Nova York abre em alta e dá ânimo para pregão de meio-período na B3
Mas não se anime demais: a ata do Fomc às 16h (e a possibilidade de uma alta de 0,5 p.p. na “Selic” americana em um futuro próximo) podem jogar água no chopp da renda variável.
Começa a semana mais curta do ano: a bolsa vai operar por exatos 2,5 dos 5 dias úteis. Nesta quarta-feira de cinzas, a B3 abre o pregão às 13h, e a agenda está cheia até o próximo (e não tão distante) final de semana.
Nos EUA, às 16h, o Fed divulgará a ata da reunião mais recente do Fomc, o comitê de política monetária. Depois, na sexta-feira (24), vem o PCE de janeiro. Trata-se de um outro indicador mensal de inflação, diferente do CPI, que Powell e os demais dirigentes do Banco Central americano consideram mais preciso – e, portanto, mais adequado para embasar altas e baixas na taxa básica de juros do país.
Esses dados serão particularmente importantes para os humores do mercado nos próximos dias: nesta terça (21) – enquanto o Brasil se refestelava em glitter e acompanhava a tragédia no litoral norte de São Paulo –, os três índices de Nova York registram as maiores baixas do ano, até agora: -2,06% para o S&P 500, -2% para o Dow Jones e -2,5% para o Nasdaq.
O pânico se refletiu em ativos gringos associados ao Brasil. O ETF (fundo de índice) do Ibovespa negociado nos EUA, o EZW, fechou a terça em queda de 1,67%. Os ADRs (recibos de ações) da Vale subiram humildes 0,18% em Nova York, embora o minério de ferro tenha emplacado uma alta de 3,5% na China ao longo do feriadão. Se ficou ruim para a Vale com o minério indo bem, imagina para a Petrobras, com o petróleo indo mal: o ADR de PETR4 caiu 2,39% ontem.
Embora Nova York tenha começado o pregão de hoje em alta, compensando um pouquinho das perdas – Dow Jones e S&P 500 subiam 0,17% às 11h30; Nasdaq, alta de 0,38% – há alguma expectativa de que a bolsa brasileira se ajuste ao desabamento de ontem nos EUA. O Brent em leve baixa (-0,35% às 11h26) não deve ajudar a Petrobras nesta quarta-feira de cinzas; o mesmo vale para a queda no minério (-0,38%) e a Vale.
O pavor de terça teve as razões de sempre: apesar da “Selic” em 4,5% – uma taxa alta para os padrões americanos, que tem o objetivo de drenar dinheiro da praça e conter a pior inflação em 40 anos –, a economia americana permanece dando sinais de resiliência: a taxa de desemprego está no entorno dos 3,5% há meses; um estado de pleno emprego utópico (e paradoxal, considerando que há uma recessão prevista para 2023).
Nem tudo são flores, é claro: os balanços das gigantescas varejistas Walmart e Home Depot, na terça, mostram que o consumo está dando sinais de cansaço. Mas, de maneira geral, os dados deixam a sensação de que os esforços do Fed permanecem insuficientes para pôr rédeas nos preços. Isso significa que o Fomc pode aprovar mais altas nos juros em suas próximas reuniões, e que a taxa deve estacionar acima dos 5%, para o imenso desprazer renda variável.
Porta-vozes do Morgan Stanley disseram que o mercado de ações americano está caro e que o S&P 500 pode cair 26% no 1T23. E hoje de manhã, por volta das 10h, James Bullard, dirigente da sucursal do Fed em St. Louis, falou que não descarta uma alta de 0,5 ponto percentual em uma das próximas reuniões do Fomc (indo na contramão da tendência de desaceleração nas últimas três reuniões, quando as altas foram 0,75, 0,5 e 0,25 ponto percentual, respectivamente). Se isso rolar mesmo, vai ter muito choro para pouca vela.
