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NY amanhece em alta de olho na inflação ao produtor, e pode acalmar Faria Lima à espera de Haddad

Por aqui, teremos o IPCA. Lula tenta lidar com a água que Rosa Weber pode jogar no chopp da PEC da Transição. 

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
Atualizado em 18 out 2024, 14h02 - Publicado em 9 dez 2022, 08h34
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Bem-vindos a mais um feriado extraoficial: o volume de negócios tende a ser menor com o jogo do Brasil no meio do pregão – pelo menos se ocorrer hoje o que ocorreu nas outras quatro partidas da seleção no Catar até agora: uma queda média de 20% no movimento na B3. 

Não é um dia morto, porém. A agenda de indicadores está cheia aqui e nos Estados Unidos. E um climão paira sobre Brasília. 

Um pronunciamento do presidente eleito às 10h15 põe fim à grande fofoca dos últimos meses: Lula deve mesmo confirmar Haddad na pasta da Fazenda, ainda que a equipe do petista permaneça um mistério. Ontem, o Ibovespa caiu 1,67% com a notícia. 

(Haddad não será o único ministro anunciado: na Justiça, deve entrar o ex-governador do Maranhão Flávio Dino; na Casa Civil, o baiano Rui Costa; na Defesa, José Múcio Monteiro, um ex-ministro do TCU que terá a missão complicada de estancar a insatisfação da ala bolsonarista das Forças Armadas.) 

A Faria Lima teve tempo para se acostumar à ideia – que a desagrada –, e busca consolo nos planos (também já confirmados) de desmembrar o atual Ministério da Economia em três. Nesse cenário, o poder decisório de Haddad fica diluído, e surgiriam duas vagas para nomes mais técnicos e ortodoxos nos ministérios do Planejamento e da Indústria, Comércio e Serviços.

O plano original de Lula era anunciar ministros a partir da próxima terça, 13 de dezembro – após sua diplomação pelo TSE no dia 12 e o fim oficial do período eleitoral. Mas então, veio um incêndio: o julgamento do orçamento secreto pelo STF. E ele precisa de mais articuladores políticos em campo para ajudá-lo a negociar com a Câmara. 

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Estava tudo combinado: Lula faria vista grossa às emendas do relator em troca da aprovação da PEC da Transição, que autoriza um furo no teto de gastos para o Bolsa Família (ex-Auxílio Brasil). 

Acontece que o mecanismo, apelidado “orçamento secreto”, é um método de compra de votos dos parlamentares que ganhou tração no governo Bolsonaro, e peca pela falta de transparência. Caso ele seja declarado inconstitucional pelo STF – o julgamento continua quarta (14) que vem –, a festança vai acabar. E Lira, presidente da câmara, pode punir Lula pela decisão de Rosa Weber e cia. 

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Lira, que é bom de birra, já disse que “o texto que passou no Senado não foi combinado com a Câmara”. Outros deputados do centrão e da base de apoio bolsonarista fizeram coro. Na quarta, Ricardo Barros, líder da bancada do PL, já falou em cortar o waiver de dois anos para um: “A Câmara tende a dar um ano ao novo governo, para ter um diálogo e ver como é que fica”. 

Lula, com medo de que a PEC da Transição não passe pela Câmara, já ligou para Lira dizendo que não tem nada a ver com isso – que não foi ele quem pediu para o STF pôr fim à farofada bilionária com as emendas do relator. Mas Lira não esqueceu que, durante a campanha, Lula se manifestou contra o orçamento secreto (até porque a prática é percebida como algo moralmente questionável ou ilícito pela opinião pública. Ficaria chato não falar nada). 

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Enquanto isso, o mercado vai descobrir o IPCA de novembro às 9h da manhã. A expectativa, no Boletim Focus, é uma alta de 0,41% – com a inflação pegando mais leve em comparação aos 0,59% de outubro. 

Nos EUA, ainda não vamos descobrir o indicador oficial de inflação do último mês – o IPCA deles, que é o CPI, está agendado para o dia 13 –, mas os investidores vão ganhar dois bons termômetros.

