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Melhora na perspectiva da S&P e estímulos na China prometem dia ensolarado

BC chinês corta os juros de médio prazo e minério amanhece em alta. Mais: entenda a sopa de letrinhas das agências de risco.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 21 out 2024, 10h27 - Publicado em 15 jun 2023, 08h47
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Foi uma injeção de adrenalina no músculo cardíaco. Por volta das 16h20 de ontem, quando veio a notícia de que a agência de risco S&P tinha melhorado a perspectiva para o Brasil, o dólar estendeu sua queda em quase 1 ponto percentual, fechando o dia em queda de 1,14%, a R$ 4,80. 

A bolsa tinha roçado os 119 mil pontos lá pelo meio dia, caiu para 117 com o anúncio misto do Fed (na linha, “hoje não sobe os juros, mas amanhã é outro dia“) e, com o afago, da S&P, voltou pimpona aos 119k.

E os juros futuros tombaram, baixando as taxas (e aumentando o valor de face) dos títulos públicos prefixados e de inflação. O Renda+2030, por exemplo, vinha operando em 5,61%. Fechou o dia em 5,54%.

Como a virada de chave rolou aos 40 do segundo tempo, a tendência é que o time dos ativos financeiros entre em campo ainda embalado para a partida de hoje. E com um novo centroavante: a China. Depois de ter cortado seus juros de curto prazo na terça – em 10 pontos-base, para 1,9% –, hoje o BC chinês abateu também 10 pontos-base dos juros de médio prazo (um ano), para 2,65%.

O estímulo já se refletiu no minério de ferro, que amanheceu em alta de 1,43% – uma nova lufada de ar fresco para Vale e cia. 

A sopa de letrinhas 

AAA, AA, A, BBB, BB… As notas das agências representam o risco de cada governo dar calote. Ou quase isso. Governos podem, em última instância, imprimir dinheiro para honrar suas dívidas. Mas isso equivale a calote (como o próprio Haddad já lembrou): ao produzir grana para esse fim, o governo desvaloriza a moeda de seu país, cria inflação. E o credor se trumbica de qualquer jeito, pois o dinheiro que recebe já nasce valendo menos.

Por conta de seu histórico inflacionário, o Brasil tem uma nota baixa nos rankings das agências. No caso lá da S&P é BB- (os sinais de “+” e “-” refinam a escala, já que cada nota pode vir acompanhada de um sinal positivo ou negativo). 

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Mas a S&P e suas equivalentes não dão só a nota. De tempos em tempos, divulgam a chance de o país subir de degrau. Até ontem, a perspectiva do Brasil nesse quesito era considerada “estável” (um eufemismo para “sem chance”). Ontem, essa avaliação subiu para “positiva”, ou seja, um indicativo de que há uma possibilidade concreta de subir de BB- para BB. 

BB- é o mesmo patamar da Colômbia e da África do Sul. Abaixo disso, em B ou B-, há vários países da África subsahariana: Congo, Angola, Uganda. A Argentina está pior: CCC. 

Acima de nós, em BBB, temos México e Arábia Saudita, por exemplo. Na América Latina, o melhor é o Chile, com A. A melhor classificação, AAA, fica com Alemanha, Holanda, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, Austrália, Canadá e só. Os EUA, com sua dívida em mais de 120% do PIB, fica “apenas” com AA. 

Que saiamos logo da turma do fundão. 

Em tempo: as bolsas dos EUA começam o dia em baixa. São elas que costumam dar o tom da manhã nos mercados. Mas para o Brasil, excepcionalmente, o dia amanhece ensolarado, dado o que vimos aqui. 

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

S&P 500: -0,41%

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Nasdaq: -0,68%

Dow Jones: -0,24%

*às 8h24

market facts
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

A lista dos carros com desconto

O governo divulgou o rol de automóveis que passaram a ser vendidos com abatimento – em relação aos preços de antes do “programa carro mais barato”. São 31 modelos, em 233 versões. Os cortes vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil sobre o preço final. Veja aqui a lista completa, organizada pelo valor de desconto.  

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Quanto mais barato é o carro, maior o abatimento que o governo patrocina – também consideram o total de componentes nacionais no veículo e a “eficiência energética” (ou seja, consumo de combustível). 

O maior desconto, de R$ 8 mil, rola para o Renault Kwid 1.0 versão Zen e o Fiat Mobi 1.0, versão Like – as variantes mais espartanas desses modelos. 

Algumas montadoras estão oferecendo cortes extras para ganhar terreno. Exemplo prático: o preço da Renault para o Kwid Zen, modelos mais barato do país, era de R$ 68.990. Agora caiu para R$ 58.990 (o desconto de R$ 8 mil mais um abatimento de R$ 2 mil da montadora). 

O menor abatimento, de R$ 2 mil, foi para o Chevrolet Spin 1.8 (LT e LTZ) e para o Hyundai HB20 1.0 (versões Comfort e Platinum).      

O programa do governo consiste em dar créditos tributários às montadoras em troca dos descontos. Até agora, as montadoras já reservaram R$ 150 milhões desses cortes em impostos. O programa termina quando o volume de benesses chegar a R$ 500 milhões. 

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Nota: boa parte dos compradores dos carros com desconto patrocinado devem ser locadoras de veículos e frotas de empresas. Com isso, a iniciativa transfere dinheiro da União para esses agentes econômicos (além das montadoras). Dinheiro que, se era para ser gasto, poderia ter ido para programas sociais voltados às camadas mais pobres da população. R$ 58 mil, afinal, ainda é um valor salgado. Para a maioria, segue valendo mais a pena buscar boas opções no mercado de usados.    

Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Europa, 9h15: BCE divulga sua nova taxa de juros.

EUA, 9h30: Pedidos de entrada no seguro desemprego na semana passada.

Europa

Londres (FTSE 100): 0,02%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,69%

Bolsa de Paris (CAC): -0,82%

*às 8h33

Fechamento na Ásia
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,59%

Hong Kong (Hang Seng): 2,17%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,05%

Commodities
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Brent: 0,76% a US$ 73,96 o barril

*às 8h34

Minério de ferro: 1,43%, a US$ 113,96 a tonelada, na bolsa de Dalian

*às 7h00

Vale a pena ler:
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Rédeas para a IA

A ascensão do ChatGPT colocou governos do mundo todo em uma corrida para regular Inteligência Artificial. Projetos já tramitam na União Europeia e no Brasil – e até os EUA, a terra da não intervenção do Estado, planeja domesticar a IA, por conta dos riscos que a tecnologia pode oferecer. Entenda melhor neste texto da Você S/A

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