Continua após publicidade

Alta na inflação americana é má notícia para o Ibovespa

Ontem, CPI veio a 0,4% em setembro, levemente acima das expectativas – e derrubou bolsas em NY. Na China, dados de exportação vêm melhores que o esperado.

Por Camila Barros e Sofia Kercher
13 out 2023, 08h34

Bom dia!

Enquanto os brasileiros compartilhavam suas fotos de infância no Instagram, Wall Street reagia com desgosto ao último dado de inflação nos EUA. Divulgado ontem, o Consumer Price Index (CPI) registrou aceleração de 0,4% em setembro – o que mantém o saldo de 12 meses em 3,7%, mesmo nível de agosto. O consenso do mercado era de 0,3% no mês e 3,6% em um ano. 

Já o núcleo do CPI, que exclui preços de alimento e energia – considerados mais voláteis – ficou em linha com as expectativas: 0,3% em setembro e 4,1% em 12 meses. Ainda longe da meta do Fed, de 2%. 

O resultado geral levemente acima do esperado reforçou a ideia de que os juros devem permanecer altos no país por mais algum tempo. Visão reforçada por Susan Collins, do Fed de Boston, em pronunciamento: “A divulgação do CPI de hoje é um lembrete de que a restauração da estabilidade de preços levará tempo”.

Por outro lado, a dirigente seguiu o tom dovish de parte do colegiado e disse que a alta recente dos Treasuries pode reduzir a necessidade de mais apertos monetários, e que os juros já podem estar em seu pico.

A visão do mercado, segundo dados do CME, segue na mesma linha. 90,3% dos agentes financeiros apostam que a taxa de juros permanecerá em 5,50% na próxima reunião, que rola em 1° de novembro. Para dezembro, 69,2% esperam a manutenção. 

Continua após a publicidade

Ainda assim, ontem, reinou a visão de que os juros possam levar tempo demais para sair desse pico. Foi aquele combo: bolsas em queda, títulos públicos e dólar em alta. O S&P 500 e o Nasdaq fecharam ambos a -0,6%. O EWZ, ETF da bolsa brasileira em NY, derrapou 2,05%. Os ADRs de gigantes da bolsa brasileira também caíram: Vale, – 2,06%; Bradesco, -2,40%; Itaú, -1,72%. 

Hoje, o dia amanhece seguindo o tom pessimista. Os futuros de NY caem (veja abaixo), e o EWZ segue em -0,30% no pré-mercado. 

Na China

Divulgados pelo governo chinês nesta madrugada, dados comerciais não tão ruins quanto o esperado podem ser o contrapeso otimista para o Ibovespa neste pregão. 

Por lá, as exportações caíram 6,2% em 12 meses até setembro – contra expectativa de -7,6%, segundo dados coletados pela Reuters. Trata-se de uma redução do ritmo de desaceleração: em agosto, a queda havia sido de 7,3%. 

Continua após a publicidade

Para as importações, a mesma coisa: queda de 6,2% em setembro contra 7,3% em agosto. O saldo foi de superávit comercial de US$ 77,71 bilhões – as expectativas eram de US$ 71,8 bilhões. 

Balanços dos bancões 

O desempenho do mercado lá fora também vai depender da reação às cifras divulgadas pelas maiores instituições financeiras dos EUA: hoje começa a bateria de balanços do setor para o terceiro trimestre. 

Agora há pouco, o JP Morgan divulgou lucro líquido de US$ 13,2 bilhões e ganhos de US$ 4,33 por ação, melhor do que as expectativas de US$ 3,36. Ainda assim, no pré-mercado, as ações da instituição caem. 

A BlackRock registrou lucro de US$ 1,64 bilhão e ganhos de US$ 10,91 por ação – contra expectativa de US$ 8,55. A receita ficou aquém do esperado, a US$ 4,52 bilhões (projeções eram de US$ 4,61 bi). No pré-mercado, as ações sobem 0,8%.  

Continua após a publicidade

O Wells Fargo salta quase 2%, depois de divulgar lucro de US$ 5,8 bilhões. 

A próxima bateria de resultados de bancões vem na terça que vem, quando Bank of America e  Goldman Sachs divulgam resultados. Na quarta, é vez do Morgan Stanley. Por aqui, a temporada de balanços começa só lá na frente, em 24 de outubro.

Bons negócios!

Compartilhe essa matéria via:

Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros do S&P 500: -0,09%

Continua após a publicidade

Futuros do Nasdaq: -0,34%

Futuros do Dow Jones: +0,06%

*às 8h25

market facts

Nova proposta da Americanas

Continua após a publicidade

Em recuperação judicial desde janeiro deste ano, a Americanas divulgou uma nova proposta aos credores nesta semana. 

Na proposta antiga, o trio de acionistas referência — Carlos Sicupira, Jorge Lemann e Marcel Telles — injetariam R$ 12 bilhões na empresa. Desse valor, apenas R$ 8 bi entrariam diretamente no caixa da empresa, já que R$ 2 bilhões já tinham sido investidos pelo trio e outros R$ 2 bi só seriam feitos futuramente, em caso de necessidade.

Entre outras novidades, na nova proposta, o trio se compromete a colocar mais grana direto na empresa no curto prazo. Em troca, haverá uma conversão maior das dívidas em ações da Americanas. 

Na prática, os R$ 4 bilhões serão injetados diretamente na companhia, totalizando os R$ 12 bi (vale dizer que a empresa já acessou e usou R$ 1,5 bilhão desse valor). Em troca desse reforço, os credores converteriam R$ 12 bilhões de dívida em ações das Americanas. Para quitar o restante de suas dívidas, a ideia é uma nova emissão de papéis, no valor de R$ 1,87 bilhão.

O novo acordo é um grande passo para o desfecho dessa novela de negociações com os bancos. O que, claro, não passou despercebido pelos investidores: AMER3 fechou em alta de 6,25%, a R$ 0,85.

Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    10h, EUA: pronunciamento de Patrick Harker, do Fed da Filadélfia

    15h, EUA: divulgação de relatório de sentimento do consumidor em outubro

    Europa
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
        • Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,83%
        • Londres (FTSE 100): -0,40%
        • Frankfurt (Dax): -0,79%
        • Paris (CAC): -0,84%

        *às 8h21

        Fechamento na Ásia
        (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
        • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,05%
        • Hong Kong (Hang Seng): -2,33%
        • Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,55%
        Commodities
        (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
                  • Brent: 3,62%, a US$ 89,11
                  • Minério de ferro: 1,45%, a US$ 115,25 por tonelada na bolsa de Dalian, China

                  *às 8h23

                  Vale a pena ler:

                  Efeitos da guerra em uma economia global fragilizada

                  Em seu último relatório de perspectivas econômicas, o FMI reiterou que a economia global está passando por uma delicada recuperação. A autoridade manteve sua perspectiva de crescimento mundial para 3%, e reduziu levemente sua previsão de 2024 para 2,9%. O diretor do departamento de estudos do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou que, apesar da previsão de crescimento, o órgão via ”uma economia global que está mancando”. 

                  Agora, o confronto entre Israel e o Hamas poderá escancarar ainda mais as fragilidades desse já machucado sistema econômico global. Esta reportagem do New York Times mostra como é cada vez mais difícil proteger os países de choques globais imprevisíveis (e cada vez mais frequentes).

                  Publicidade