Rumo ao hexa: dólar dispara 2% e volta a R$ 5,37
Fed indica que vai diminuir a impressão de dinheiro. E a moeda americana retorna um patamar não visto desde o início de maio. Já o Ibovespa cedeu mais 1%, e voltou aos 116 mil pontos.
Rolou hoje a divulgação da ata do Fomc (o Copom dos EUA, que determina a política econômica de lá). E ficou claro que os dirigentes do banco central americano ainda estão divididos em relação ao início do “tapering”, e sobre como ele será feito. No economês, tapering nada mais é do que o processo de retirada dos estímulos à economia.
Um desses estímulos consiste em imprimir dinheiro e dar para os bancos em troca dos títulos públicos que eles têm em caixa (e de outros títulos também, como dívidas imobiliárias) – sempre a um preço amigão. Aí os bancos emprestam os dólares novos e a economia gira. O problema é que isso gera inflação – que já passou de 5% nos EUA nestes últimos 12 meses (muito para um país acostumado a 2%).
Parte dos dirigentes quer começar a redução do ritmo das compras mensais de títulos. No fim das contas, isso indica o seguinte: logo logo haverá menos dólares novos na praça. Com menos dólares por aí, os preços das ações tendem a cair. E o preço do dinheiro sobe. Ou seja: o dólar fica mais caro, e as bolsas caem,
O Fed não deu uma data para o início do tapering. Mas o mercado é filho de Mãe Dinah: vive de antecipar o futuro. E foi o que fizeram hoje. O Nasdaq caiu 0,89%, aos 14.525 pontos. Já o S&P 500 desvalorizou 1,07%, aos 4.400 pontos.
O Ibov acompanhou o movimento: queda de 1,07%, aos 116.642 pontos, com o ônus da parte do preço do dinheiro: o dólar subiu 1,99%. A moeda americana não ultrapassava os R$ 5,30 desde de maio. Se o fim das recompras do Fed vier forte, não será surpresa se a moeda americana chegar ao hexa, ou seja, aos R$ 6.
Ibovespa
Hoje a nossa bolsa nadou, nadou e morreu na praia. Depois de dois dias de quedas e chegar aos 117 mil pontos, o Ibovespa deu sinais de melhora e chegou até a ficar no positivo. Mas não. No fim, ela só fez cair mais um patamar, fechando em 116.642 pontos
A verdade é que todo mundo ainda está estressado com a reforma tributária. Ontem, a Câmara dos Deputados decidiu adiar (pela terceira vez) o projeto que modifica as regras de cobrança do Imposto de Renda. Agora, a votação está marcada para a semana que vem.
O que continua emperrando a reforma do IR é o impacto na arrecadação de Estados e municípios. A Abrasf (Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais) estima que o projeto atual vai causar um prejuízo de R$ 1,5 bilhão para as capitais e maiores cidades do país. Nos cálculos, as cidades passariam a receber R$ 800 milhões a menos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e R$ 700 milhões a menos no IR. Um pesadelo para as já combalidas contas públicas das cidades.
A própria equipe econômica já está com pé atrás sobre a reforma. Acontece que para apoiarem as mudanças, os Estados e municípios querem o repasse de mais R$ 18 bilhões. E, segundo o jornal Estadão, os integrantes do Ministério da Economia já se posicionaram afirmando que, desse jeito, o projeto já “não se paga”.
Ou seja, já não é bom nem mesmo para o governo. Com isso, é capaz de só vermos uma reforma tributária depois das eleições, que podem mudar completamente as regras do jogo. E agora o mercado está no escuro – o que atrai os preços das ações para baixo com a força gravitacional de um buraco negro.
Minério de ferro em baixa
Altas de 2%, 3% no preço do minério de ferro eram carne de vaca, arroz de festa. De uns tempos para cá o sinal se inverteu.
Só hoje, a commodity levou um tombo de 4,58%. Com isso, atingiu o valor de US$ 153,39 por tonelada (pelas cotações à vista, do porto de Qingdao, China) – é a menor cotação do produto desde 3 de fevereiro.
Vale lembrar que o minério de ferro chegou a atingir os níveis mais elevados da história no primeiro semestre. No dia 10 de maio, após uma alta de 8,6% em 24 horas, ele bateu em US$ 230,56 a tonelada. Ou seja: 33% de queda de lá para cá. Metade disso agora em agosto…
Culpa dos temores sobre novos cortes da produção de aço (que tem como matéria-prima o minério de ferro) lá na China, e do aumento dos estoques da commodity nos portos asiáticos.
Por essas, só hoje a Vale caiu 3,36%. Entre as siderúrgicas (que também ganham dinheiro com mineração), a maior desvalorização foi da Usiminas (-4,73%).
Braskem
Os papéis da petroquímica avançaram quase 5% após a empresa assinar uma nova parceria de distribuição, com a Nexeo Plastics.
O acordo envolve materiais para impressão 3D e fabricação de aditivos. E a expectativa é que isso aumente a distribuição internacional dos produtos da empresa brasileira para a América do Norte e Europa.
Além disso, o BTG Pactual elevou o preço-alvo para a Braskem de R$ 63 para R$ 71 e reiterou a recomendação de compra. Nada mau para a companhia que lidera as altas do Ibovespa neste ano, com 132%. Porque o mercado é assim mesmo: o mundo pode estar acabando, mas quem apostou nos papéis certos fica assistindo tudo de camarote, com bebida que pisca.
Maiores altas
Cogna: 5,16%
Braskem: 4,91%
Embraer: 4,19%
CVC: 3,32%
PetroRio: 2,81%
Maiores baixas
Usiminas: -4,73%
Ultrapar: -4,41%
Klabin: -4,01%
Bradespar: -3,85%
Weg: -3,20%
Ibovespa: queda de 1,07%, aos 116.642 pontos
Em NY:
S&P 500: queda de 1,07%, aos 4.400 pontos
Nasdaq: queda de 0,89%, aos 14.525 pontos
Dow Jones: queda de 1,08%, aos 34.961 pontos
Dólar: alta de 1,99%, a R$ 5,3749
Petróleo
Brent: queda de 1,16%, a US$ 68,23
WTI: queda de 1,70%, a US$ 65,21
Minério de ferro: queda de 4,58%, US$ 153,39 no porto de Qingdao (China)