Um é o índice de preços ao produtor (PPI), que mede altas ao longo da cadeia produtiva. Esse número considera todas as etapas intermediárias da cadeia de suprimentos, dos preços da matéria-prima ao tanto que o lojista paga pelo produto final que vai oferecer em seu estabelecimento. Quando o PPI esfria, o índice de preços ao consumidor tende a esfriar por tabela, meses depois. A expectativa do mercado é uma alta de 0,2% em relação a outubro (quando o número também foi 0,2%). 

Outro número bacana é uma prévia do índice de sentimento do consumidor, produzido pela Universidade de Michigan. Afinal, a inflação também é um fenômeno psicológico: se todo mundo acredita que os preços vão continuar subindo, a profecia se torna autorrealizável. 

Os dois índices são importantes para calibrar expectativas para os “Copons” de outros países. Os comitês de política monetária dos EUA, do Reino Unido e da Zona do Euro vão todos se reunir semana que vem, e todos devem aumentar as taxas de juros para combater a inflação. O Fed, porém, deve anunciar “apenas” 0,5 ponto percentual em seu último encontro do ano, após as altas consecutivas de 0,75 p.p. que escaldaram o mercado e devem esfriar a economia rumo à recessão de 2023.

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Wall Street acordou animada com os prospectos para a inflação e os futuros de Nova York estão subindo esta manhã após uma semana melancólica. Veja aqui embaixo, no humorômetro. E bons negócios.  

humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros S&P 500: 0,33%

Futuros Nasdaq: 0,45%

Futuros Dow: 0,18%

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*às 8h11

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,17% 

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,17%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,39%

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Bolsa de Paris (CAC): 0,10%

*às 8h14

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,99%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,18%

Hong Kong (Hang Seng): 2,32%

Commodities

Brent: 1,21%, a US$ 77,06 o barril

Minério de ferro: 1,92%, a US$ 111,40 a tonelada, na bolsa de Cingapura

*às 7h02

market facts

Projeto de lei nos EUA põe Meta e Google contra a imprensa

O Congresso americano tem em mãos um projeto de lei que, se aprovado, vai obrigar as big techs a repartirem parte de sua receita publicitária com os veículos de imprensa. A ideia é que as techs paguem um cascalho aos jornais, revistas e portais toda vez que divulgarem um conteúdo jornalístico dentro de suas plataformas. Na prática, a nova norma afetaria a Meta e o Google, empresas cujo modelo de negócio gira em torno dos anúncios.

A Meta, que já vem sofrendo com a redução de receita proveniente dos ads neste ano, sentiu o impacto. Em retaliação, ameaçou publicamente remover notícias de suas plataformas caso a proposta seja aprovada. E talvez nem seja migué: ano passado, quando uma lei semelhante entrou em vigor na Austrália, as notícias foram brevemente suspensas do Facebook local. 

Na semana passada, o governo australiano publicou um relatório elogiando os resultados da medida: US$ 140 milhões de dólares em receita adicional para veículos de imprensa. Seguindo o exemplo australiano, Nova Zelândia, Canadá e a União Europeia também discutem projetos de lei semelhantes. 

Vale a pena ler:

Greenwashing no Qatar

Quando a sede da Copa do Mundo de 2022 foi anunciada, lá em 2009, o Qatar garantiu que faria um evento carbon neutral. 13 anos depois, o país não só descumpriu a promessa, como tratou de fazer a Copa mais poluente de toda a história. Um relatório publicado pela FIFA estimou que o torneio deve emitir, ao todo, 3,6 milhões de toneladas de CO2 – número provavelmente subestimado, já que não considera a poluição gerada durante a construção dos estádios. A Economist conta essa história aqui

O mundo bizarro de 2023 

A China, motor do sucesso dos primeiros governos de Lula, já não exibe a boa forma de antes. EUA e Europa perigam entrar numa recessão puxada pelas altas nos juros. Com o cenário já desfavorável lá fora, Lula acena com gastos irresponsáveis, capazes de degringolar as contas públicas. A edição de dezembro da Você S/A, entenda os problemas que ameaçam o futuro próximo da economia. E veja como o Brasil deveria navegar por eles. 

Agenda

Brasil, 9h: IPCA de novembro;

Brasil, 10h15: Lula anuncia ministros;

EUA, 10h30: índice de preços ao produtor (PPI) de novembro;

EUA, 12h: índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan.

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