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Petróleo em alta, água em baixa, Ibovespa em recorde

Petrobras sobe com recomendação do JP Morgan, e ajuda o Ibovespa a renovar sua pontuação máxima. Sabesp tomba por conta da falta de chuvas.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 1 jun 2021, 22h35 - Publicado em 28 Maio 2021, 19h25
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 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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O Ibovespa pode abrir uma cerveja e sextar tranquilo. Com a alta de hoje (0,96%), o índice pode curtir o fim de semana com sensação de missão cumprida. Chegou aos 125.561 pontos. É a maior marca da história em termos nominais. 

Em termos reais, levando em conta a inflação, o pico segue sendo o de 13 anos atrás. Em 20 de maio de 2008, o índice fechou em 73.516 pontos. Considerando os 104% de inflação que tivemos de lá até aqui, isso equivale a 150 mil pontos de hoje. 

Ou seja: antes de se perguntar “Mas como? A pandemia comendo solta e a bolsa batendo recorde??”, lembre-se disso. O recorde, recorde mesmo, é outro. E ainda faltam gordos 20% para o Ibovespa ter o prazer de revisitá-lo. 

Petrobras

O preço do barril caiu hoje, após uma semana de alta e ter roçado em impressionantes US$ 70 ao longo do dia. Mas o tropeço não pegou a Petrobras. A empresa que responde por 9,5% do índice Bovespa jorrou valorização hoje, com suas ações ON subindo mais de 5% e as PN mais de 4%.

Se você tem Petr3 (a ON) ou Petr4 (a PN) na carteira, então, agradeça ao JP Morgan. O banco sediado na Rua do Muro, número 23, sul de Manhattan, recomendou a compra de ações da estatal, e estabeleceu um preço alvo (algo como um valor considerado “justo” diante das perspectivas de lucro de uma empresa) em R$ 35,50 – 30% acima dos preços de fechamento de hoje (as ON e as PN estão no mesmo patamar, próximas de R$ 27).   

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WEG

A Petrobras só não colocou suas duas ações no topo do pódio de hoje porque apareceu uma intrusa ali. Uma intrusa que há tempos não conseguia boas posições de chegada: a WEG (4,85%).

A multinacional de Jaraguá do Sul vem tendo um ano ruim na bolsa. Até a largada (digo, abertura) do pregão de hoje, ela amargava uma queda de 27%.

A alta de hoje não tem uma razão específica. Não rolou nenhuma notícia sobre a empresa, nem uma nova recomendação de compra por parte de algum bancão. Logo, estamos diante de uma alta natural após uma baixa pouco justificada – a ação caiu em 2021 basicamente por ter subido muito em 2020 (120%). Como seus resultados seguem sólidos, com lucros crescentes a cada trimestre, é natural que a fase de baixa não dure para sempre – a não ser que a empresa passe a apresentar balanços menos convincentes daqui em diante.

Ah, sim: o otimismo com os EUA ajudou também, já que boa parte dos clientes da WEG está lá. Vejamos.

EUA: inflação em alta, medo em baixa

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A inflação americana de acordo com o PCE (Personal Consumer Expenditures) ficou em 0,6% no mês abril. Não é pouco para um país que não toleraria muito mais do que 3% em um ano. Mas trata-se daquilo que a maior parte dos analistas já esperava. Ou seja: não configurou um susto. 

Surgiu outro dado interessante. O consumo diminuiu 0,1%. Aí, das duas uma: ou os EUA ensaioam um período de estagflação, com PIB em baixa e inflação em alta (mesma combinação de fatores que causou a recessão brasileira entre 2015 e 2016), ou a baixa no consumo significa menos pressão inflacionária (o que é bom).  

Os investidores ficaram divididos: os três principais índices das bolsas de lá fecharam próximos de zero, em estabilidade. Mas, diante do pânico que havia diante de uma inflação descontrolada, o saldo é positivo. Vamos que vamos, Fed.

Sabesp e AES Brasil

Quem definitivamente não está com o saldo positivo são as empresas que dependem de chuvas. 

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O país passa pelo seu menor nível de chuvas nos últimos 91 anos. Nesta sexta, o Sistema Nacional de Meteorologia (SMN) emitou um alerta de emergência hídrica para a região da bacia a do Rio Paraná (que passa por São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná). Na quinta, o Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) anunciou que pretende criar um comitê específico para gerenciar a crise. 

“Gerenciar a crise” significa racionar água. Ruim para as hidrelétricas (que passam a ter de produzir menos energia para manter o nível dos reservatórios), ruim para e das companhias de abastecimento de água, que, afinal de contas, vendem água.

Nisso, a Sabesp amargou a maior baixa do dia (-4.74%). Entre as elétricas, o destaque de baixa foi a AES Brasil (-3.06%) – ela não faz parte do Ibovespa, então não aparece na lista lá de baixo.  

Quinto Andar

O unicórnio do mundo dos imóveis agora é um “quadricórnio”. Seu valor de mercado quadruplicou para US$ 4 bilhões. 

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O Quinto Andar é uma empresa de capital fechado. Não vende ações na bolsa. Mas de tempos em tempos promove “rodadas de investimento” – vende partes de si a grandes investidores para amealhar capital. 

Na rodada mais recente, divulgada nesta sexta, eles venderam 7,5% da companhia por US$ 300 milhões, numa rodada organizada pela Ribbit, uma empresa de venture capital (que junta investidores a fim de apostar em companhias ascendentes).

Aí o resto é regra de três. Se 7,5% foram avaliados em US$ 300 milhões. 100% dá US$ 4 bilhões. E esse é o novo valor de mercado do Quinto Andar.

Some o valor de mercado da Cyrella, da MRV e da Eztec, as três maiores construtoras do país, e você tem “só” US$ 4,7 bilhões. Ou seja: o Quinto Andar sozinho já vale praticamente as três juntas.        

Mas e aí? Já não está na hora de um IPO, então? “IPO é um passo importante na vida de uma companhia. Estamos nos organizando e arrumando tudo para que, quando fizer sentido um IPO, estarmos prontos para dar esse passo”, diz Gabriel Braga, co-fundador e CEO da companhia. “Mas não temos nenhum plano para isso.”

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Bom fim de semana.

Maiores altas

Petrobras ON: +5,78%

WEG: +4,84%

Petrobras PN: +4,16%

Lojas Americanas: +3,45%

Magalu: +3,36%

Maiores baixas

Sabesp: -4,47%

Azul: -3,94%

IRB Brasil: -3,84%

Gol: -3,02%

Embraer: -2,46%

Ibovespa: +0,96%, aos 125.561 pontos

Em NY:

S&P 500: +0,08%, aos 4.204 pontos

Nasdaq: +0,09%, aos 13.748 pontos

Dow Jones: +0,19%, aos 34.530,37

Dólar: queda de 0,82%, a R$ 5,21

Petróleo

Brent: queda de 0,69%, a US$ 68,72

WTI: queda de 0,79%, a US$ 66,32%

Minério de ferro: alta de 0,41%, a US$ 190,51 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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