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Medo do Fed derruba bolsas e Ibov cai 0,58% – mas Brasil tem mais motivos para temer

Economia brasileira dá mais sinais de piora, BC prevê juros maiores e diz que isso é perigoso para o país. Resultado: dólar dispara e cola em R$ 5,70.

Por Tássia Kastner
14 dez 2021, 18h41
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 (Caroline Aranha/VOCÊ S/A)
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A culpa é do Fed. Investidores do mundo todo estão ansiosos com a decisão do Banco Central americano, que sai amanhã. Agora, já são dois dias seguidos de baixa nas bolsas de valores. Só hoje, -0,74% (caso do S&P 500) e -1,15% (Nasdaq). Aqui, -0,58% para o Ibov.

E existem motivos para a ansiedade. Pela manhã, dados de inflação dos EUA mostraram que os preços continuam a subir de forma sustentada. Os preços ao produtor (um indicador primo do nosso IGP-M) subiram 9,6% em novembro ante novembro de 2020, a maior alta da série histórica iniciada em 2021. 

Era o sinal que investidores esperavam para redobrar a aposta de que o Fed vai acelerar a retirada de estímulos à economia americana. 

O BC dos EUA vinha injetando dinheiro no mercado por meio de um programa de compra de títulos. Desde o começo da pandemia, entravam US$ 120 bilhões todos os meses na economia, à medida em que ele comprava esses papéis e pagava com dólares. No mês passado, ele deu o primeiro passo de desmame, comprando US$ 15 bilhões a menos. Agora, o mercado financeiro espera que ele dobre esse valor, deixando US$ 90 bilhões em compras.

Só que isso significa uma menor irrigação de recursos que alimenta a alta das bolsas e outros ativos de risco. A outra questão é que isso também acelera a possibilidade de alta de juros nos EUA. Aí o calo aperta.

É que juro mais caro afeta a disposição de investidores em pagar caro por ações de empresas. Nisso, quem já subiu muito tende a sofrer. Não à toa, entre os maiores tombos do dia ficaram big techs como Microsoft e Google. A Apple também caiu, e vai se afastando do valor de mercado de US$ 3 trilhões que ocupou o noticiário desde o final da semana passada – marca que ainda não foi atingida. E funciona como um efeito cascata, levando todo mundo que é de tech junto para a lona. Não à toa, as nossas maiores quedas hoje foram de Banco Pan, Locaweb, Méliuz e Banco Inter – todos posicionados hoje como empresas tech da bolsa.

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Brasil

O Ibovespa até começou o dia em alta e chegou a beirar os 110 mil pontos, mas com o medo de uma guinada mais brusca lá no mercado americano, o jogo virou. Não que faltem motivos tupiniquins para a nova baixa.

Pela manhã, o IBGE mostrou que o setor de serviços do país encolheu 1,2% em outubro, a maior queda desde 2016, aumentando a distância do nível pré-pandemia. O dado confirma uma desaceleração da atividade econômica do país também no quarto trimestre. No terceiro tri, o país entrou em recessão técnica.

O detalhe é que a inflação continua bombando (acima de 10%), o que coloca o país em um quadro realmente explosivo: o de estagflação, quando a economia vive inflação e não cresce ao mesmo tempo.

E o problema é que a parte da recessão tem tudo para piorar. Nesta terça, o Banco Central divulgou a ata da reunião da semana passada, aquela em que decidiu pela alta da taxa de juros para 9,25% ao ano. No documento, o BC reafirmou que fará tudo que for necessário para baixar a inflação – e que considerou subir a Selic em mais que o 1,5 ponto percentual aplicado. Juro alto, porém, significa paralisar a economia na marra, justamente para frear a inflação. 

E existe um segundo efeito colateral desse combo: juro alto e crescimento baixo fazem a dívida pública ficar insustentável, já que as despesas do governo só para quitar os juros são maiores do que a receita que ele gera.

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Justamente por esse risco é que hoje a agência de classificação de risco Fitch reafirmou a nota do Brasil, ameaçando usar da perspectiva negativa para rebaixá-la. Agências de risco têm a missão de avisar investidores do risco de calote caso invistam em um determinado tipo de dívida, empresa ou país. A nota do Brasil já é especulativa – e considerada altamente arriscada – BB-. Agora, o que a Fitch disse é que a nota continua igual, mas que poderá baixá-la caso a situação do país piore – e tá com cara de que vai piorar.

Para além das questões do Banco Central, o fato é que o governo brasileiro não fecha a torneira de gastos. Pelo contrário, continua a abrir cada vez mais. Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro voltou a prometer aumento para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e ainda a Polícia Criminal, considerada base de apoio. Há ainda o pagamento desenfreado de emendas a parlamentares para conseguir a aprovação da PEC dos Precatórios, que serve justamente para gastar ainda mais no ano eleitoral.

Resultado é que, além da queda da bolsa, o dólar disparou e passou a flertar com os R$ 5,70 apesar da intervenção do Banco Central no mercado. O detalhe curioso é que o BC colocou à venda no mercado à vista US$ 1 bilhão, mas vendeu de fato apenas a metade. Um sinal de que  investidores não precisam de verdinhas no presente. Estão é com medo do que os espera no futuro.

Até amanhã.

Maiores altas

Marfrig (MRFG3) 6,39%

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JBS (JBSS3) 4,86%

BRF (BRFS3) 3,68%

Rumo (RAIL3) 2,54%

Bradesco (BBDC4) 1,66%

Maiores baixas

Banco Pan (BPAN4)  -12,18%

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Locaweb (LWSA3) -11,11%

Méliuz (CASH3) -10,68%

Banco Inter (BIDI11) -8,29%

Banco Inter (BIDI4) -7,67%

Ibovespa:  -0,58%, a 106.758 pontos

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Nova York

Dow Jones: -0,30%, a 35.546 pontos

S&P 500: -0,74%, a 4.634 pontos 

Nasdaq: -1,14%, a 15.238 pontos

Dólar: 0,35%, a R$ 5,6937

Petróleo

Brent: -0,93%, a US$ 73,70

WTI: -0,79%, a US$ 70,73

Minério de ferro: -2,01%, a US 111,90 por tonelada no porto de Qingdao, na China

  

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