Continua após publicidade

Minério de ferro e crise na Ucrânia interrompem sequência de altas no Ibovespa

Governo chinês aumentou a interferência para frear o avanço da commodity, enquanto os EUA acusam (novamente) a Rússia de mentir sobre retirada de tropas e preparar uma invasão.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 17 fev 2022, 19h21 - Publicado em 17 fev 2022, 19h02

Depois de sete pregões seguidos no azul, o Ibovespa voltou a fechar em queda nesta quinta-feira, cedendo ao mau humor generalizado nas bolsas mundo afora. Investidores nacionais e internacionais ainda acompanham com pessimismo a crise na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, que voltou a se intensificar hoje depois de um dia de aparente trégua. Mas o maior baque para o Ibov veio das commodities – que vinham ajudando o índice a se manter firme mesmo com o clima azedo lá fora.

O minério de ferro negociado na China fechou em queda de 6,39% nesta quinta-feira, negociado a US$ 139,00 por tonelada. E o tombo levou junto o pesado setor de mineração e siderurgia da bolsa brasileira, que protagonizou as maiores baixas do dia. A Vale, toda-poderosa do Ibovespa (correspondendo sozinha a 15% do índice) caiu 4,30%.  Outros papéis seguiram: CSN -5,85%, Gerdau -5,32%, Gerdau Metalúrgica -5,39% , Usiminas -4,07% e CSN Mineração -3,92%. O petróleo também fechou em queda hoje, ainda que o impacto na bolsa tenha sido menor: Petrobras -0,4%.

Compartilhe essa matéria via:

Nos últimos dias, o governo chinês vem interferindo no mercado para conter o avanço do preço da commodity. Em novembro do ano passado, o minério de ferro era negociado na casa dos US$ 90 por tonelada no porto de Qingdao; agora, em fevereiro, chegou a se aproximar do US$ 150, uma alta de 60%. A demanda pela commodity aumenta com a economia chinesa aquecida, bem como os investimentos em infraestrutura que países ocidentais, em especial os EUA, estão fazendo no pós-pandemia.

Mas quem não gostou foi Pequim, que acusa o mercado de especulação. O governo chinês vem tomando medidas para frear o aumento do preço da commodity, temendo um salto na inflação justamente quando quer estimular a economia nacional. Diversas empresas do setor receberam avisos de reguladores chineses sobre o que os oficiais consideram um fenômeno de especulação. Na bolsa chinesa, as taxas de negociação de alguns contratos de minério de ferro foram aumentadas. 

Com essas medidas – e com o temor de uma interferência ainda maior por parte do governo chinês – o preço do minério tombou no mercado internacional. E foi o gatilho para o Ibovespa finalmente ceder ao mau humor global que domina na semana, com a tensão na fronteira entre Rússia e Ucrânia – que voltou a piorar hoje.

Possível guerra (de novo?)

Continua após a publicidade

Ontem, os mercados haviam dado uma pausa nas preocupações com uma possível invasão da Ucrânia por parte da Rússia, após Moscou anunciar que estava começando a retirada das suas tropas. A aparente melhora na situação, no entanto, durou pouco. A Otan e os Estados Unidos acusaram o governo russo de não só blefar na retirada como de aumentar a presença militar na região.

Joe Biden engrossou o tom do discuro e foi categórico ao dizer que todos indícios ainda apontam para que uma invasão aconteça nos próximos dias. Enquanto isso, os russo expulsaram do país o diplomata Bart Gorman, vice-chefe da chanceleria dos EUA em Moscou. As esperanças de uma resolução pacífica diminuíram.

O mercado reagiu mal, e as bolsas americanas amargaram no vermelho. Para piorar, no fim do pregão, a Rússia enviou uma resposta formal aos americanos, em que nega veemente um plano de invasão… Mas disse que pode recorrer a “medidas técnico-militares” não especificadas caso as negociações não avancem. O governo de Putin tem uma série de exigências para o Ocidente, envolvendo principalmente garantias de que a Otan não vai se expandir para o leste.

A ameaça de “medidas técnico-militares” – que todo mundo entende como guerra, é claro – azedou ainda mais o clima e aprofundou as perdas dos índices americanos no final do pregão. O S&P 500 caiu mais de 2%, enquanto o Nasdaq afundou quase 3%.

Por aqui, o Ibovespa não resistiu e fechou em queda de 1,43%, devolvendo parte dos ganhos de sete pregões no azul. O destaque positivo ficou para a Totvs, que subiu 5,8% após divulgar eu balanço trimestral e mostrar alta de  30,9% no lucro na comparação anual, e 41,5% em relação ao trimestre anterior. Os resultados surpreenderam o mercado, e o papel recebeu recomendação de compra da XP, BofA, Citi e BTG.

Continua após a publicidade

Até amanhã!

Maiores altas

Totvs (TOTS3): 5,81%

Marfrig (MRFG3): 4,22%

EDP Brasil (ENBR3): 3,63%

Continua após a publicidade

Sabesp (SBSP3): 1,68%

Petz (PETZ3): 1,67%

Maiores baixas

CSN (CSNA3): -5,85%

Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -5,39%

Continua após a publicidade

Gerdau (GGBR4): -5,32%

Eztec (EZTC3): -4,30%

Vale (VALE3): -4,30%

Ibovespa: -1,43%, aos 113.528

Em Nova York

Continua após a publicidade

S&P 500: -2,12%, aos 4.380 pontos

Nasdaq: -2,88%, aos 13.716 pontos

Dow Jones: -1,78%, aos 34.311 pontos

Dólar: 0,76%, a R$ 5,1669

Petróleo

Brent: -1,94%, a US$ 92,97

WTI: 1,95%, a US$ 90,04

Minério de ferro: -6,39%, a US$ 130,12 por tonelada no porto de Qingdao (China)

Publicidade