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O metaverso é um deserto

Decentraland e The Sandbox teriam menos de mil usuários ativos por dia. Pouco para negócios que valem mais de US$ 1 bilhão.    

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 6 dez 2022, 08h22 - Publicado em 11 nov 2022, 05h46
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images e Sandbox/Reprodução/VOCÊ S/A)
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Fez barulho em outubro a notícia de que o Decentraland, um dos metaversos mais hypados e com valor de mercado de US$ 1,4 bilhão, tinha só 38 usuários ativos por dia. Quem disse foi o DappRadar, uma empresa que faz o senso de “dapps” (aplicativos descentralizados, na sigla em inglês). Dias mais tarde, o DappRadar disse que errou, e corrigiu o número para 650. 

Ainda assim é pouco para um metaverso que já recebeu patrocínio da Louis Vuitton, da Nike e da Burberry, e que já vendeu um terreno de 557 “metros quadrados virtuais” por US$ 2,4 milhões. O The Sandbox, o outro entre os metaversos mais célebres, estaria tão desértico quanto, de acordo com a DappRadar: 522 usuários ativos por dia. Não muito para quem vale US$ 1,3 bilhão, já vendeu uma gleba virtual por US$ 4,3 milhões e recebeu eventos da Gucci e da Balenciaga.

Os dois metaversos discordam. A Decentraland diz ter 8 mil usuários por dia. A The Sandbox, 39 mil. Faz sentido. A DappRadar só conta aquilo que dá para contar a partir de dados públicos. No caso, é o seguinte. Metaversos são ambientes virtuais onde dá para comprar e vender itens (como roupinhas para os avatares) usando cripto. Cada um dos dois maiores, inclusive, desenvolveu sua própria cripto. A Decentraland tem a MANA, a The Sandbox, a SAND. 

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Bom, toda transação envolvendo essas criptos fica armazenada na blockchain do Ethereum, que é mais ou menos a “criptomoeda mãe” da MANA e da SAND. Mais: mesmo transações que não envolvam moedas, só trocas mesmo, ficam gravadas na blockchain (já que os usuários precisam logar suas carteiras virtuais à blockchain para completar uma troca). A DappRadar entendeu que contabilizar as interações entre carteiras, com ou sem valores envolvidos, seria uma forma mais precisa de indicar a quantas anda a atividade real dentro dos metaversos – e evitar o inconveniente de contabilizar robôs e usuários sumidos.  

As empresas, naturalmente, discordam. Dizem que fazem uma contabilidade honesta, e que boa parte dos usuários só passeia mesmo pelos ambientes virtuais. Sem comprar ou trocar nada. Mesmo assim, os números que elas apresentam não resolvem a questão do deserto metavérsico. O Roblox, um ambiente virtual comum (ou seja, sem cripto, sem blockchain nem nada) ostenta 52 milhões de usuários ativos por dia.

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