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Números fracos do varejo trazem frente fria ao Ibovespa: -1,30%

Na semana, queda é de 1%, aos 117.710 pontos. CASH3, patinho feio do índice, vira cisne: alta de 13,2%. BRFS3 tomba 6,7% com diluição de ações.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 14 jul 2023, 18h18 - Publicado em 14 jul 2023, 18h14

Os dados do varejo trouxeram uma frente fria brava para o Ibovespa nesta sexta. Das 86 ações que compõem o índice, 79 fecharam no vermelho. Para piorar, PETR4 tombou 1,96%, acompanhando os 1,83% de queda do petróleo – a Petrobras responde por 11% do índice, atrás apenas dos 13% da Vale. 

A mineradora ficou no zero a zero (literalmente: 0,00% cravados). E mesmo assim foi um dos melhores “desempenhos” do dia – segurada pela alta de 4,25% do minério de ferro na bolsa de Dalian. Para dar uma ideia do mau humor, bastaram pífios 0,12% para a Copel (CPLE6) cravar a terceira maior alta do dia. 

Sobre os dados do varejo: o IBGE divulgou queda de 1% no mês de maio, em relação a abril, versus uma expectativa (consenso Refinitiv) de estabilidade, ou seja, 0%. É o pior dado desde dezembro do ano passado (-2,7%). Para um mês de maio, trata-se do número mais negativo desde 2018 (-1,8%). 

O resultado baixa a bola das expectativas para o crescimento do PIB no segundo trimestre – no primeiro, registrou-se alta de 4% em relação ao mesmo período de 2022. 

Há um lado meio cheio nesse copo: uma economia mais frágil pressiona o BC a pegar mais pesado na redução da Selic, que, salvo uma surpresa mastodôntica, deve passar por seu primeiro corte daqui a duas semanas, na reunião do Copom marcada para 2 de agosto. 

CASH3: 13,26%

A única alta para valer do dia foi da Méliuz. CASH3 fez jus ao seu ticker engraçadinho e registrou grossos 13,26%. 

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Cortesia do BTG. Os analistas do banco reiteraram sua recomendação de compra para o papel da empresa de cupons de desconto. O preço alvo é de R$ 18 – 120% acima do fechamento de hoje, em R$ 8,03.

Mesmo com a alta, de qualquer forma, CASH3 segue como uma das quatro maiores quedas do ano no Ibovespa: -31%. Pior do que ela nesse quesito, só CVCB3 (-32%), ASAI3 (-35%) e ALPA4 (-42%). 

BRFS3: -6,71%

Quando anunciou a emissão de novas ações, na quarta-feira passada, a BRF viveu uma alta de dois dígitos. Agora, com os 600 milhões de novos papéis já vendidos, veio a ressaca: -6,71%, a maior baixa do dia.

O preço da oferta primária veio em linha com as expectativas, R$ 9 – um pouco abaixo do fechamento de ontem, em R$ 9,54. 

Normal: follow-ons geralmente trazem algum desconto em relação ao fechamento do dia anterior. De outra forma não valeria a pena comprar papéis por essa via. Mas quem comprou a R$ 9 acabou pagando caro, já que a ação fechou hoje em R$ 8,03. 

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A emissão colocou R$ 5,4 bilhões no caixa da companhia – que acumula uma dívida de R$ 15,29 bilhões. Dá 3,35 vezes o Ebitda; acima daquilo que o mercado considera saudável, 2x. 

O follow-on foi bem sucedido. A ideia-base era “imprimir” 500 milhões de papéis para colocar à venda. Só chegariam a 600 milhões se houvesse demanda. Houve. Porque a queda, então? 

Por que todo follow-on de oferta primária, ou seja, emissão de novas ações, dilui os acionistas que não comprarem mais papéis. Até ontem, havia 1,08 bilhão de ações da BRF. Agora são 1,68 bilhão. Isso tem um significado óbvio: quem tinha uma ação da BRF, até ontem, era dono de 0,92 bilionésimo da companhia. Agora, cada papel corresponde a 0,52 bilionésimo.  

Se a BRF distribuir, digamos, R$ 1 bilhão em dividendos, cada ação dará direiro a R$ 0,52. Até ontem, eram R$ 0,92. Isso significa uma diluição de 35% no “valor intrínseco” de cada ação. 

Olhando por esse ponto de vista, então, a queda de hoje foi branda. 

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O maior comprador foi a Marfrig, que já era a maior acionista da BRF. Levou 200 milhões de novas ações para casa, ao custo de R$ 1,8 bilhão. Antes, a Marfrg era dona de 33% da empresa. Agora, passa a ter uma fatia de… 33%. Pois é: compraram só o bastante para manter inalterado o naco que já tinham. 

O segundo maior comprador foi o fundo saudita Salic, que não era acionista da empresa: pagou R$ 1,6 bilhão por 180 milhões de papéis, e agora detém 1,07% da BRF. Ou seja, de cada bilhão que a empresa distribuir no futuro, R$ 10,7 milhões vão para os bolsos deles. Já um pequeno acionista com mil papeis receberia R$ 520, contra os R$ 920 a que teria direito sem a diluição.    

Bom fim de semana.

 

MAIORES ALTAS

Méliuz (CASH3): 13,26%

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Suzano (SUZB3): 0,41%

Copel (CPLE6) 0,12%

Bradespar (BRAP4): 0,04%

Energias BR (ENBR6): 0,04%

 

MAIORES BAIXAS

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BRF (BRFS3): -6,71%

Azul (AZUL4): -6,29%

Gol (GOLL4): -5,88%

Eztec (EZTC3):  -4,59%

Hapvida (HAPV3): -3,95%

 

Ibovespa: -1,30%, aos 117.710 pontos. Na semana, -1%

 

Em Nova York: 

S&P 500: 0,34%, aos 4.505 pontos

Nasdaq: -0,18%, aos 14.113 pontos

Dow Jones: 0,34%, aos 34.510 pontos

 

Dólar: 0,10%, a R$ 4,77. Na semana, -1,46%

 

Petróleo

Brent: -1,83%, a US$ 79,87. Na semana, 1,78%

WTI:  -1,91%, a US$ 75,42. Na semana, 2,11%

 

Minério de ferro: 4,25%, a US$ 116,52 por tonelada, na bolsa de Dalian (China).

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