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Netflix é lufada de esperança em NY; recuperação da Americanas (AMER3) pode levar dois anos

No Brasil, investidores seguem atentos à queda de braço de Lula com o Banco Central. Meta de inflação é o alvo da disputa.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
20 jan 2023, 08h09

Bom dia!

A Netflix (NFLX 34) é quem traz alguma graça para o pregão desta sexta-feira. Ontem, após o fechamento, a companhia divulgou seus resultados do quarto trimestre e ainda jogou uma notícia de que o cofundador e então CEO da empresa, Reed Hastings, deixará o posto.

As ações começam a manhã subindo 5,69% no pré-mercado em Nova York, e ajudam a manter os futuros do índice de tecnologia Nasdaq no positivo – S&P 500 está tentando firmar alta, e Dow Jones cai.

O streaming mais popular do mundo atravessa dificuldades: a chegada de novos streamings e a volta à vida normal colocou um teto na receita da companhia, isso num momento em que o aumento de juros fez com que investidores mudassem suas estratégias. Agora eles querem empresas rentáveis, e não aquelas que crescem queimando caixa.

A Netflix passou a adotar medidas polêmicas para elevar sua receita: vender assinatura com anúncios e bloquear a possibilidade de compartilhamento de senhas são as duas mais importantes.

No quarto trimestre, a companhia ganhou 7,7 milhões de novos assinantes, bem acima dos 4,5 milhões esperados. A receita líquida cresceu 1,9%, para US$ 7,85 bilhões. O lucro líquido despencou 91%, para US$ 55,3 milhões, reflexo de uma perda em operações de hedge cambial.

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No Brasil, o foco dos investidores continua sobre a Americanas. A AMER3 teve seu pedido de recuperação judicial aprovado pela Justiça do Rio ontem. E agora começa a negociar com credores a reestruturação de R$ 43 bilhões em débitos.

É briga de cachorro grande. Bancos e a companhia estão protagonizando uma disputa digna de Casos de Família. As grandes instituições financeiras teriam se mostrado dispostas a negociar com a companhia, mas queriam que os bilionários e principais acionistas da Americanas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira colocassem a mão no bolso. 

Quando a Americanas divulgou que havia um rombo de R$ 20 bilhões, Sergio Rial, o CEO por dez dias, afirmou que os acionistas estavam comprometidos com a capitalização da companhia. Nenhum movimento foi feito. Não só isso. O trio segue fazendo a egípcia e não foi conversar com os credores. O Valor Econômico relata a treta aqui

A CVM vai investigar os bilionários em um dos sete processos abertos sobre o caso. Outro alvo são as agências de rating, que classificaram como risco baixo as debêntures da Americanas.

No ritmo que vai, há estimativas que a aprovação de um plano de recuperação judicial leve até dois anos para sair. É preciso, afinal, chegar a um consenso com os credores, algo que parece virtualmente inviável depois de dez dias de brigas.

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A Americanas deve ter hoje seu canto do cisne no Ibovespa e deixará o índice. 

Enquanto isso, o mercado financeiro continua estressado com a decisão do presidente Lula de atacar a independência do Banco Central. Não é exatamente a autonomia do BC o problema, mas o fato de que a meta a ser perseguida é considerada baixa demais: 3,25% em 2023.

Quem fixa a meta é o Conselho Monetário Nacional (CMN), que voltará a ser formado pelo ministro da Fazenda, do Planejamento, e pelo BC.

Uma meta de inflação muito baixa pode forçar o BC a manter juros elevados demais e estrangular o crescimento econômico. E atualmente economistas no mundo discutem se a meta de 2%, como nos Estados Unidos, continua crível, dada as mudanças estruturais causadas pela Covid.

De qualquer maneira, brigar com o BC frontalmente, como Lula está fazendo, é o jeito perfeito para quebrar a confiança no sistema de metas de inflação. Aí pouco importa se a meta é 3,5% ou 5% – ninguém vai acreditar de verdade, e aí sim que a economia pode ficar disfuncional.

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Melhor todo mundo respirar, e se preparar para o final de semana. Bons negócios.

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros do S&P 500: 0,03%

Futuros do Dow Jones: -0,09%

Futuros do Nasdaq: 0,31%

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*às 7h54

market facts

O tweet que levou Musk para a Justiça 

Elon Musk usa sua conta pessoal do Twitter com o mesmo ímpeto e etiqueta de um adolescente em período de férias escolares. Uma hora tinha que dar ruim. E deu agora: ele está sendo julgado pela corte americana por um tweet de 2018 em que dizia considerar transformar a Tesla em uma empresa privada. “Estou considerando fechar o capital da Tesla por US$ 420. Financiamento garantido”, escreveu. Traduzindo: ele pagaria US$ 420 para cada ação da companhia circulando no mercado (daria uns US$ 71 bilhões no total), e já tinha o dinheiro necessário para isso. 

O valor representaria uma valorização de 22% em relação aos US$ 343 da abertura de 07 de agosto de 2018, dia do tal tweet. Depois da publicação, as ações da Tesla decolaram, mas afundaram ainda mais quando a proposta fracassou. O caso é movido por investidores que perderam dinheiro com as ações na Tesla neste período, e alegam que Musk foi responsável – já que ele teria mentido sobre já ter o financiamento necessário para o negócio.

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Agenda

Agenda esvaziada

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,64%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,52%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,51%

Bolsa de Paris (CAC): 0,79%

*às 7h53

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,61%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,56%

Hong Kong (Hang Seng): 1,82%

Commodities

Brent*: 0,21%, a US$ 86,37

Minério de ferro:  1,76%, a US$ 127,49 por tonelada na bolsa de Dalian

*às 7h52

Vale a pena ler:

O casamento conturbado da Apple com a China

Tim Cook, o CEO da Apple, tem uma armadilha geopolítica em mãos: a empresa mais valiosa dos Estados Unidos não pode mais depender do maior rival internacional do país. Hoje, a maior fabricante de produtos da Apple é a Foxconn, sediada em Zhengzhou, na China. Durante a política de Covid Zero chinesa, a fábrica sofreu com paralisações, redução na mão de obra e protestos dos empregados. E a Apple sentiu o caos no bolso, com a queda na produção de seus produtos mais novos, como o Iphone 14, em 2022. O problema é que essa armadilha não é simples de desarmar. Nesta reportagem, o Financial Times conta o que seria necessário para a Apple se distanciar da China.

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