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Ibovespa sobe 1,99% e se aproxima dos 120k. Dólar cai a R$ 4,80

Alta vem na esteira de melhora do país no rating da S&P. Moeda americana tomba 1,14% e serve de combustível para as aéreas. GOLL4 avança 11,80%.

Por Camila Barros, Alexandre Versignassi
Atualizado em 14 jun 2023, 20h39 - Publicado em 14 jun 2023, 17h52

A S&P concedeu uma promoção ao Brasil. Ela é uma das agências de risco globais que dão notas para a capacidade de solvência da dívida pública. A do Brasil segue baixa (em BB-, que indica vulnerabilidade). O que mudou foi a “perspectiva”, ou seja, a chance que a agência vê de o país subir de degrau. 

Até agora, ela estava como “estável”. Subiu para “positiva”. A justificativa foi o crescimento do PIB aliado às medidas para o controle da situação fiscal. 

A chegada do anúncio, um pouco depois das 16h, fez o Ibovespa saltar de 117 mil pontos para os 119.068 mil do fechamento, o que elevou os ganhos deste mês de junho a 9,9%. É a primeira vez que o índice fecha acima dos 119 mil pontos desde 21 de outubro do ano passado.      

Já o dólar caiu vertiginosos 1,14%, a R$ 4,80. Mais sobre isso adiante.  

Fed day

Depois de 10 altas consecutivas, o Fed decidiu manter seus juros no intervalo entre 5,00% e 5,25% nesta quarta. 

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A pausa no ciclo de altas já era esperada: momentos antes do anúncio do BC americano, 95,6% dos investidores apostavam na manutenção. Ainda assim, o resultado não agradou as bolsas americanas, que começaram a cair logo após a divulgação. O S&P 500, de qualquer forma, ensaiou uma reação e fechou perto do zero (0,08%). 

A Nasdaq foi melhor: 0,39% com uma bela força da mania em torno das ações de IA. A Nvidia, a carro chefe do “setor”, subiu quase 5% (de novo). O P/L da fabricante de chips essenciais para o treinamento de sistemas como o ChatGPT já está em borbulhantes 220. 

O que surpreendeu foi o dot plot (gráfico de pontos) do Fed. Trata-se de um documento divulgado a cada três meses, mostrando os pareceres dos membros do Fomc (o Copom deles) sobre o futuro da economia – como inflação, crescimento econômico e, principalmente, taxa de juros (“principalmente” porque as taxas são eles que decidem). 

O novo dot plot mostrou que 9 dos 18 dirigentes veem os juros a 5,6% ao final do ano. Outros 3 apostam na taxa acima do patamar de 5,75%. Isso significa que, para dois terços do colegiado, o Fed deve retomar o ciclo de altas nas próximas reuniões – que vão rolar em setembro, outubro e dezembro. 

O lado meio cheio desse copo: o dot plot também mostrou que os juros americanos provavelmente estão próximos do pico – a perspectiva do Fomc para 2024, que é logo ali, está em 4,6%, uma taxa menor que a atual. Isso também ajudou na queda do dólar.

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VALE3: 1,75%

Ao lado de outras companhias no setor de mineração e siderurgia, a Vale subiu 1,75% –  alta puxada pelo minério de ferro, que subiu 1,51% na bolsa de Dalian. A commodity metálica vem surfando na expectativa de que a China implemente políticas de estímulo à indústria para impulsionar seu crescimento pós-Covid. 

Para bancar a recuperação, o país tem aumentado seus empréstimos bancários, de acordo com dados divulgados pelo Banco do Povo da China. Em maio, os empréstimos subiram para 1,36 trilhão de iuanes (uns US$ 190 bilhões) – mais do que em abril, mas menos do que as expectativas. 

Mais: na terça, pela primeira vez em dez meses, o BC chinês reduziu suas taxas de empréstimo de curto prazo – e deixou o mercado esperando que venha mais por aí. 

Da turma metálica, além da Vale, tivemos CSNA3 com 3,73%; GGBR4, 3,54%; GOAU4, 3,59%; USIM5, 1,51% e CMIN3 com 1,81%.  

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PETR4: 4,30%

A Petrobras subiu com força – descolada do petróleo, que registrou queda de -1,47% durante o dia. 

A companhia vem passando por um rali de altas sustentado pelas bênçãos de dois bancões gringos. Na semana passada, analistas do Morgan Stanley elevaram a recomendação dos ADRs da Petrobras de neutro para compra, com preço alvo em US$ 16,50 – 19% acima dos atuais US$ 13,90. Nesta semana, o JP Morgan fez o mesmo para as ações (PETR3 e PETR4), além das ADRs da companhia. Os analistas enxergam os papéis PETR4 a R$ 41 – valor 36% maior que o do fechamento de hoje.

Enquanto isso, a estatal segue no meio de uma disputa pela Braskem, gigante do setor petroquímico. No sábado, a Unipar, outra petroquímica brasileira, registrou uma oferta de R$ 10 bilhões em dinheiro para adquirir uma fatia da Braskem – que atualmente é controlada pela Novonor (antiga Odebrecht) e pela Petrobras. 

A Novonor tem 50,1% das ações ordinárias (que dão direito a voto), enquanto a Petro fica com 47%. Só 2,9% das dessas ações circulam no mercado. 

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Só que a Novonor, em recuperação judicial, precisa vender sua fatia da companhia para fechar as contas com seus bancos credores. A Unipar quer comprar, mas, agora, a Petrobras considera impedir. Jean Paul Prates, presidente da companhia, disse que a empresa avalia a possibilidade de cobrir a oferta da Unipar.

Dólar a R$ 4,80

A baixa do dólar deu ainda mais fôlego para o rally das aéreas – que têm boa parte de seus custos (e de suas dívidas) em moeda americana. 

GOLL4, que já subiu 34% só em junho, ganhou mais 11,80% hoje. AZUL4 cravou 8,66%, e sobe 18% no mês.

Enquanto a mania lá fora é por IA, por aqui tem sido aviação mesmo. A ver se, tal como Ícaro, estão chegando perto demais do Sol.   

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Até amanhã!

 

Maiores altas

Gol (GOLL4): 11,80%

Yduqs (YDUQ3): 9,86%

Azul (AZUL4): 8,66%

Hapvida (HAPV3): 8,31%

Locaweb (LWSA3): 8,01%

 

Maiores baixas

Cielo (CIEL3): -2,35%

CVC (CVCB3): -1,91%

Suzano (SUZB3): -0,85%

SLC Agrícola (SLCE3) -0,71%

CCR (CCRO3): -0,63%

 

Ibovespa: 1,99%, a 119.068 pontos. 

 

Em NY:

S&P 500: 0,08%, a 4.372 pontos

Nasdaq: 0,39%, a 13.626 pontos

Dow Jones: -0,68%, a 33.980 pontos

 

Dólar: -1,14%, a R$ 4,80

 

Petróleo

Brent: -1,47%, a  US$ 73,20 o barril 

WTI: -1,66%, a  US$ 68,27 o barril 

 

Minério de ferro: -1,51%, a US$ 112,34 a tonelada na bolsa de Dalian

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