O minério de ferro, que anda volátil, fechou em mais uma alta decidida nos mercados asiáticos: 1,81% para os contratos futuros na bolsa de Cingapura, e 2,9% para as negociações à vista na bolsa chinesa de Dalian. É a segunda alta seguida após meses de queda decidida com o frustrante crescimento da economia chinesa no pós-covid.
Contra esse problema, a solução são dados fortes, e dados fortes foram o que tivemos: o PMI chinês, índice de produção industrial, que finalmente subiu em maio: 50,9, versus 45,3 em abril. Vale lembrar que, neste dado, o 50 representa a barreira entre contração e crescimento. Quando o número vem acima desse patamar, significa que a produção aumentou. A Vale e seu séquito de mineradoras e siderúrgicas, que dependem do mercado chinês, agradecem. Os recibos de VALE3 na bolsa de Nova York estão em alta de 3,68% no pré-market.
Enquanto isso, tudo em paz no Congresso. Pelo menos no dos EUA (rs). Com o imbróglio da dívida pública encaminhado por lá – o Senado ainda precisa votar, mas lá a maioria é democrata –, os olhares dos investidores podem se voltar a outras questões. Por aqui, o cofre recheado encontrado pela PF põe Lira nas capas dos jornais. Mas o que o mercado queria da Câmara, ele já teve: o tão-aguardado fim da tramitação do novo arcabouço fiscal na Casa. É hora de falar de PIB.
Em Wall Street, sem novidades: o drama, como sempre, é a taxa básica de juros. O ciclo de aperto começado em 2022 parece estar próximo do fim. É quase certo que haverá mais uma ou duas altas até o final do ano. Mas a maioria (71,5%, para ser preciso) aposta que o banco central americano fará uma pausa na próxima reunião do comitê de política monetária, marcada para os dias 13 e 14 de junho.
A principal fonte de esperança foi uma fala de James Bullard, o presidente da sucursal do Fed em St. Louis – que tem fama de durão, mas admitiu que a Selic americana já está próxima de um patamar “suficientemente restritivo”.
Às 9h30 da manhã conheceremos os dados do Payroll, a mais importante pesquisa de emprego americana. Como de praxe, os investidores torcem por dados fracos, que mostrem a economia esfriando com o remédio amargo dos juros. A bola de cristal do mercado fala em 200 mil vagas abertas em maio, contra as 235 mil de abril. É uma desaceleração, mas ainda é muito para o Fed, que mira em 100 mil. E a taxa de desemprego deve permanecer em platônicos 3,5%.
Por aqui, é o PIBão que está em debate. Nossa economia cresceu 1,99% no primeiro trimestre com uma força do setor agropecuário, que subiu 21,6% no período de três meses. Na comparação anual, com o mesmo trimestre do ano passado, a alta no produto brasileiro foi de 4%. Esse aumento na oferta de produtos agrícolas é bom para frear a inflação, já que reduz os preços dos alimentos nas gôndolas. Notícia boa para o Banco Central e para a bolsa.
A indústria não contribuiu com o sucesso do PIB: encolheu 0,10% no trimestre, em um sinal claro de desaceleração da economia. Hoje, diga-se, conheceremos o dado específico de produção industrial, às 9 da manhã. Espera-se um recuo de 0,3% em abril, contrariando a alta de 1,1% que havia sido registrada em março.
Bons negócios!
Futuros S&P 500: 0,49%
Futuros Nasdaq: 0,41%
Futuros Dow: 0,53%
*às 8h08
Pé no freio
A Rede D’Or informou que vai adiar a inauguração de hospitais. Agora, caiu para sete o número de unidades previstas para serem lançadas até 2025 – no plano inicial, eram onze. O número de leitos total também caiu, de 2.092 para 1.303. No entanto, o plano geral de expansão, que prevê 49 novos hospitais até 2027, não sofreu grandes mudanças.
A companhia vem sendo fortemente impactada pela alta de juros. No primeiro tri, suas despesas registraram alta de 36,7% em um ano, para R$ 1 bilhão.Por isso, o pé no freio foi interpretado como uma boa tentativa de botar ordem na casa. As ações RDOR3 subiram 4,24% no pregão de ontem, a R$ 30,23.
Brasil, 5h: IPC de maio;
Brasil, 9h: produção industrial de abril do IBGE;
EUA, 9h30: Payroll de maio (relatório mensal de emprego).
Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,24%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,98%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,24%
Bolsa de Paris (CAC): 1,31%
*às 8h14
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): +1,44%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): +1,21%
Hong Kong (Hang Seng): +4,02%
Brent: +1,84% a US$ 75,65 o barril
*às 7h08
Minério de ferro: +2,90%, a US$ 105,60 a tonelada, na bolsa de Dalian
Poderosa chefona
A China desbancou o FMI do posto de credora do mundo. Ela empresta dinheiro a rodo, sobretudo a economias emergentes. Mas o país asiático faz o estilo agiota casca grossa. Em 12 países pobres – incluindo Paquistão, Quênia e Zâmbia – a dívida com a China tem dificultado a prestação de serviços públicos básicos, tipo fornecimento de escolas e sistema elétrico. É que o gigante asiático não é fã de perdoar dívidas. Entenda a história nesta reportagem da Associated Press, traduzida pelo Estadão.
A nova onda de imigração em massa
Os países ricos estão vivendo a maior onda de imigração da história. Espera-se que 1,4 milhões de estrangeiros se mudem para os EUA até o fim deste ano. Na Europa, a expectativa também é alta. O fenômeno já estava a todo vapor no ano passado: Reino Unido, Austrália, Espanha, Canadá e Alemanha registraram números recordes de taxa de emigração – medida pela quantidade de estrangeiros que chegaram ao país menos a número de nativos que saíram.
Ao contrário do que rolou em ondas de imigração anteriores, como em 2015, esses países não têm tratado a imigração como um problema a ser combatido. Pelo contrário: têm assinado acordos para receber estrangeiros, na expectativa de fortalecer seu mercado de trabalho escasso de mão de obra. Esta reportagem da Economist conta o que o fenômeno imigratório pode significar para os países ricos.