Risco de recessão por todos os lados
China coloca em números estrago econômico do lockdown. Bitcoin cai mais. E o fundo do poço das bolsas parece distante.
É risco de recessão por onde quer que se olhe. Na noite de domingo a China divulgou uma queda de 11% nas vendas do varejo durante o mês de abril, o período mais duro de lockdowns do país desde a primeira onda de Covid.
Foi muito pior que o esperado por analistas ouvidos pela Bloomberg, que falavam em tombo de 6,6%. Economistas esperavam que a produção industrial tivesse subido no mês passado, mas houve uma queda de 2,9%.
Esses dados não afetam apenas a China, claro. Se a segunda maior economia do mundo consome menos, países que vendem para lá (virtualmente todos) tendem a exportar menos. A desaceleração econômica vai virando uma bola de neve.
Isso sem falar na inflação. Se a China produz menos – ou simplesmente paralisa seus portos por causa da Covid – o mundo fica desabastecido de suprimentos, turbinando a alta de preços. O símbolo mais recente da escassez de suprimentos é a falta de fórmula infantil nos supermercados americanos.
Isso enquanto os EUA lidam com a maior inflação em quarenta anos, e os efeitos que a alta de juros terá sobre a atividade econômica. As previsões são cada vez mais pessimistas. Na noite de domingo, Lloyd Blankfein, ex-presidente do Goldman Sachs, alertou para um risco muito muito alto de recessão por lá. Para ele, existe um caminho muito estreito para o Fed baixar a inflação sem derrubar a economia.
Na União Europeia, a previsão de crescimento neste ano foi cortada de 4% para 2,7%. O PIB de 2023 deve subir 2,3%, ante 2,8%. O bloco também alerta para o risco de recessão caso a Rússia decida cortar o fornecimento de gás, como retaliação ao desenrolar da guerra.
Resultado: a semana começa com viés de queda. Os futuros americanos recuam, mesmo sinal de petróleo, e ainda de parte das bolsas europeias – tudo indica que o alívio da sexta foi exceção, não regra.
E o fundo do poço parece estar longe do fim. Também de acordo com a Bloomberg, o S&P 500 ainda é negociado a 17 vezes o lucro futuro. Na crise de 2008, a queda das bolsas só parou quando o S&P 500 bateu um P/L de 13. Na bolha da internet, o tombo foi interrompido em 11.
E os estragos estão disseminados pelo mercado. Bitcoin começa a semana caindo na casa dos 6%, numa extensão da crise causada pelo combo de alta de juros nos EUA com a falência do modelo de stablecoin proposto pela Terra. O jeito é apertar os cintos.
Futuros S&P 500: -0,33%
Futuros Nasdaq: -0,57%
Futuros Dow: -0,12%
*7h37
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,56%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,12%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,61%
Bolsa de Paris (CAC): -0,33%
*às 7h36
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,80%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,45%
Hong Kong (Hang Seng): 0,26%
Brent*: -0,72%, a US$ 110,75
Minério de ferro: 2,19%, a US$ 129,75 por tonelada em Singapura
*às 7h28
9h Roberto Campos Neto participa de encontro promovido pelo BIS por videoconferência
Protecionismo
A Índia decidiu barrar as exportações de trigo, em um esforço para proteger seu mercado interno da alta de preços. O país é o segundo maior produtor do cereal, mas teve a produção atingida por uma onda de calor. A cotação do trigo negociado na bolsa de Chicago salta mais de 5% nesta segunda, dada a perspectiva de ainda mais escassez mundo afora.
Oportunidade e roubadas
Brasileiros têm mais dinheiro em fundos do que na poupança, no Tesouro Direto e em ações somados. Investir com o gestor certo pode multiplicar o dinheiro – o problema é que boa parte deles tem performances decepcionantes. Entenda aqui na reportagem de capa da Você S/A de maio.
As seguintes companhias divulgam resultados do primeiro trimestre após o fechamento do mercado: Agrogalaxy, Banco Inter, Boa Safra Sementes, Eletrobras, Gafisa, Hapvida, IRB, Itaúsa, Magazine Luiza, Nubank e Vibra Energia.