesa e de lobby dos direitos civis LGBTQIA+ dos Estados Unidos. Em 2021, o grupo decidiu expandir seus esforços para a América Latina, e um braço da Fundação HRC foi estabelecido por aqui. Uma de suas funções é justamente o HRC Equidade BR, índice que observa alguns pilares e concede (ou não) um certificado de “Melhores Empresas para a pessoa LGBTQIA+ trabalhar”.
O índice leva em conta cinco fatores, os mesmos do Índice de Equidade Corporativa (CEI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que existe desde 2002 e é a principal referência no segmento. São eles:
- Adoção de políticas de não discriminação no local de trabalho;
- Criação de espaços de trabalho respeitosos para todas as pessoas;
- Criação de grupos de recursos para funcionários ou conselhos de diversidade e inclusão;
- Oferta de treinamento e educação para todos os níveis hierárquicos sobre a pauta LGBTQIA+; e
- Participação em atividades públicas para apoiar a inclusão da comunidade LGBTQIA+.
A pesquisa foi respondida até 8 de março de 2024. Depois da coleta e avaliação do material, este mês, habemus resultados: 124 empresas concluíram e enviaram suas respostas, 45 obtiveram pontuação entre 0 e 90 pontos e 79 empresas atingiram 100 pontos e receberam o selo de certificação.
Em relação ao ano passado, o número representa um crescimento de 36% na quantidade de empresas inscritas, e 39% no número de empresas certificadas. “Os resultados deste ano refletem o forte apoio e os contínuos investimentos da comunidade empresarial brasileira em seu compromisso com a igualdade LGBTQIA+ no ambiente de trabalho”, escreve Orlando Gonzales, vice-presidente sênior de programas, pesquisa e treinamento na Fundação HRC.
Ao leitor interessado no relatório completo, com todas as 79 empresas, basta clicar neste link. Abaixo, estão os nomes de 13 empresas que receberam a quádrupla certificação – além da pontuação máxima no Equidade BR, obtiveram também em outros três programas da fundação. Confira:
As eleitas, segundo a HCR
- Accenture do Brasil
- Arcos Dorados
- Basf SA
- Bayer S.A.
- Cummins
- The Boston Consulting Group
- Ernst Young Assessoria Empresarial Ltda
- Ge Vernova Brazil Holdings LLC
- J.P. Morgan S.A.
- McKinsey & Company Brasil
- Medtronic
- SAP Brasil
- Uber do Brasil Tecnologia Ltda
Vale citar que, das 79 que obtiveram qualificação, 20% são do setor de consultoria, gestão e serviços; 12% de tecnologia e 9% do varejo.
Pontos positivos e negativos
Segundo o relatório, um destaque na pesquisa são as políticas e benefícios ao colaborador LGBTQIA+. “Ao longo das edições, é notória a maior governança das organizações em relação à estruturação da pauta em suas políticas, como regimentos internos e códigos de ética e conduta. Tais práticas também estão consonantes com a maior transparência interna e externa para pessoas interessadas”, escreve a HRC.
Eles também enfatizam as frentes de educação e sensibilização nas corporações. Leia-se: treinamentos obrigatórios para a liderança e alta liderança, voltados para o maior conhecimento sobre Diversidade e Inclusão.
Segundo a HRC, esses “são fundamentais para a capacitação e construção de uma liderança de fato comprometida com o avanço da agenda na organização. Com isso estruturado, também será possível avançar na avaliação de desempenho da liderança em relação a Diversidade e Inclusão por meio de métricas, por exemplo.”
Falando nelas, esse também é um ponto positivo para as empresas brasileiras. De acordo com o relatório, houve avanços significativos nas pesquisas qualitativas e métricas de D&I.
Ainda sim, a fundação destaca que, nas ações para a cadeia de fornecedores da organização, as empresas deixaram a desejar. Além disso, ainda são poucas as organizações que possuem uma política de transição de gênero, contribuindo efetivamente nesse tópico – apoio que vai desde a retificação de documentos até a subvenção de medicamentos, hormônios e da cirurgia de redesignação. “É fundamental que essas práticas estejam estabelecidas por meio de uma das possibilidades de ação efetiva capazes de se tornarem um diferencial competitivo.”