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Wall Street se recupera às vésperas do Fed; Ibovespa vai pelo caminho oposto

Mercado espera maior reajuste dos juros americanos desde 2000. S&P 500 sobe 0,57%.Por aqui, Ibovespa recua 1,15%.

Por Juliana Américo
2 Maio 2022, 17h25

Os índices americanos se recuperaram no primeiro pregão de maio, depois de encerrar um dos piores desempenhos mensais vistos desde o início da pandemia, lá em março de 2020. Mas a verdade é que os investidores só vão conseguir relaxar depois da decisão do Federal Reserve sobre os apertos na sua política monetária. 

A reunião do banco central americano está marcada para amanhã e quarta, quando sai o veredito sobre os juros. O Fed já deixou claro que o plano é elevar a taxa em 0,5 ponto percentual, e adotar a banda entre 0,75% a 1%. Se rolar mesmo esse reajuste, será o primeiro dessa magnitude desde o ano 2000. Vale lembrar que, em março, o Fed elevou a taxa pela primeira vez desde 2018, com um reajuste de 0,25 pp. 

A dúvida agora é o quão agressivo o banco central está disposto a ser. A meta, por enquanto, é elevar os juros até cerca de 2,5% este ano e ver como a economia se comporta. A questão é se o Fed vai fazer isso de forma rápida – ou seja, outras altas de 0,5 pp ou maiores nos próximos meses – ou se vai ser mais contido. 

De qualquer forma, já tem quem não bote muita fé na taxa de 2,5%. Os economistas do Deutsche Bank, por exemplo, apostam que os juros precisam chegar a algo entre 5% e 6% para domar a inflação americana, a maior em 40 anos.

Juros mais altos combatem a inflação desaquecendo a economia. O problema é que a economia JÁ está fria por lá. O PIB, em termos anualizados, fechou o primeiro trimestre em queda de 1,4%. O primeiro tombo na produção de bens e serviços desde o segundo trimestre de 2020, quando a pandemia se abateu. 

Enquanto o mercado remoía a tensão sobre o futuro da taxa e suas consequências, os índices americanos, que passaram boa parte do dia no negativo, conseguiram virar aos 45 do segundo tempo: S&P 500 subiu  0,57%, aos 4.155 pontos. Já a Nasdaq reagiu após a dramática queda de 4% na sexta-feira. Hoje a alta foi de 1,63%, aos 12.536 pontos.

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Ibovespa

Por aqui, o Ibovespa não acompanhou o arranque dos últimos minutos de Wall Street: -1,15%, a 106.638 pontos. Na terça e na quarta também temos reunião do Banco Central para determinar a taxa de juros. Há um consenso tremendo de que o Copom subirá a Selic em 1 pp, conforme já antecipado pelo BC,  elevando a Selic para 12,75% – será o maior patamar desde 2017.

Mas o que o mercado quer saber é se haverá outros reajustes ao longo do ano. A previsão era de que o ciclo de alta se encerrasse agora em maio, mas a inflação não tem colaborado (em março, o IPCA atingiu seu maior patamar para o mês desde o Plano Real). É possível, então, que o BC ainda coloque a taxa de juros ao norte dos 13% na próxima reunião.

A bolsa brasileira também foi pressionada pelas empresas de commodities, que sentem a desaceleração da China, por consequência dos lockdowns no país.

Entre as empresas brasileiras, a CSN foi a do setor de siderurgia/mineração que mais caiu: 1,70%. Já a PetroRio afundou 5,43%. Mas as queridinhas dos investidores e maiores da bolsa não ficaram muito atrás: Vale caiu 0,79%; e Petrobras 1,25%. 

Pão de Açúcar

Na contramão da bolsa, os papéis do Pão de Açúcar subiram 5,12% e lideraram as poucas altas do dia. Os investidores estão de olho nos rumores divulgados pelo colunista Lauro Jardim de que o empresário Abílio Diniz tem interesse em retomar a companhia. Ele já estaria há dois meses em negociação com o grupo Casino, dono da GPA. 

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O executivo é filho do fundador do Pão de Açúcar, Valentim Diniz, e deixou o comando da empresa em setembro de 2013. Hoje, ele é membro do Conselho de Administração do Carrefour Brasil e o terceiro maior acionista da varejista – seu fundo de investimentos, o Península, tem uma participação de 7,7% do Carrefour. 

Além disso, na sexta-feira após o pregão, o Pão de Açúcar anunciou  a incorporação da subsidiária SCB Distribuição e Comércio Varejista de Alimentos, dona da rede Compre Bem. O objetivo é reduzir custos e extinguir a subsidiária, mas a bandeira e as lojas serão mantidas.

Até amanhã

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Maiores altas

Pão de Açúcar (PCAR3): 5,12%

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Suzano (SUZB3): 2,66%

Braskem (BRKM5): 2,41%

CSN Mineração (CMIN3): 1,68%

Petz (PETZ3): 1,44%

Maiores baixas

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Azul (AZUL4): -7,37%

Gol (GOLL4): -6,11%

Banco Pan (BPAN4): -5,98%

PetroRio (PRIO3): -5,43%

3R Petroleum (RRRP3): -4,93%

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Ibovespa: -1,15%, a 106.638 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,57%, a 4.155 pontos

Nasdaq: 1,63%, a 12.536 pontos

Dow Jones: 0,26%, a 33.063 pontos

Dólar: 2,63%, a R$ 5,0727

Petróleo

Brent: 0,41%, a US$ 107,58

WTI: 0,46%, a US$ 105,17

Minério de ferro: -1,24%, US$ 144,95 em Cingapura. Hoje é feriado na China e não teve negociações no porto de Qingdao

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