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JPMorgan, Citi e Wells Fargo abrem temporada de balanços do 1T23 nos EUA

Enquanto NY aperta os cintos para conhecer as consequências da crise recente para os bancões, Haddad (na China) e os dirigentes do Banco Central (nos EUA) têm a discussão de sempre sobre IPCA e cortes na Selic. Por fim, a LDO de 2024, com o novo arcabouço fiscal, chega hoje ao Congresso. 

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
14 abr 2023, 08h07

A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 começa hoje nos Estados Unidos, sem piedade: JPMorgan, Citi e Wells Fargo apresentam seus resultados antes do início do pregão. S&P 500 e Nasdaq marcavam respectivamente -0,17% e -0,41% às 7h36 da manhã. Será uma oportunidade de aferir os resultados do Deus-nos-acuda que se instalou no ecossistema bancário do Ocidente, com a falência do Silicon Valley Bank e na aquisição do Credit Suisse pelo UBS. 

Comentamos ontem no fechamento de mercado, mas vale reforçar: analistas consultados ontem pela Bloomberg calculam que a grana total depositada por clientes nessa trinca de bancões americanos caiu US$ 521 bilhões no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Se isso realmente acontecer, será a maior contração em mais de dez anos. 

Quando um efeito dominó de falências ameaça se instalar no sistema bancário, é natural que os clientes saquem a grana que confiaram mesmo às instituições mais sólidas – temerários de que, em caso de quebradeira, não vejam mais a cor do dinheiro. O problema é que essa avalanche de saques esgota a poupança das instituições e reforça o problema que a causou em primeiro lugar. É uma bola de neve, que o Fed tentou evitar a qualquer custo – entenda aqui. Esse é o motivo, claro, dos governos terem planos B como o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), cuja versão americana garante depósitos de até US$ 250 mil dólares caso um banco evapore. 

Outro problema é a disponibilidade de crédito entre bancos. Normalmente, essas instituições fazem uma ciranda de empréstimos ao final do dia para que todas durmam no verde. Eles são pagos no dia seguinte, a juros baixíssimos. Mas, quando o pânico se instala e você não sabe se seu credor vai amanhecer falido, é melhor abraçar as verdinhas à todo custo. 

Os balanços vão nos dizer, em números, quais foram as consequências desses processos. Nesse caso, porém, há um lado bom em resultados ruins: eles são mais um argumento na longa lista de motivos para o Fed interromper o ciclo de alta na taxa básica de juros americana, que foi justamente a responsável por sufocar o SVB. 

Os argumentos vêm se empilhando nesta semana: ontem, a inflação ao produtor (PPI) foi uma deflação ao produtor – os preços caíram 0,5% em relação a fevereiro. E o número de pedidos de auxílio-desemprego cresceu após três semanas de estabilidade, sinal de que a economia está esfriando. Hoje, finalmente, teremos o dado de vendas do varejo às 9h30, que é outro termômetro importante para o Banco Central americano, bem como uma prévia do Índice de Sentimento do Consumidor de abril, calculado pela Universidade de Michigan.

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Brasil 

O dia também será animado por aqui – ou melhor, já está animado, porque Lula está no fuso horário de Pequim. Ele e Haddad encontraram o presidente Xi Jinping às 5h45 no horário de Brasília e assinaram 15 acordos bilaterais em diversas áreas, que totalizam cerca de US$ 50 bilhões em investimentos. Conforme escrevemos este texto, às 7h23, os dois estavam em um jantar oficial. 

Tanto Haddad quanto Tebet cobraram que o BC comece a derrubar a Selic, de olho no resultado exemplar do IPCA de março, que fez o Ibovespa disparar 4,29% na terça. Dois cabeças do Banco Central – Fernanda Guardado e Diogo Guillem, integrantes da comitiva de Campos Neto que também está em viagem oficial, em Washington, para um reunião do FMI –, responderam prontamente com o discurso hawkish de sempre: não vão tomar decisões precipitadas, ainda que a alta nos preços e o câmbio com o dólar tenham dado sinais de cansaço. 

Guillem mencionou como preocupações centrais a inflação de serviços e o núcleo da inflação (um dado que exclui os preços mais voláteis de energia e alimentação, que sofrem variações sazonais desassociadas do contexto macroeconômico). Por coincidência, Guillem terá de imediato alguns dos dados que deseja: o IBGE publica hoje, às 9h, sua Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de janeiro. 

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Tudo isso enquanto a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, que inclui o novo arcabouço fiscal, chega ao Congresso. Vai ser difícil sair para o happy hour com esse noticiário. 

Bom pregão! 

Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,22%
Futuros Nasdaq: -0,38%
Futuros Dow: -0,24%

*às 7h47

market facts

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Novo competidor 

A Amazon está oficialmente na corrida por IA generativa – o tipo de tecnologia que consegue criar conteúdo original, como o ChatGPT (de textos) e o DALL-E (de imagens). Diferente das outras big techs, a ideia não é lançar um chatbot próprio. A empresa pretende disponibilizar dois novos modelos de linguagem Amazon Web Services, sua plataforma de computação em nuvem, para que os clientes possam criar seus próprios robôs.

E o efeito mágico das palavrinhas inteligência e artificial sobre Wall Street funcionou mais um vez: depois do anúncio, as ações da companhia subiram 4,67% na Nasdaq, a US$ 102,40.

Agenda

Brasil, 9h: Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de janeiro do IBGE;
EUA, 9h30: vendas do varejo em março;
EUA, 11h: prévia do Índice de Sentimento do Consumidor de abril;

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,26%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,36%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,29%

Bolsa de Paris (CAC): 0,27%

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*às 7h48

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,57%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,54%

Hong Kong (Hang Seng): 0,46%

Commodities

Brent: 0,31% a US$ 86,40 o barril

*às 7h51

Minério de ferro: 0,04%, a US$ 116,35 a tonelada, na bolsa de Cingapura

-
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

EUA, antes do início do pregão: JPMorgan, Wells Fargo, Bank of America, BlackRock e UnitedHealth

Vale a pena ler:

O fim da parceria de 23 anos

O Softbank, grupo japonês que investe em empresas de tecnologia, está se desfazendo de suas ações da Alibaba, a gigante chinesa do e-commerce. A meta é reduzir a participação para 3,6% – no auge, ela já foi de 34%. A parceria, que começou em 2000, já foi um dos investimentos mais bem sucedidos do Softbank. Só que a coisa desandou: no fim de 2022, as ações da tech caíram para o menor nível em seis anos, e agora a empresa tenta uma reestruturação mirando em novos produtos. 

O Softbank também não anda lá essas coisas. O grupo sofreu um baque desde o início do ciclo de alta de juros ao redor do mundo, já que boa parte de seu portfólio é de ativos de risco, como startups e criptomoedas – que são os primeiros a sofrer quando o dinheiro fica mais escasso. Agora, o conglomerado aposta suas fichas na abertura de capital da ARM, sua companhia de produção de chips. O Financial Times conta a história da relação entre Alibaba e Softbank – e o que deve rolar após o divórcio. 

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