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Petróleo sobe com ataques no Mar Vermelho e iça Ibovespa para recorde: 131k

Índice subiu 0,68%, puxado por PETR4 (+1,24%). Em Wall Street, S&P 500 e Nasdaq fecham em alta apesar do esforço de dirigentes do Fed para diminuir a euforia.

Por Sofia Kercher e Tássia Kastner
Atualizado em 18 dez 2023, 19h06 - Publicado em 18 dez 2023, 18h50

Dia bom no commodistão. A subida do petróleo patrocinou a renovação do recorde do Ibovespa e ainda o primeiro fechamento do índice acima dos 131 mil pontos: o Ibov avançou 0,68% e terminou o dia aos 131.083 pontos. O dólar, por sua vez, recuou 0,66%, a R$ 4,90.

Foram sete semanas seguidas de barril no negativo. Aí, nesta segunda, o Brent subiu 1,83%, a US$ 77,95. O impulso veio de uma nova rodada na crise bélica lá dos lados do Oriente Médio. Para entender o que está rolando – para além de Israel e Palestina –, vamos primeiro a uma aula pocket de história.

Os Houthis são um grupo radical do Iêmen. Eles pertencem a uma fatia da linha mais conservadora do Islamismo, a minoria chamada xiita, que corresponde a 10% da população muçulmana no mundo. Os xiitas se opõem aos sunitas — os outros 90%. 

Só que os Houthis têm ligações com os grupos terroristas Hezbollah, do Irã, e com o Hamas, da Palestina. E, desde a guerra civil de 2014, o grupo controla grande parte do norte do Iêmen e sua capital, Sanaa.

Contexto dado, podemos falar do noticiário. A guerra entre Israel e Palestina começou no dia 7 de outubro. No dia 31 daquele mês, um comunicado televisionado por um porta-voz dos Houthis afirmou que o grupo havia lançado um grande número de mísseis balísticos e drones contra Israel, e que mais ataques desse tipo viriam para “ajudar os palestinos à vitória”.

Dito e feito. No começo de dezembro, os Houthis reforçaram seus ataques e acertaram dois navios de carga no Mar Vermelho. Os ataques continuam – mas têm sido barrados pelos Estados Unidos.

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O ataque bagunçou o comércio marítimo mundial, já que grandes empresas marítimas estão com medo de manter as rotas e perder cargas no meio de um bombardeio.Gigantes do petróleo como BP, Frontline e Equinor anunciaram a suspensão de todo transporte pelo Mar Vermelho. E eles estão “atrasados”: no fim de semana, as líderes no mercado de navegação MSC e Maersk já tinham tomado a decisão de pausar o transporte de mercadorias na região.

Só tem um probleminha. Sem passar pelo Mar Vermelho não dá para cruzar o  Canal de Suez, o “atalho” mais importante do comércio internacional, que recebe 15% do tráfego marítimo. 

Desviar do Mar Vermelho não é empreitada barata (é preciso desviar por baixo do continente africano, via Cabo da Boa Esperança). O maior tempo de viagem eleva o gasto com tripulação e combustível, além de aumentar o risco de deterioração dos produtos. O caso do navio encalhado lá no canal, em 2021, é uma palinha do tamanho do problema. O frete sobe e tudo fica mais caro, inclusive o próprio combustível. Aqui entra o petróleo.

A valorização no preço do barril fez com que as petrolíferas da B3 fechassem o dia em forte alta. Petrobras (PETR4) subiu 1,24%; Petrorecôncavo (RECV3), 3,75%; e 3R Petroleum (RRRP3), 1,25%.

Desde agosto, os preços da commodity vem em derrocada firme, devido à desaceleração da economia chinesa e os juros em alta histórica mundo afora. Nem as tentativas da Opep+ de controle da oferta ajudaram (que explicamos melhor aqui). No oitavo mês do ano, o Brent fechou negociado a US$ 95,11 o barril. Em novembro, 3 meses depois, fechou em US$ 76,71 — uma queda de quase 20%. 

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E aí vale a perspectiva: a subida de hoje nem de perto suaviza o tamanho do tombo no ano. Mas, sabe como é, o mercado financeiro curte viver um dia de cada vez.

Estados Unidos

Lá fora, as petroleiras também avançaram. Os ganhos foram distribuídos entre gigantes, como ExxonMobil (0,74%) e Chevron (+0,21%), e também com outras operadoras do mercado, caso de  Valero Energy (2,60%), Marathon Petroleum (2,30%), e Phillips 66 (1,11%). 

E, de forma geral, foi um dia positivo para os índices. O S&P 500 fechou em alta de 0,45%; o Nasdaq avançou 0,61%.

Ao que tudo indica, o frenesi após o Fed sinalizar um corte nos juros mais cedo do que o previsto ainda não passou entre os investidores gringos. E olha que os dirigentes do BC dos EUA entraram em uma cruzada para acalmar os ânimos.

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Durante todo o dia de hoje, várias autoridades discursaram. E tentaram alertar que talvez seja cedo para cantar vitória contra a inflação. Ao que parece, por ora, o barulho da festa é tudo o que os acionistas conseguem ouvir.

E isso vai até sexta-feira, quando os EUA publicam o PCE, o indicador de inflação usado como baliza pelo Fed. Por aqui, amanhã teremos em mãos a ata do Copom, que trará mais detalhes sobre a decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic. Até amanhã 🙂

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MAIORES ALTAS 

Alpargatas (ALPA4): 6,36%

Braskem (BRKM5): 4,37%

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Petrorecôncavo (RECV3):

Raízen (RAIZ4): 3,49%

Cyrela (CYRE3): 3,31%

MAIORES BAIXAS

Casas Bahia (BHIA3):-8,33%

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Rumo (RAIL3): -2,67%

Embraer (EMBR3): -2,05%

Engie (EGIE3):-1,78%

Petz (PETZ3):-1,78%

Ibovespa: 0,68%, aos 131.083 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,45%, a 4.740 pontos

Nasdaq: 0,61%, a 14.904 pontos

Dow Jones: estável, a 37.305 pontos

Dólar: -0,66%, a R$ 4,9048.

Petróleo

Brent: 1,83%, a US$ 77,95 por barril. 

WTI: 1,44%, a US$ 72,82 por barril. 

Minério de ferro: -1,59, cotado a US$ 130,37 por tonelada na bolsa de Dalian.

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