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PIB razoável e promessa de vacinação acelerada impulsionam a bolsa

IBC-Br avança 15,92% no ano e população “sub 50” de SP prepara o braço para a agulhada. Resultado: Ibovespa retoma os 130k.

Por Bruno Carbinatto
14 jun 2021, 18h46

Segundou? O Ibovespa parece ter aproveitado o fim de semana para descansar: após uma pausa na sexta passada, o índice retomou sua trajetória recente de otimismo e voltou a subir hoje, ainda que em um ritmo menos frenético: +0,59%. Foi o suficiente para retomar o patamar dos 130 mil pontos no final do dia.

Por aqui, os investidores se ancoraram em um número divulgado pela manhã para começar o dia sorrindo: o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), do Banco Central. O dado mede a evolução da atividade econômica do país e é considerado uma “prévia do PIB”. O BC revelou hoje que, em abril, o número subiu 0,44% em relação a março, quando houve queda.

Em relação a abril do ano passado, primeiro mês 100% afetado pela pandemia, a alta foi de 15,92%. 

As previsões já falavam em uma subida entre esses dois meses – os analistas que a Bloonberg consultou esperavam uma bem maior até, de 1,35%, e de 18,2% na comparação anual. Mas o número abaixo do esperado não foi lido exatamente como uma decepção pelos investidores, pelo contrário. 

O aumento entrou como mais um capítulo da novela de otimismo que começou com a divulgação de um crescimento do PIB no primeiro trimestre maior do que o esperado. Desde então, os cálculos vêm sendo puxados para cima – há quem diga que o Brasil pode crescer mais de 5% em 2021, o que marcaria a maior alta desde os 7,5% de 2010 (que também vieram após uma recessão).

Vacinas  

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A esperança de que a vacinação acelere nos próximos meses, e permita uma abertura maior da economia, também deu sua contribuição para a alta de hoje. Neste domingo, o governador João Doria adiantou o calendário de imunização de São Paulo em 15 dias, prometendo vacinar todos os adultos até 15 de setembro. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, também antecipou o calendário da cidade para setembro – e, no Twitter, “desafiou” Doria em uma espécie de corrida da vacinação. Outros governadores e prefeitos também estão embarcando nessa disputa.

Nessa “briga”, quem sai ganhando é o mercado, claro, especialmente os setores que mais têm a se beneficiar com pessoas podendo circular livremente depois de tanto tempo de distanciamento social. 

É o caso do varejo e dos shoppings: entre as maiores altas do dia, figuraram as ações de Lojas Renner (+3,21%), BR Malls (+4,26%), Hering (+2,75%), Multiplan (+3,42%) e B2W (+5,10%) – esta última está em processo de fusão com as Lojas Americanas, que, forte no varejo físico, tem a ganhar diretamente com um eventual fim das medidas de isolamento. 

Outro setor beneficiado é o da educação, que já começou a ensaiar uma recuperação há algum tempo apostando na vacinação para a retomada das aulas presenciais no segundo semestre. A maior alta do dia, diga-se, foi da Cogna, controladora da Anhanguera Educacional: +9,45%. YDUQS, detentora da Estácio, também subiu: +4,07%.

Na máxima do dia, o índice chegou a bater os 131 mil pontos. Depois do almoço, os ânimos se acalmaram e o crescimento diminuiu –  os investidores lembraram que nem tudo são flores, como veremos agora.

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Super Quarta vem aí

Na metade norte do planeta, o dia foi misto. Os investidores americanos começaram a semana com bastante cautela. Após passar o dia no vermelho, o Índice S&P 500 fechou com uma leve alta: +0,18% a 4.255 pontos, renovando assim sua máxima histórica. Já o Dow Jones caiu 0,25%, aos 34.394 pontos.

A andada de lado tem motivo: nesta semana, acontece o que nós brasileiros chamamos de “Super Quarta” – um dia em que os bancos centrais do Brasil e dos EUA se reúnem para decidir suas respectivas políticas monetárias. 

Os americanos parecem mais preocupados que os brasileiros, porém. É que, por lá, a novela da inflação domina o debate há bastante tempo: de um lado, o Fed jurando de pé junto que o problema é temporário e que não precisará aumentar juros tão cedo; do outro, investidores e analistas desconfiados. 

Nesta quarta, a decisão do BC americano pode indicar quem está certo – até lá, ninguém está muito disposto a fazer grandes movimentações. Nessa história, o dólar acabou caindo frente a maioria das moedas, incluindo o real – fechou a R$ 5,07, uma baixa de 1,02%;

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Por aqui, as previsões falam em um aumento da Selic em 0,75 pontos, para 4,25% ao ano. Afinal, a inflação também dá sinais preocupantes – o Boletim Focus mostrou hoje que o mercado elevou novamente a previsão do IPCA de 2021: de 5,44% para 5,82%, bem acima do teto da meta (5,25%).

Outro fator que baixou a onda de otimismo ao longo da tarde foi a notícia de que as 3 milhões de doses da vacina da Janssen, previstas para chegar ao Brasil nesta terça-feira, irão atrasar. O Ministério da Saúde afirma que os imunizantes – o único com regime de aplicação de dose única aprovado no Brasil – deverá chegar na quarta. Mesmo assim, qualquer atraso nas entregas pode afetar o calendário de vacinação dos estados e municípios – e jogar baldes de água fria nas expectativas de reabertura generalizada.

Quem também começou o dia com alta considerável foi o petróleo – o tipo Brent chegou a atingir o maior patamar em dois anos nesta manhã. No fim do dia, o preço da commodity desacelerou e fechou em alta moderada: +0,23%. Seguiu esse movimento também a Petrobras, que chegou a subir mais de 2% pela manhã e fechou em 0,63%).

De qualquer forma, mesmo que muitos tenham diminuído sua animação ao longo do dia, os investidores brasileiros escolheram abrir a semana no otimismo e colocar o Ibovespa de volta no seu caminho de alta. A ver se essa trajetória segue firme ao longo da semana.

Maiores altas

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Cogna: +9,45%

Locaweb: +6,24%

B2W: +5,10%

BR Malls: +4,26%

YDUQS: +4,07%

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Maiores baixas

Gerdau: -2,73%

Gerdau Metalúrgica: -2,30%

Braskem: -1,66%

Petrorio: -1,57%

Fleury: -1,25%

Ibovespa: +0,59%, aos 130.207 pontos

Em NY:

S&P 500: +0,18%, aos 4.255 pontos

Nasdaq: +0,74%, aos 14.174 pontos

Dow Jones: -0,25%, aos 34.394 pontos

Dólar: -1,02%, a R$ 5,0707

Petróleo

Brent: +0,23%, a US$ 72,86

WTI: -0,04%, a US$ 70,88

Minério de ferro: +0,69%, a US$ 220,77 a tonelada no porto de Qingdao (China).

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