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Petrobras -9,8% e BB -2,48% mostram medo da ‘nova’ Lei das Estatais 

Câmara flexibilizou quarentena para políticos assumirem cargos de comando nas empresas controladas pela União. Ibovespa sobe 0,20%. Nos EUA, Fed reduz alta de juros.

Por Tássia Kastner
14 dez 2022, 18h46
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Parece um milagre. As ações da segunda maior empresa do Ibovespa caíram quase 10%. E mesmo assim o índice termina o dia numa alta sofrida de 0,20%. Estamos falando, claro, da Petrobras.

As ações ordinárias da estatal, com direito a voto (PETR3), derreteram 9,80% nesta quarta. Esse é o papel detido pela União, e que dá ao governo de turno a capacidade de decidir os rumos da companhia. As ações preferenciais (PETR4), mais líquidas, caíram “só” 7,93%. Elas lideraram o ranking das maiores baixas do dia.

O colapso foi causado pela aprovação, a toque de caixa, de uma mudança na lei das estatais. A Câmara reduziu de 36 meses para 30 dias a quarentena de políticos que queiram assumir cargos em empresas públicas. O alvo era liberar Aloizio Mercadante a comandar o BNDES – mas o tiro acertou em mais alvos.

Um deles foi a Petrobras, cujas ações cederam ao menor patamar desde maio de 2021. O outro foi o Banco do Brasil. A ação do banco público recuou 2,48%.

Nomes dos novos CEOs das estatais da bolsa ainda não foram anunciados. O lance é que a Lei das Estatais é relativamente nova, foi criada em 2016 como um instrumento que tentaria evitar o aparelhamento político das empresas de controle público pelo partido de turno.

Não que a lei tenha cumprido o seu papel do jeito que foi escrita. O atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, não tinha formação acadêmica e nem experiência prévia no setor, requisitos previstos na lei das estatais para assumir o cargo. E, ironicamente, a lei não teria barrado a posse dos diretores da companhia julgados como pivôs da cobrança de propina descoberta durante a Lava Jato.

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Desde a vitória de Lula, o mercado financeiro tem feito sua pressão em prol de políticas mais pró-mercado. E uma das maiores reclamações é que o novo governo pretende acabar com a política de preços da petroleira. 

Criada sob o governo Temer, a política seguia a cotação internacional do barril do petróleo e a variação do dólar, com o objetivo de manter o mercado interno abastecido sem que a Petrobras precisasse subsidiar os combustíveis. A mecânica foi abandonada no governo Bolsonaro.

Dado o efeito-imã que a Petrobras exerce sobre o Ibovespa, chega a ser surpreendente que a bolsa tenha terminado o dia em alta. Dos 92 papéis do índice, 61 subiram. E nem dá para agradecer os EUA.

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5%

As bolsas americanas fecharam em queda na esteira da decisão amplamente esperada do Fed (o BC de lá) de reduzir o ritmo de altas dos juros americanos. A Selic gringa subiu para 4,5% ao ano (considerando o limite superior da banda).

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Dá para ler a história de duas maneiras (ou com uma combinação dessa percepção). 

1) Investidores compraram no boato e venderam no fato, o jargão do mercado financeiro para o que acontece quando uma notícia altamente antecipada acontece. Era o caso do aumento de 0,50 p.p. nos juros.

ou

2) Jerome Powell e seus colegas ainda não estão confiantes que a inflação está rumando em linha reta de volta à meta de 2% ao ano, e os aumentos de juros ainda serão pesados.

Powell de fato afirmou que os juros devem ficar em um nível alto por um período longo, e por alto entenda-se algo acima de 5% ao ano. 

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Os índices americanos também viveram os seus momentos de emoção, e chegaram a virar para o positivo com Powell. No fim, fecharam em queda.

Da mesma forma que não é possível escrever na pedra o apocalipse sobre as estatais, Wall Street não deve levar a ferro e fogo o tombo de hoje. Até amanhã.

Maiores altas

Meliuz (CASH3) 7,02%

SLC Agrícola (SLCE3) 6,33%

Cielo (CIEL3) 6,26%

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Usiminas (USIM5) 5,50%

Alpargatas (ALPA4) 5,38%

Maiores baixas

Petrobras (PETR3) -9,80%

Petrobras (PETR4) -7,93%

Gol (GOLL4) -6,35%

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Magazine Luiza (MGLU3) 6,07%

São Martinho (SMTO3) -5,06%

Ibovespa: 0,20%, a 103.745,77 pontos 

Nova York

Dow Jones: -0,42%, a 33.966 pontos

S&P 500: -0,61%, a 3.995 pontos 

Nasdaq: -0,76%, a 11.171 pontos

Dólar: -0,27%, a R$ 5,3010

Petróleo

Brent: 2,50%, a US$ 82,70

WTI: 2,51%, a US$ 77,28

Minério de ferro: -0,05%, a US$ 108,45 por tonelada na bolsa de Singapura

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