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Petróleo sobe 5,69% enquanto Israel prepara invasão por terra

Governo israelense ordena que 1,1 milhão deixem o norte da Faixa de Gaza. Temor de que a guerra escale para um conflito com o Irã leva o barril a US$ 90,89.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 13 out 2023, 18h33 - Publicado em 13 out 2023, 17h55

Putin invadiu a Ucrânia, cuja área é maior que a da França, com um contingente inicial de 200 mil soldados. Israel está prestes a entrar com 300 mil na Faixa de Gaza –  um território menor que a Zona Leste de São Paulo, com meros 41 km de extensão por 12 km de largura. 

O governo israelense ordenou ontem que os 1,1 milhão de moradores da metade norte abandonem suas casas em 24 horas rumo à parte sul, que abriga outros 1,4 milhões de palestinos. Ou seja: a invasão por terra é iminente. 

A ONU pediu que Israel voltasse atrás, alertando que o êxodo (e o ataque) trarão “consequências humanitárias devastadoras”.

Outra consequência possível é que o conflito escale para uma guerra contra o Irã, financiador do Hamas e do Hezbollah (o grupo terrorista anti-Israel sediado no Líbano). Isso bateu de jeito no preço do petróleo. O Brent subiu 5,69%, a US$ 90,89

Um confronto com o Irã certamente causaria o fechamento do Estreito de Ormuz, passagem marítima de meros 39 quilômetros controlada por eles. É por lá que flui quase todo o petróleo exportado por Arábia Saudita, Kwait, Emirados Árabes, Iraque e, claro, Irã. Isso responde por um terço do fluxo global.

Ou seja: há uma chance real de que o petróleo rareie no mercado, e que o barril não rume apenas para os US$ 100. Mas para os US$ 200.

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Improvável, mas não impossível. Em 2008, o barril chegou a US$ 146. Isso dá US$ 208 em dinheiro hoje.   

O que nos traz de volta da Faixa de Gaza para a Faria Lima. As maiores altas nesta sexta foram, naturalmente, das petroleiras, com 3,30% para Petrobras, 5,04% para Prio e 3,19% para 3R Petroleum.

O fato é que, desde o início do conflito, que permeou os cinco pregões da semana, elas sobem com força, na esteira da alta de 7,46% acumulada no Brent: 

PETR4: 8%

PRIO3: 12%

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RECV3: 13%

RRRP3: 14%

A alta é maior nas petroleiras menores por um motivo básico. O negócio delas é vender óleo cru, a preço de mercado. Subiu o barril, subiu o faturamento. A Petrobras também faz isso, claro. Mas também produz combustíveis com seu óleo. Numa realidade em que o barril salte 30%, 50%, o governo não permitirá um reajuste equivalente nos preços do diesel e da gasolina – ao menos não numa tacada só. 

Além disso, a Petrobras importa cerca de 20% do combustível que distribui, para manter o país abastecido. Num cenário de alta vertiginosa do barril, ela terá de vender gasolina e diesel bem abaixo dos preços internacionais, abraçando esse prejuízo. 

Ibovespa: -1,11%

A alta da Petrobras não bastou para deixar o Ibovespa no azul. O dia para o grosso dos papéis foi no clima de “aversão ao risco” (com o mercado gosta de chamar). Das 86 ações que compõem o índice, 76 fecharam no vermelho. Tombo de 1,11%, a 115.754 pontos nesta sexta. Isso reduziu a alta na semana para 1,39%.  

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Nossa bolsa acompanhou NY: queda de 0,50% no S&P 500 e de 1,23% na Nasdaq. Os bons balanços de Wells Fargo e JP Morgan e uma queda nos juros dos Treasuries (de 4,70% para 4,62% no de 10 anos) trouxeram um certo alívio. Mas, pois é, não foi o bastante.

O ponto é que a incerteza geopolítica impede qualquer alívio de fato para o mercado. Não faltam cenários catastróficos. A Bloomberg avalia que, no pior deles, com Israel e Irã em guerra, o petróleo vai a US$ 150 e o PIB global perde US$ 1 trilhão (cerca de 1%). 

A precisão dos cálculos, de qualquer forma, esconde um problema: as consequências do que está para acontecer nas próximas horas são absolutamente imprevisíveis – e envolvem um país, Israel, que tem 90 ogivas nucleares para usar como último recurso. 

Até segunda. 

 

MAIORES ALTAS

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Prio (PRIO3): 5,04%

Suzano (SUZB3): 3,37%

Petrobras PN (PETR4): 3,30%

3R Petroleum (RRRP3): 3,19%

Petrobras ON (PETR3): 3,15%

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MAIORES BAIXAS

Casas Bahia (BHIA3): -8,20%

Grupo Soma (SOMA3): -7,26%

Natura (NTCO3): -7,01%

Rede D’Or (RDOR3): 5,96%

Hypera (HYPE3): -2,93%

 

Ibovespa: -1,11%, a 115.754 pontos. Na semana, 1,39%.

 

Em Nova York

S&P 500: -0,50%, a 4.327 pontos

Nasdaq: -1,23%, a 13.407 pontos

Dow Jones: 0,12%, a 33.670 pontos

 

Dólar: 0,77%, a R$ 5,08

 

Petróleo 

Brent: 5,69%, a US$ 90,89. Na semana, 7,46%WTI: 5,77%, a US$ 87,69. Na semana, 5,92%

 

Minério de ferro: 1,45%, a US$ 115,25 por tonelada na bolsa de Dalian, China

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