Folia prolongada? Na volta do feriado, o mercado manteve o bom-humor carnavalesco e o Ibovespa subiu polpudos 1,8%, em um dia de forte recuperação das bolsas mundo afora. Quem garantiu a alta por aqui foram as commodities, com destaque para o preço do barril de petróleo, que saltou 7% só hoje com a guerra na Ucrânia seguindo a todo vapor.
O petróleo tipo Brent (referência internacional) fechou a US$ 112,93, uma alta de 7,58%. O WTI, referência nos EUA, foi a US$ 110,60, maior preço desde 2011. É que a Rússia é o segundo maior exportador da commodity do mundo, e a oferta fica prejudicada com a guerra na Ucrânia – e as sanções que o mundo coloca no país de Putin. O Ocidente tem adotado medidas severas para pressionar a Rússia a recuar, mas, por enquanto, ainda tem evitado colocar sanções muito diretas sobre os poderosos setores de petróleo e gás russos, já que o impacto seria sentido no mundo todo (especialmente na Europa).
Hoje pela manhã, porém, a Casa Branca afirmou que os Estados Unidos “estão abertos” para adotar esse tipo de medida. Se uma sanção pesada e direta ao setor de energia russo acontecer – e muitos apostam que isso será inevitável caso Putin não ceda – analistas preveem que o preço do barril de petróleo pode ultrapassar o patamar recorde dos US$ 140, atingido em 2008.
Nesse cenário, o poderoso setor de petróleo da nossa bolsa acumulou ganhos nesta quarta-feira e ajudou a firmar o Ibovespa no azul. Os papéis da Petrobras subiram 3,16%, enquanto os da Petrorio foram além e fecharam com alta de 9,02%. E a maior alta do dia ficou com a 3R Petroleum, com quase 13%.
Mas não foi só o petróleo que garantiu a alta do Ibovespa. De sexta para cá, enquanto os brasileiros festejavam e descansavam, o minério de ferro negociado na China valorizou 7,7% , puxando para cima as ações do pesado setor de mineração e siderurgia da nossa bolsa hoje. A Vale, papel com maior peso no Ibov, subiu impressionantes 8%, figurando entre as maiores altas do dia. Mais: CSN 8,09%, Gerdau 6,44% e Gerdau Metalúrgica 6,44%.
Dia de recuperação
A quarta-feira também foi de bom-humor no mercado internacional, após dias de sangria devido à guerra na Ucrânia. Hoje, o S&P 500 subiu 1,86% e o Nasdaq, 1,62%. Na Europa, palco do conflito, o índice Euro Stoxx 50 ganhou 1,74%.
Ainda que a Rússia não tenha dado sinal que vá recuar em breve, o sentimento geral sobre a invasão ficou menos pessimista. Deu para encontrar uma ponta de esperança na confirmação de que Rússia e Ucrânia vão se reunir para uma segunda rodada de negociações, após a primeira não dar resultado nenhum. E, mais cedo, a ONU aprovou uma resolução que condena a invasão no leste europeu, com amplo apoio. 141 países votaram a favor, e só cinco foram contrários (Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Síria e a própria Rússia), enquanto 35 se abstiveram. Os números mostram que Moscou está bastante isolado e que a pressão internacional e as sanções podem ajudar a colocar fim na invasão mais cedo do que se esperava.
Houve também um empurrãozinho a mais para incentivar a recuperação do mercado. Jerome Powell, presidente do Fed, entregou um baita presente para os investidores hoje: confirmou, com todas as letras, que vai propor e defender um aumento de 0,25 pontos percentuais nos juros na próxima reunião do banco central americano.
Todo mundo já havia aceitado que março seria o momento da primeira alta nos juros dos EUA – afinal, a inflação de lá é a maior em 40 anos, enquanto a taxa se mantém próxima a zero. Mas havia dúvidas sobre a magnitude desse primeiro aumento: seria de 0,25 pp, mais aceito pelo mercado, ou um movimento mais brusco, de 0,5 pp? Alguns outros membros do Fed já haviam dado declarações mais agressivas, o que levou parte do mercado a apostar na segunda opção.
Mas Powell deu sua resposta hoje, e, como sempre, teve um discurso suave e pró-mercado. Garantiu que a transição será gradual, sempre baseada nos dados de inflação. Os investidores ficaram felizes, e decidiram esquecer por enquanto do aumento dos preços, da guerra na Ucrânia e da inflação do petróleo e foram às compras. A ver quanto o otimismo dura.
Até amanhã!
Maiores altas
3R Petroleum (RRRP3): 12,93%
PetroRio (PRIO3): 9,02%
CSN (CSNA3): 8,09%
Vale (VALE3): 7,99%
Bradespar (BRAP4): 6,54%
Maiores baixas
Ambev (ABEV3): -4,47%
Natura (NTCO3): -4,02%
Cielo (CIEL3): -3,89%
Ultrapar (UGPA3): -3,38%
Multiplan (MULT3): -3,17%
Ibovespa: 1,80%, aos 115.173 pontos
Em NY:
S&P 500: 1,86%, a 4.386 pontos
Nasdaq: 1,62%, a 13.752,02 pontos
Dow Jones: 1,79%, a 33.889 pontos
Dólar: -0,94%, a R$ 5,1073
Petróleo
Brent: 7,58%, a US$ 112,93
WTI: 6,95%, a US$ 110,60
Minério de ferro: 0,55%, US$ 144,98 no porto de Qingdao (China)