Wall Street cai com ata hawkish do Fed. Forte alta da PETR4 (+3,7%) segura Ibovespa

O índice fechou em leve alta de 0,10%, a 132.833 pontos. Lá fora, o S&P 500 cedeu 0,8% com reajuste das expectativas quanto aos juros nos EUA.

Por Sofia Kercher e Bruno Carbinatto
Atualizado em 3 jan 2024, 19h17 - Publicado em 3 jan 2024, 19h09
 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/Getty Images)
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Enfim, habemus ata do Fed. 

A autoridade monetária americana divulgou hoje um resumão de sua reunião do começo de dezembro, na qual decidiu manter os juros americanos inalterados (na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano). O documento era o dado mais aguardado na agenda semanal dos mercados porque investidores querem tentar prever quando o banco central dos EUA vai finalmente começar a cortar a taxa.

Até agora, o mercado estava convencido que os cortes aconteceriam a.s.a.p. Segundo ferramenta da Chicago Mercantile Exchange (CME), investidores acreditavam haver 75% de probabilidade de que o Fed cortasse as taxas de juros em 0,25 pontos percentuais já em março deste ano. O motivo que levou a todo esse otimismo em Wall Street foi uma inflação aparentemente nos eixos, indicando que o remédio do banco central funcionou.

Mas não é exatamente essa a vibe que a ata passou. Os dirigentes até reconheceram que os juros estão no pico, e que houve um “progresso claro” na luta contra a inflação. No entanto, há um quê mais hawkish inegável no tom do relatório – o texto fala em manter as taxas no patamar atual “por algum tempo”.

E, apesar de afirmar que cortes este ano fossem “prováveis”, a autoridade monetária não deixou claro exatamente quando isso pode acontecer. O direcionamento segue o mesmo: o Fed antevê três cortes de 0,25 pontos percentuais para 2024, mas sem detalhes do cronograma.

Depois da última reunião, em dezembro, os principais indicadores gringos entraram em um frenesi de altas — que o Ibov surfou, batendo sua máxima histórica, a 134k pontos. Hoje, então, foi dia de recalibrar expectativas para patamares mais realistas. Não significa que o mercado ainda não esteja confiante em cortes mais cedo, mas houve uma redução no otimismo: a probabilidade dos cortes em março foi reduzida a 65% na CME (de 75% antes da ata). De qualquer forma, então, Wall Street segue em peso apostando num cenário mais dovish já em março, mesmo que o Fed dê alguns direcionamentos contrários.

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Com esse pequeno reajuste nas expectativas, o S&P 500 fechou o dia em queda de 0,80%. O Nasdaq, que concentra ações de tecnologia e, portanto, é mais sensível aos juros, foi além de tombou 1,18%.

O Ibov, por sua vez, fechou em 132,8k pontos, leve alta de 0,1% – se salvando do pessimismo do exterior graças a uma alta expressiva de PETR4. Os papéis, que sozinhos correspondem a quase 8% do índice, subiram 3,7%, cortesia de sua commodity. Vamos a ela.

Petróleo

Três acontecimentos movimentaram o preço da commodity, que fechou em forte alta de 3,11%, cotada a US$ 78,25 o barril.

Primeiro, os olhos seguem voltados ao Oriente Médio. Ontem, um ataque com drones na capital do Líbano matou um dos chefes do Hamas, Saleh al-Arouri. Hoje, explosões no Irã levaram à morte de uma centena de pessoas – ainda não há confirmações sobre a autoria. Isso sem contar os ataques que vem acontecendo no Mar Vermelho — que explicamos mais a fundo aqui. O temor é que o conflito Israel x Hamas, iniciado em outubro, se espalhe pela região.

Uma eventual escalada pode afetar diretamente a oferta de petróleo, dado que países como Irã e Estados Unidos, que vem aumentando sua participação no conflito, são os principais produtores da commodity do mundo.

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Além disso, uma série de grandes protestos na Líbia obrigaram o principal poço de petróleo a reduzir operações. O campo de Shahara, com capacidade de produzir 300 mil barris por dia, foi totalmente paralisado hoje. A interrupção da produção aumenta preocupações de uma redução na oferta — puxando o preço para cima.

Mas nem só de confusão vive a commodity. O que também fez preço foi um relatório da Opep divulgado hoje, que afirmava que a organização vai continuar cooperando e dialogando com outros países da Opep+ a fim de manter a estabilidade do mercado.

Nos últimos meses, uma discordância entre os países do cartel tinha aumentado a preocupação de que a Opep+ ia acabar com a redução voluntária de produção, intensificada no final do ano passado. Isso porque a Arábia Saudita, líder não-oficial do grupo, defende cortar a produção para aumentar a cotação do barril, mas nem todos os membros concordam com a ideia. O novo comunicado, no entanto, mostra uma bandeira branca entre os membros, indicando um certo alinhamento. A ver como essa novela se desenrola nas próximas reuniões do bloco.

Jolts

Por último, o relatório do Departamento de Trabalho dos EUA (Jolts) divulgado hoje confirmou que a quantidade de vagas abertas em novembro no país caiu a 8,8 milhões — o menor nível desde o início de 2021. Ele também mostrou que menos trabalhadores estão pedindo menos demissão, e as contratações estão no menor nível desde o começo do longínquo 2020.

Todos os números apontam para uma mesma história: o mercado de trabalho americano está esfriando. Boa notícia para o Fed. Uma procura menor do mercado de trabalho indica um arrefecimento da atividade econômica, e, portanto, significa uma menor pressão inflacionária. Isso também reforça a tese dos cortes. Mas, como visto, a notícia não foi suficiente para injetar ânimo nos mercados.

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Até amanhã 🙂

MAIORES ALTAS

Grupo Pão de Açucar (PCAR3): 10,50%

Grupo Soma (SOMA3): 5,31%Cielo (CIEL3): 3,74%

Petrobras (PETR3): 3,40%

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Prio (PRIO3): 3,37%

MAIORES BAIXAS

BRF (BRFS3): -4,91%

Azul (AZUL4): -3,33%

Braskem (BRKM5): -2,84%

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JBS (JBSS3): -2,78%

MRV (MRVE3): -2,52%

Ibovespa: 0,10%, a 132.833,95 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,80%, aos 4.704 pontos

Nasdaq: -1,18%, aos 14.592 pontos

Dow Jones: -0,76%, aos 37.430 pontos

Dólar: -0,01%, a R$ 4,9151

Petróleo

Brent: 3,11%, a US$ 78,25

WTI: 3,30%, a US$ 72,70 

Minério de ferro: 2,8%, a US$ 142,50 na bolsa de Dalian (China).

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