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PCAR3 sobe 11,17% após uma notícia boa e outra com potencial de derreter ações; entenda

Ibov avança 0,26%. Nos EUA, preços ao produtor emendam três meses de deflação. Conflito no Oriente Médio infla petróleo.

Por Tássia Kastner
12 jan 2024, 18h42

Numa sexta de poucas emoções na bolsa brasileira, a novela do Grupo Pão de Açúcar garantiu alguma animação. As ações PCAR3 avançaram robustos 11,17% no dia, liderando com folga o topo das maiores altas do Ibovespa.

Faz tempo que o GPA ocupa o noticiário por movimentações bruscas na administração, fofocas e mais um punhado de decisões que não dependem diretamente dos executivos da companhia.

Pois bem: nesta sexta, o Casino – grupo francês que detém 40% do GPA – confirmou que fechou um acordo para reestruturar os negócios na Europa. A notícia não afeta diretamente a operação brasileira, mas vem na esteira das especulações. Desde pelo menos outubro do ano passado corre o rumor de que esse “levanta-defunto” europeu deve incluir a venda das ações que o Casino têm no GPA, que passaria a ser uma empresa de capital pulverizado (como a Renner, por exemplo).

Uma parte da movimentação europeia, mas com implicações na B3, ocorreu também em outubro, quando o Casino vendeu a rede colombiana Éxito, e abriu uma porta de saída para o GPA. As operações haviam sido segregadas em agosto.

E se parece que a novela é nova, podemos voltar a 2021, quando o que o GPA queria vender era a CNova, numa confusão societária que envolveu, no passado, até a Via Varejo (hoje Grupo Casas Bahia).

Para além dos acontecimentos europeus, hoje o Pão de Açúcar convocou, para o dia 22 de janeiro, uma assembleia extraordinária de acionistas. O plano é obter o aval para dobrar o número de ações da companhia, de 400 milhões para 800 milhões. Em outras palavras: dividir pela metade o quanto cada acionista tem a receber dos lucros da empresa. 

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Notícia como essa tem potencial apocalíptico para os papéis – que o diga Casas Bahia, ex-Via, que por sua vez é ex-Via Varejo. 

Hoje, porém, investidores fizeram o contrário, e apostaram que as movimentações são positivas para a companhia. Ainda assim, vale colocar a alta em perspectiva: ontem o papel havia fechado na mínima do ano, em queda acumulada de 9,6%. A subida de hoje mal e mal zera as perdas do ano. Ainda assim, ela puxou junto as ações do Carrefour, segunda maior alta do dia.

Na ponta negativa, a MRV continou a cavar o buraco de ontem: -6,79%.

No balanço geral, deu bom para a Faria Lima: o Ibovespa avançou 0,26%, e terminou o dia a a 130.988 pontos. O dólar recuou 0,36%.

E um dos motivos está lá fora.

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A inflação do atacado

Se o produto que você compra no supermercado está mais caro, muito provavelmente ele encareceu bem antes disso, lá no insumo que o produtor comprou. Essa é a inflação do atacado – ou de preços ao produtor.

Pois bem: nesta sexta, os EUA divulgaram que o PPI (esse índice de preços ao produtor) registrou uma deflação de 0,1%, a terceira consecutiva e a série mais longa de quedas desde 2020. Deflação no atacado tende a indicar que já já os produtos chegarão mais baratos – ou menos caros – ao consumidor. 

O mercado financeiro lê o indicador como um sinal para reforçar as apostas de que talvez os juros americanos possam cair já a partir de março, isso depois de a inflação medida pelo CPI, divulgada ontem, ter minado um pouco essa aposta.

Isso tudo enquanto investidores continuam tentando medir qual o estrago que um juro de 5,5% ao ano é capaz de fazer na economia americana.

Nesta quinta, os bancões gringos abriram a temporada de divulgação dos resultados de 2023 lá em Wall Street. No ano passado, eles geraram receita recorde com o spread (a diferença entre o quanto o dinheiro custa e o valor que eles cobram para conceder empréstimos). Os cálculos foram feitos pela Bloomberg.

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Foi, claro, uma cortesia dos juros altos do Fed combinada com a resiliência da economia americana. A tendência é que as pessoas tenham menos interesse por crédito quando ele fica mais caro. A não ser, claro, quando elas acreditam que vão ganhar mais para honrar a despesa. 

Para 2024, porém, os bancões sinalizaram que haverá uma redução nos ganhos justamente porque eles esperam que os juros comecem a cair, invertendo a receita de sucesso do ano que passou.

Resultado é que Wall Street teve mixed feelings: S&P 500 e Nasdaq seguraram o azul, enquanto Dow Jones cedeu (espie mais abaixo).

Isso num dia em que o petróleo voltou a subir – por motivos não bons. EUA e Reino Unido decidiram rebater os ataques dos Houthis, que têm bombardeado navios passando pelo Mar Vermelho a caminho do Canal de Suez. Isso elevou o risco de um conflito disseminado no Oriente Médio, para além da batalha de Israel em Gaza.

De qualquer forma, a alta de mais de 1% não bastou para fazer o Brent terminar a semana em alta. Bom para o PPI, bom para a inflação. A ver as cenas dos próximos capítulos. Por enquanto, a descansar. Bom final de semana.

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MAIORES ALTAS

Pão de Açúcar (PCAR3): 11,17%

Carrefour (CRFB3): 4,97%

Hapvida (HAPV3): 4,62%

Magazine Luiza (MGLU3): 3,67%

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Petroreconcavo (RECV3): 3,45%

MAIORES BAIXAS

MRV (MRVE3): -6,79%

Gol (GOLL4): -4,28%

Grupo Soma (SOMA3): -1,88%

Azul (AZUL4): -1,76%

CPFL (CPFE3): -1,63%

Ibovespa: 0,26%, a 130.988 pontos. Na semana: -0,78%

Em Nova York

Dow Jones: -0,31%, a 37.593 pontos

S&P 500: 0,08%, a 4.784 pontos

Nasdaq: 0,02%, a 14.973 pontos

Dólar: -0,36%, a R$ 4,8575. Na semana, -0,30%

Petróleo

Brent: 1,14%, a US$ 78,29. Na semana, -0,60%

WTI: 0,92%, a US$ 72,68. Na semana, -1,53%

Minério de ferro: -1,76%, a US$ 133,45 na bolsa de Dalian 

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