Na agenda brasileira, além do IPCA-15 de fevereiro na sexta-feira (24), deve haver o anúncio do novo pacote econômico de Haddad – que inclui um reajuste no salário mínimo (para R$ 1.320) e uma nova tabela de alíquotas para o imposto de renda (que isentará quem ganha até dois salários, ou R$ 2.640). Também saberemos os detalhes do Desenrola, um programa de renegociação de dívidas para famílias de baixa renda.
Às 13h horas, chega o Boletim Focus da semana – normalmente, o relatório sai às segundas, mas sabe como é: folia. As projeções para o IPCA ao final de 2023 e 2024 devem continuar refletindo, em algum grau, o medo com as provocações de Lula ao Banco Central e o apelo do governo por uma meta de inflação mais realista.
Semana passada, porém, Haddad pôs duas cartas na mesa para estancar o medo dos investidores e segurar os juros futuros. A primeira foi prometer que a discussão sobre a meta ficará para depois de abril (o que, diga-se, é praxe: a discussão precoce deste ano é que foi uma exceção).
A segunda saiu no Globo sexta, às vésperas do Carnaval: o ministro apresentou a Lula alguns números coletados pela Secretaria de Política Econômica que mostram que o Banco Central não costuma dar um alívio nos juros quando há uma mudança na meta, o que tornaria toda essa discussão infrutífera para os objetivos de Lula. Se existe algum dado capaz de dissuadir o presidente? Aí é outra história. Essas duas notícias podem – mas não necessariamente vão – se refletir em projeções menos pessimistas no Focus.
A ver. Bons negócios!
S&P 500: 0,17%
Nasdaq: 0,38%
Dow Jones: 0,17%
*às 11h30, na abertura
As tretas trabalhistas da Americanas
Em seu pedido de recuperação judicial, a Americanas afirma que precisa pagar R$ 119,6 milhões em processos trabalhistas – valor que inclui 321 trabalhadores e entidades. Só que um levantamento realizado pela Data Lawyer a pedido da Folha mostrou que existem pelo menos 2.331 processos ativos contra a empresa na Justiça do Trabalho (e isso contando só os casos não sigilosos). No total, dá R$ 284,3 milhões em causas trabalhistas. Ou seja: se a Americanas perder todos esses processos, o valor a pagar vai superar um bocado a estimativa oficial.
Brasil, 13h: Boletim Focus;
EUA, 16h: ata do Fomc de janeiro.
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,09%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,6%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,01%
Bolsa de Paris (CAC): -0,06%
*às 11h24
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,90%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,34%
Hong Kong (Hang Seng): -0,51%
Brent: -0,35% a US$ 82,76 o barril
*às 11h26
Minério de ferro: -0,38%, a US$ 131,90 a tonelada, na bolsa de Dalian
*às 8h00
O problema dos layoffs para estrangeiros qualificados nos EUA
O Vale do Silício gosta de ter as melhores mentes do mundo trabalhando por lá. Por isso, uma boa parcela dos funcionários do setor de tecnologia americano são estrangeiros. Para entrar e permanecer nos EUA, eles precisam do H-1B, um visto temporário feito para trabalhadores em ocupações especializadas. Isso significa que, para se manter no país, a pessoa precisa exercer a profissão na qual ela é formada.
Com a onda de layoffs nas techs, muitos estrangeiros estão precisando correr contra o relógio para encontrar um novo emprego na mesma área em até 60 dias – caso contrário, eles precisarão deixar o país. Este podcast do WSJ conta essa história e conversa com alguns desses imigrantes.
Como não quebrar o seu negócio
Metade dos empreendimentos fecha antes de chegar ao quarto ano de vida. Nesta reportagem da Você S/A, veja algumas posturas que podem corrigir rotas e ajudar o seu negócio a não entrar para essa estatística.
Brasil, após o fechamento: Minerva Foods e ISA CTEEP;
Exterior, antes da abertura: Anglo American e Rio Tinto;
Exterior, após o fechamento: Telefónica e Moderna.