Maioria dos brasileiros não tem medo de perder emprego para IA, diz pesquisa
Relatório da AtlasIntel/Bloomberg indica otimismo em relação ao impacto da tecnologia no país, mas também preocupação com a criação e disseminação de fake news.

O entusiasmo com a inteligência artificial não é unânime. Ainda que o auxílio da tecnologia em diferentes tarefas — e, consequentemente, o tempo economizado por elas — seja bem-vindo, há quem veja a presença da IA em nossa rotina com preocupação. Sobretudo quando se trata do mercado de trabalho.
As previsões, afinal, assustam à primeira vista: um relatório do Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral indica que 8% da força de trabalho mundial (o equivalente a 92 milhões de empregos) pode ser substituída pelas novas tecnologias até 2030. Já um artigo do MIT sugere que ao menos 23% dos trabalhos intelectuais correm esse risco nos próximos anos.
Mas, apesar do alerta acendido pelas projeções, o medo de ser trocado por um robô parece não afligir boa parte dos brasileiros. É o que indica um relatório publicado pela AtlasIntel e a Bloomberg em julho deste ano. Dos 7.334 entrevistados pela pesquisa, 72,3% não temem ser completamente substituídos pela IA em um futuro próximo. E desse total, 39,6% não acreditam que a IA possa ameaçar seus trabalhos, enquanto 32,7% acham que as novas ferramentas poderiam realizar apenas alguns aspectos de suas funções.
No dia a dia
Por falar em funções, o levantamento também mapeou como e para quê os entrevistados utilizam a inteligência artificial. Os assistentes de voz e as ferramentas de criação de texto e de tradução são os recursos mais populares, com mais de 69% de adeptos. Quanto aos usos, 74,4% são para pesquisa e aprendizado, 65% para melhorar a produtividade pessoal e 57,7% para comunicação.
Quase metade dos brasileiros (49,6%) demonstra otimismo em relação ao impacto da IA no país na próxima década, mas há também uma grande preocupação de que a tecnologia seja usada para criação e disseminação de fake news, para violação da privacidade e para a vigilância da população por parte do governo.
Entre as áreas que mais podem ser beneficiadas pela inteligência artificial, a saúde é apontada por 50,5% das pessoas. Ao mesmo tempo, chama atenção o fato de que 47,1% não confiariam em uma IA para ajudá-los a tomar decisões importantes relacionadas às finanças ou medicina, por exemplo. Nesses casos, para uma grande parcela dos entrevistados, a opinião de um especialista humano é mais valiosa.