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PT e Câmara fecham PEC com só um ano de waiver – e o Ibovespa sobe 2,03%

Com juros futuros em queda e Bolsa Família fora do teto, a exaltação dos varejistas humilhados continua pelo segundo pregão seguido: VIIA3, AMER3 e MGLU3 emendam altas generosas. 

Por Bruno Vaiano
20 dez 2022, 18h44

As varejistas estão em clima de Júlio Verne desde meados do ano passado: viajando ao centro da Terra. Vide o caso da Magalu. Seus papéis caíram 90% entre julho de 2021 (quando ocorreu o último pico relevante no gráfico antes do desabamento) e o pregão da sexta passada. Por sua vez, as ações das Americanas – que em agosto de 2020 atingiram a alta histórica de R$ 121,00 –, perderam 92,7% de lá para cá. 

Após tamanha liquidação, essa papelada está saindo a preço de banana, e se tornou alvo de investidores que foram às compras de Natal, de olho nas boas vibrações que chegam de Brasília. Hoje, MGLU3 subiu 8,05%, e AMER3, 5,79%. A Via (VIIA3) ganhou 10,81%, ainda surfando na notícia de que o neto de Samuel Klein não vai mais presidir seu conselho, o que afasta o drama familiar da administração da empresa. Contabilizando ontem e hoje, as ações dessas três subiram, respectivamente, 19%, 19,18% e 28,8%. 

É que o varejo não tem o que reclamar do noticiário recente. Por um lado, R$ 600 mensais no bolso das famílias de baixa renda podem dar um gás bem-vindo ao consumo – e o ministro Gilmar Mendes garantiu isso ontem, pouco antes de se retirar para o recesso natalino do Judiciário, quando autorizou o benefício a ficar fora do teto quer o Congresso queira, quer não. 

Com o começo de 2023 desenhado, os juros futuros desceram da estratosfera e encolheram mais de 0,40 ponto percentual de ontem para hoje. Diga-se de passagem, isso também é bom para as gigantes do e-commerce: a acomodação do mercado de juros estabiliza o crédito, aquilo que o cidadão médio precisa para financiar mais geladeiras, carros, casas… Muitas ações que se dão bem quando cresce a capacidade de consumo, como NTCO3 (8,59%) e GOLL4 (11,18%), também subiram.

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A explicação para essa queda nos juros futuros é que o saldo final do jogo político em Brasília foi positivo para quem teme que Lula pire na batatinha fiscal. O centrão e a equipe do governo eleito finalmente chegaram a um acordo sobre a PEC da Transição. Na Câmara, ficou combinado que o PT só terá um ano de waiver para furar o teto de gastos, contra os dois autorizados originalmente pela versão do texto que passou pelo Senado. 

No mínimo 308 deputados precisam votar a favor de uma alteração na Constituição para aprová-la; consta que algo entre 320 e 330 já prometeram assinar embaixo da medida. A votação deve acontecer em algum momento entre hoje e amanhã (21). A Faria Lima adorou o trato: quanto menos durarem os gastos além-teto, mais o mercado aplaude. 

Um outro drama relacionado – o do orçamento secreto – não chegou ao fim, mas está quase lá. Com o fim da prática, declarada inconstitucional pelo STF, os R$ 19,4 bilhões em emendas do relator provavelmente serão divididos ao meio. Uma parte ficará com o Executivo, para integrar os orçamentos dos Ministérios, e a outra parte será distribuída entre os congressistas na forma das chamadas “emendas individuais”, que não beneficiam alguns parlamentares em detrimento de outros (o que não permite, em princípio, usá-las para compra de votos).

Espera-se que a redistribuição dos recursos renda R$ 16,3 milhões em emendas individuais para cada parlamentar, de modo que o montante total por cabeça alcançará um recorde histórico de R$ 36 milhões. Esse bem-bolado com a grana que iria originalmente para emendas do relator se tornou parte da barganha para conseguir a aprovação da PEC, claro. Na correria das negociações com Lira, Haddad acabou nem anunciando nomes novos para sua pasta. 

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Em longo prazo, claro, a estabilidade fiscal do país depende do teto flexibilizado que a equipe econômica liderada pelo futuro ministro vai criar e aprovar ao longo do ano que vem. Afinal, gasto público é gasto público – venha ele na forma de uma PEC ou na forma de uma alteração permanente na regra, o governo sempre fará dívida se gastar mais do que arrecada. 

Por ora, euforia e Papai Noel na B3. Até amanhã! 

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Maiores altas

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Gol (GOLL4): 11,18%
Via (VIIA3): 10,81%
Natura (NTCO3): 8,59%
Magazine Luiza (MGLU3): 8,05%
Azul (AZUL4): 7,58%

Maiores baixas

Fleury (FLRY3): -3,34%
Qualicorp (QUAL3): -3,07%
Marfrig (MRFG3): -1,59%
Suzano (SUZB3): -0,59%
Ambev (ABEV3): -0,43%

Ibovespa: 2,03%, aos 106.864 pontos

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Em NY:

S&P 500: 0,11%, a 3.821 pontos

Nasdaq: 0,01%, a 10.547 pontos

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Dow Jones: 0,28%, a 32.850 pontos

Dólar: -1,93%, a R$ 5,20


Petróleo

Brent: 0,24%, a US$ 79,99

WTI: 1,13%, a US$ 76,23


Minério de ferro:
0,19%, a US$ 115,60 a tonelada na bolsa de Dalian.

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