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Onda de frio chega ao Ibovespa: -2,04%. PETR4 desaba 5,06%

Índice tem a primeira queda semanal em um mês: -1,11%. Entenda o que trouxe essa massa polar para o mercado.   

Por Júlia Moura, Alexandre Versignassi
Atualizado em 19 ago 2022, 18h30 - Publicado em 19 ago 2022, 18h15

Não foi só a massa polar, essa que pegou de jeito o Sul e o Sudeste. O tempo virou no Ibovespa também. Depois de um mês inteiro de sol forte, com quatro semanas de alta seguidas, veio o frio: o índice acumulou uma queda de 1,11% na semana. 

E assim como no clima a virada na temperatura foi de um dia para o outro. Após cinco pregões no azul, o índice caiu 2,04% nesta sexta, a 111.496 pontos, apagando os ganhos de uma semana que vinha quentinha.

E a frente fria veio do Norte: o S&P 500 cedeu 1,29%.

Tudo isso é medo da alta de juros nos Estados Unidos. Entre ontem e hoje, cinco membros do comitê de política monetária do Fed deram declarações que reforçam o cenário de taxas mais altas por mais tempo para combater uma inflação persistente.

James Bullard disse que é necessário um aumento de mais 0,75 ponto percentual na faixa de juros americana, hoje em 2,25% a 2,50%. Caso isso se confirme, os EUA teriam sua maior taxa desde 2007, 3,25%.

O colega Thomas Barkin falou que o Fed vai ser linha dura contra a inflação, e que estão determinados a baixá-la para a meta, que é de 2%. Hoje, o “IPCA” deles está em 8,5%.

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“Há um caminho para controlar a inflação, mas uma recessão pode acontecer no processo”, disse Barkin nesta sexta.

As palavras “controlar a inflação” (ou seja, apertar nos juros) e “recessão”, na mesma frase, foram demais para o coração do mercado. 

Tombo da Petro

Por aqui, a Petrobras foi uma das principais quedas do dia. As ações da companhia cederam 5,06%, devolvendo os ganhos da semana. E isso num dia de leve alta no petróleo (0,13%). 

O problema: nesta sexta, a assembleia geral de acionistas da petroleira de controle estatal elegeu novos conselheiros. Dois deles, porém, estavam vetados pelo Comitê de Elegibilidade da Petrobras por conflitos de interesse. São eles: Jônathas Castro, secretário-executivo da Casa Civil, e Ricardo Soriano, procurador-geral da Fazenda.

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Como a União é a maior acionista da Petro, elegeu os dois sem maiores problemas, ampliando sua influência sobre a companhia. Pode isso, Arnaldo? Em tese, não – o conselho deve ter uma certa independência. O imbróglio vai ser decidido na Justiça.

Enquanto isso, as ações podem seguir machucadas. Se o mercado já não gosta de perspectivas de recessão, também não lida nada bem com incertezas e problemas judiciais. 

Cama, mesa e banho (de sangue)

Nos EUA, uma meme stock voltou às manchetes nesta sexta. As ações infladas da rede de lojas Bed Bath & Beyond derreteram 40,54% após um dos seus principais acionistas bater em retirada. Ryan Cohen se desfez dos quase 12% que tinha de participação na companhia entre terça e quarta. O mercado só ficou sabendo na tarde de ontem – e muitos investidores também decidiram abandonar o barco, levando a ação a cair 19,63% já na quinta.

Na semana passada, as ações da Bed Bath & Beyond tinham subido 58,70%; na retrasada, 62,23%. O que não faz muito sentido considerando que ela está altamente endividada e com um caixa baixo. A explicação é outra: os preços inflaram artificialmente por conta de uma avalanche de compras orquestrada via Reddit, como tinha acontecido no “caso GameStop”, de 2021. Entenda melhor o que rolou lá atrás neste texto da VCSA, e nesta reportagem de capa.     

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Sorte de Cohen, no fim das contas. Ele comprou as ações há cinco meses, por US$ 121,2 milhões, vendeu agora por US$ 189,3 milhões e fechou a semana US$ 68 milhões mais rico.

Que você tenha um fim de semana tão bom quanto o dele. E até segunda.  

 

Maiores altas

Minerva (BEEF3): 2,55%

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IBR (IRBR3): 1,85%

Hypera Pharma (HYPE3): 1,70%

Vibra Energia (VBBR3): 1,69%

Cogna (COGN3): 0,39%

Maiores baixas

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Locaweb (LWSA3): -7,72%

Azul (AZUL4): -7,63%

Gol (GOLL4): -7,30%

MRV (MRVE3): -7,28%

Magazine Luiza (MGLU3): -6,20%

Ibovespa: -2,04%, a 111.496 pontos

Em NY:

S&P 500: -1,29%, a 4.228 pontos

Nasdaq: -2,01%, a 12.705 pontos

Dow Jones:  -0,86%, a 33.706 pontos

Dólar: -0,08%, a R$ 5,1680

Petróleo

Brent: 0,13%, a US$ 96,72

WTI: 0,30%, a US$ 90,77

Minério de ferro: -1,97%, a US$ 98,96, na Bolsa de Mercadorias de Dalian (China)

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