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Vision Pro não anima investidores e ações da Apple (AAPL34) fecham em queda

Papel chegou a atingir máxima histórica durante anúncio na WWDC, mas euforia passou rápido após anúncio do preço maior do que o esperado.

Por Bruno Carbinatto
5 jun 2023, 18h23

Parecia que seria um dia de glória para a Apple (AAPL34). A WWDC – Apple Worldwide Developers Conference, evento anual em que a empresa anuncia novidades e lançamentos – protagonizou o dia e concentrou a atenção do mercado. No meio do dia, as ações da maçã firmaram forte alta de quase 2% e chegaram ao pico histórico. Mas, no fim, a euforia passou rápido e os papéis fecharam em queda. O que aconteceu?

O motivo está no principal anúncio da empresa: o Apple Vision Pro, um óculos (+ fone de ouvido) de realidade aumentada, a principal aposta da empresa para o mercado de realidade virtual. Funcionando como um “computador visual” em formato de headset futurista, a tecnologia borra as fronteiras entre o real e o virtual, permitindo que apps, vídeos e tudo mais sejam acessados pelo visor do óculos. O controle de tudo isso acontecerá apenas pelas mãos, olhos e fala do usuário.

É um anúncio de peso: desde o Apple Watch, em 2015, a companhia tinha inaugurado uma nova categoria entre seus produtos principais. Agora, ele será o foco da empresa na missão de manter a fidelização dos consumidores e as vendas em alta ao mesmo tempo que tenta inaugurar uma nova era – em que a realidade virtual saia do nicho de alguns games para se tornar mainstream, algo normal no dia a dia (algo meio Black Mirror, não dá para negar).

O mercado parecia ter gostado (não só dos óculos, mas de todos anúncios da empresa). As ações firmaram alta de quase 2% durante o evento e atingiram o pico histórico, em US$ 184,90. Até um “detalhe” ser anunciado: o preço do novo produto. O Vision Pro, que será lançado no começo do ano que vem, custará US$ 3.500 (mais de R$ 17 mil), 20% mais caro do que previsto por especialistas e um valor considerado alto demais pelo mercado se o objetivo é conquistar market share. 

Isso porque a Meta detém atualmente 80% do market share do mercado de realidade virtual, e não está vendo a concorrência avançar de braços cruzados. Antecipando o anúncio da Apple, a empresa de Zuckerberg anunciou, há três dias, o Meta Quest 3, seu mais novo óculos similar à nova aposta da empresa de Tim Cook. Com uma diferença crucial: ele custa “só” U$ 500.

A Apple ainda é soberana quando o assunto é criar e vender uma tecnologia própria, é claro, e ninguém duvida da empresa na missão de inaugurar eras. Mas o anúncio do preço mais alto do que o esperado limitou a euforia dos investidores, que optaram por mais cautela. Nisso, as ações viraram para o vermelho e fecharam em queda de 0,76%.

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Mas, vale lembrar, essa novela da realidade virtual só acabou de começar, e só a primeira reação do mercado à novidade. No ano, as ações da Apple sobem 46%.

Nas bolsas

Para além do protagonismo da Apple, o dia foi sem muito gás nas bolsas mundiais. Em Nova York, elas voltaram a cair com medo do que o Fed fará na próxima reunião. Nem o Nasdaq, que tentou se segurar no território azul com a performance das techs, foi poupado, em partes graças à virada da Apple: -0,09%. O S&P 500 fechou em queda de 0,2%.

Investidores também acompanharam o preço do petróleo nesta segunda-feira; isso porque a Arábia Saudita fez um anúncio importante: vai cortar a produção da commodity em 1 milhão de barris por dia em julho, a fim de manter o preço do barril acima dos US$ 80. O país árabe é o segundo maior produtor do líquido viscoso e líder não-oficial da Opep+, cartel de vários importantes exportadores de petróleo.

O corte da Arábia Saudita, porém, é voluntário e unilateral, ou seja, não tem relação direta com as decisões da Opep+. O grupo se reuniu neste fim de semana para discutir um plano e finalmente chegaram ao acordo de estender os cortes de produção que já existem até 2024, mas não optaram por fechar mais ainda a torneira. 

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A Arábia Saudita é a maior defensora dos cortes para manter o preço da commodity alto, mas tem encontrado resistência entre o cartel, especialmente de países como Rússia e Emirados Árabes Unidos – tanto que optou por um corte voluntário.

Diante dessa novela, a cotação do petróleo chegou a saltar 5%, mas fecharam longe do pico: o Brent subiu só 0,76%, a 76,71.

E o Ibovespa? Numa segunda-feira pacata, passou o dia alternando entre leves ganhos e perdas, seguindo as flutuações americanas. Mas fechou na contramão dos gringos: leve alta de 0,12%. O índice, vale lembrar, vem de seis semanas seguidas de alta. 

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Maiores altas

CVC Brasil (CVCB3): 10,83%

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Yduqs (YDUQ3): 2,34%

Natura (NTCO3): 2,15%

São Martinho (SMTO3): 1,87%

Bradesco (BBDC4): 1,81%

Maiores baixas

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Eneva (ENEV3): -4,01%

Assaí (ASAI3): -2,96%

Pão de Açúcar (PCAR3): -2,06%

Locaweb (LWSA3): -2,04%

Vibra (VVBR3): -2,02%

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Ibovespa: 0,12%, aos 112.696 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,20%, aos 4.273 pontos 

Nasdaq: -0,09%, aos 13.229 pontos

Dow Jones: -0,59%, aos 33.562 pontos

Dólar: -0,45%, a R$ 4,9304

Petróleo

Brent: 0,76%, a US$ 76,71

WTI: 0,57%, a US$ 72,15

Minério de ferro: 2,15% a US$ 106,58 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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