Mercado aceita destino traçado pelo Fed e bolsas voltam a subir
Não tem para onde fugir: as taxas de juros vão aumentar lá nos EUA. Ibovespa se apoiou na alta de 5% da Petro para fechar o dia no positivo.

Já dizia o meme: “reage, mulher, bota um cropped”. Pois bem, depois de dois dias sofrendo pelo Federal Reserve, os investidores reagiram e aceitaram a realidade. O banco central dos EUA está pronto para intervir de forma mais agressiva para conter a inflação. Agora é vida que segue e bolsa que sobe.
O mercado enfim digeriu a ata divulgada ontem pelo Fed indicando que as taxas de juros vão ficar mais altas sim. A projeção é que na reunião de maio, a autoridade monetária amplie a taxa em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa, que atualmente, está no patamar entre 0,25% e 0,50% ao ano, passaria para a faixa de 0,75% a 1%.
O Fed também se prepara para encolher seu balanço patrimonial em mais de US$ 1 trilhão por ano. O banco central possui um balanço de US$ 9 trilhões, incluindo US$ 4 trilhões em compras de ativos acumulados para acalmar o mercado durante a pandemia.
A guerra entre Rússia e Ucrânia também continua no radar dos investidores, claro. Enquanto os países não chegam a um acordo de paz, o ocidente segue pressionando Putin através de sanções econômicas.
Os líderes do G7 afirmaram que o grupo irá vetar novos investimentos na Rússia (inclusive no setor de energia), aumentará as restrições à importação de uma série de itens russos e aplicará mais sanções contra indivíduos – as filhas de Putin, por exemplo, entraram na lista de pessoas que tiveram seus bens confiscados, sob o pretexto de que poderiam estar escondendo parte da riqueza do pai.
No início da tarde, o Senado americano aprovou um projeto de lei que retira da Rússia e a Bielorrússia o status comercial de nações mais favorecidas. Isso significa que os EUA podem impor tarifas mais altas sobre as importações dos dois países. Também foi reforçada a proibição de compra de petróleo, gás natural e frutos do mar vindos da Rússia.
Resultado: depois de uma manhã instável, as bolsas conseguiram se segurar no positivo. Lá em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,43%; já a Nasdaq ficou estável em 0,06%. Por aqui, o Ibovespa também interrompeu as quedas e avançou 0,54%, a 118.862 pontos.
Fim da novela?
Quem ajudou a bolsa a fechar no positivo foi a Petrobras: o mercado reagiu bem à escolha do novo comando da companhia. E, apesar da queda de 0,48% no petróleo após a AIE (Agência Internacional de Energia) confirmar a liberação de 240 milhões de barris das suas reservas estratégicas, as ações da estatal avançaram 5,10% (PETR4) e 5,01% a PETR3. O combo responde por 10,85% das ações listadas no Ibovespa.
Para substituir o general Joaquim Silva e Luna, o escolhido foi José Mauro Coelho. Ele foi funcionário público por 14 anos – trabalhou na EPE (Empresa de Pesquisa Energética), onde chegou à diretoria de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, e foi secretário do Ministério de Minas e Energia. Atualmente, ele é presidente do Conselho de Administração da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.).
Coelho tem experiência no setor e já defendeu publicamente a política de preços da Petrobras – esse é o principal motivo de interferência do presidente Bolsonaro na companhia e foi o que causou a demissão de Silva e Luna. A indicação foi bem aceita pelos investidores e ajudou a encerrar as incertezas sobre a estatal.
O governo queria Adriano Pires no comando da Petro e Rodolfo Landim para a presidência do Conselho de Administração, mas ambos rejeitaram o convite alegando conflitos de interesses. O novo indicado para liderar o conselho é Márcio Andrade Weber, que já integra o colegiado.
Essa dança das cadeiras levou os papéis da companhia a desvalorizarem 3% em quatro dias. Virou coisa do passado com a alta de hoje. Outra que reagiu. Até amanhã.
Maiores altas
Braskem (BRKM5): 6,87%
Petrobras PN (PETR4): 5,10%
Petrobras ON (PETR3): 5,01%
Natura (NTCO3): 3,91%
Azul (AZUL4): 3,69%
Maiores baixas
Hapvida (HAPV3): -3,23%
IRB Brasil (IRBR3): -2,95%
MRV (MRVE3): -2,57%
Metalúrgica Gerdau (GOAU4): -2,34%
Alpargatas (ALPA4): -2,29%
Ibovespa: 0,54%, a 118.862 pontos
Em NY:
S&P 500: 0,43%, a 4.500 pontos
Nasdaq: 0,06%, a 13.897 pontos
Dow Jones: 0,25%, a 34.584 pontos
Dólar: 0,53%, a R$ 4,7399
Petróleo
Brent: -0,48%, a US$ 100,58
WTI: -0,21%, a US$ 96,03
Minério de ferro: -1,71%, US$ 143,42 no porto de Qingdao (China)