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Socorro ao Credit Suisse alivia as bolsas. Mas calma: 2008 tem um recado para você

Mercado se anima com a liberação de US$ 53 bilhões ao banco suíço. Por outro lado, a crise de 2008 também teve seus dias de alta festiva. Mais: BCE faz o primeiro anúncio de juros pós-crise bancária nesta manhã.

Por Alexandre Versignassi e Camila Barros
16 mar 2023, 08h42

O Credit Suisse anunciou na noite de ontem que vai exercer sua opção de levantar até US$ 53,7 bilhões junto ao Banco Central da Suíça, após ter obtido permissão dos reguladores suíços para fazê-lo. 

O gigante passa por uma crise sem precedentes. E o socorro trouxe alívio para as bolsas europeias, que operam em alta, e para seus próprios papéis – eles sobem mais de 20%, apagando as perdas da quarta. 

Reações de curto prazo do mercado, de qualquer forma, dizem pouco sobre a realidade. Em meio à crise de 2008, também marcada por quebradeiras bancárias, o S&P 500 viveu dias de alta de mais 10%. Elas vinham como rebote de tombos pesados. Mas, no cômputo geral do segundo semestre daquele ano, as empresas que compõem o índice mais importante do planeta perderiam 30% de seu valor de mercado – e as quedas seguiriam 2009 adentro, até os 50%.

Por essas, o mercado americano segue tenso, com o futuros de NY operando em baixa. 

Para esta manhã, a notícia que mais importa vem da reunião do BCE, que anuncia às 10h15 sua decisão sobre a taxa de juros da zona do euro. Foram cinco altas seguidas em ano, com a “Selic” deles saltando de 0,00% para 3%. 

As altas globais nos juros são um dos fatores que alimentam as crises bancárias, já que tornam o crédito mais difícil (a outra é a má gestão pura e simples). E a reunião de agora do BCE é a primeira no aftermath da crise atual, que soma a derrocada dos americanos SVB e Signature à crise do suíço Credit.

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Caso o BCE interrompa a série de altas por medo de ampliar o problema, isso pode influenciar o Fed a fazer o mesmo. E essa maré pode bater por aqui mais para a frente na forma de algum corte nos juros do BC. 

Quem viver verá. 

Bons negócios.

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

S&P 500: -0,17%

Nasdaq: -0,26%

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Dow Jones: 0,21%

*às 8h14

market facts

Efeito dominó

Larry Fink, o CEO da BlackRock, não descarta a possibilidade de um apocalipse bancário. Em sua carta anual aos investidores da BlackRock, ele disse que o SVB pode ter sido só “o primeiro dominó a cair”. O contexto disso a gente já sabe: juros americanos mais altos, que acabaram com a era de dinheiro fácil circulando no mercado. Para Fink, o ritmo de aperto monetário (o mais acelerado desde a década de 1980) expôs rachaduras no sistema financeiro dos EUA. Mas ele ressalta que não está profetizando nada: “é muito cedo para saber o quão generalizado é o dano”.

Agenda

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Europa, 10h15: BCE anuncia sua decisão sobre a taxa de juros da zona do euro.

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,79%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 1,09%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,69%

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Bolsa de Paris (CAC): 0,90%

*às 8h23

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,20%

Hong Kong (Hang Seng): -1,72%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,80%

Commodities

Brent: -0,52% a US$ 73,31 o barril

*às 8h26

Minério de ferro: -2,08%, a US$ 130,70 a tonelada, na bolsa de Dalian

*às 7h00

Vale a pena ler:

As órfãs do SVB 

O SVB dava crédito para quase metade das empresas americanas de tecnologia. Muitas delas, agora, estão órfãs de serviços bancários. Afinal, startups não são exatamente os clientes favoritos dos credores tradicionais, já que exigem boladas de dinheiro para botar o negócio em pé e, por vezes, retribuem com um comunicado de falência poucos anos depois. Mas não tem mais outra opção. Os grandes bancos (tipo Bank of America, Citigroup e JPMorgan Chase) devem ser os substitutos oficiais do SVB a partir de agora. Lá, as startups devem receber um tratamento menos especial – mas, em contrapartida, um serviço mais seguro. A The Economist explica o que a perda do SVB significa para o Vale do Silício.

Bancos: teoria vs. prática

Silicon Valley Bank, Washington Mutual, Lehman Brothers: por trás das maiores falências bancárias da história, tem sempre um misto de incompetência administrativa e cenário econômico desfavorável. Má sorte? Para Martin Wolf, comentarista-chefe de economia no Financial Times, trata-se de uma fatalidade. Ele argumenta que bancos foram projetados para quebrar. Nos dias de bonança tudo funciona lindamente: oferecem crédito a rodo, e empresas e famílias conseguem pagar sem muito sacrifício. Em tempos difíceis, quando a fonte de dinheiro seca, os devedores param de pagar – e os bancos não aguentam o tranco. E aí vem o governo salvar o dia. Para Wolf, este é um setor “privado, em teoria, mas na prática tutelado pelo Estado”. Leia a coluna, traduzida pela Folha, aqui

Temporada de balanços

Depois do fechamento de mercado: Cemig, CPFL, Cyrela, EcoRodovias, Energisa, EzTec e Fleury.

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