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JPMorgan também pede a Petrobras em namoro, e Ibovespa emenda 7ª alta consecutiva

Banco americano se junta ao Morgan Stanley e recomenda PETR4. Ação avança mais 1,75%, em dia de nova queda no petróleo: -3,95%. Braskem sobe 6% com proposta da Unipar.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 12 jun 2023, 17h59 - Publicado em 12 jun 2023, 17h51

Depois de o Morgan Stanley ter recomendado Petro, na semana passada, hoje foi a vez do outro Morgan, o JP. O banco subiu a avaliação de neutra para overweight, o equivalente a “compra”. Também elevou seu preço-alvo de R$ 30,50 para R$ 41. 

Resultado: PETR4, que já vinha subindo com força, ganhou mais 1,75%, a R$ 30,81. Caso o preço-alvo do JPMorgan se concretize em algum momento, a alta em relação ao fechamento de hoje será de 33% (a diferença entre preço alvo e ficção científica é inexistente, mas não custa mencionar). 

Com a Petrobras navegando tranquila, o Ibovespa cravou sua 7ª alta seguida, 0,27%. O índice segue invicto em junho – todos os pregões do mês dedicado à deusa romana Juno terminaram no verde.     

E a nova alta da Petrobras se deu num dia de baixa feroz do petróleo, -3,95% para o Brent; -4,35% para o WTI. O mau humor com o barril veio na esteira de um relatório do Goldman Sachs com perspectivas de baixa na demanda (principalmente da China) e alta na oferta – com Rússia, Irã e Venezuela, de acordo com o banco, tendendo a aumentar sua produção.         

Com isso, as outras petroleiras do Ibov entre as maiores baixas do dia – PRIO3 (-3,89%) e RRRP3 (-2,30%). 

O dia também não foi dos melhores para VALE3. Os temores em relação à economia chinesa seguem derrubando a cotação do minério de ferro (-1,81% hoje na bolsa de Dalian). E as ações da maior exportadora global dessa commodity foram junto, de mãos dadas: -1,81%.

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BRKM5: 6,01%

Na outra ponta, a das maiores altas, a Braskem liderou. Motivo: a Unipar Carbocloro fez uma boa oferta à Novonor (antiga Odebrecht) pelo controle da petroquímica, e divulgou no sábado. A Novonor, em recuperação judicial é a maior acionista da Braskem, com 38,3% das ações (nesse bolo, estão 51% dos papéis com poder de voto, o que confere à ex-Odebrecht o controle acionário). 

Como a empresa está em recuperação judicial, essas ações constam como garantia aos bancos credores – então qualquer acordo depende da anuência deles.

Em segundo lugar na estrutura acionária vem a Petrobras, com 36,1% (e 47% do capital votante). Guarde essa informação.

A Unipar deseja adquirir 34,3% do capital (incluindo aí os papéis necessários para ter 51% dos votos). A Novonor, pelos termos da proposta, permaneceria com 4%. A fabricante de cloro, PVC e soda cáustica ofereceu R$ 36,50 por ação – um valor 42% acima do preço de fechamento da última sexta. Com isso, BRKM5 fechou em alta de 6,01%

Bom, excluindo os papéis em tesouraria, existem 796,5 milhões de ações da Braskem. 34,3% disso significa 273,2 milhões de papéis. A R$ 36,50 cada um, temos que a Unipar está oferecendo R$ 10 bilhões pelo controle da Braskem, e o direito a pouco mais de um terço dos lucros. 

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Só tem um ponto: a Unipar não quer que a Petrobras exerça seu direito de tag along, de acordo com a Novonor. Tag along é quando você, comprador da fatia de uma empresa, é obrigado a fazer uma oferta igual aos donos das demais fatias. Como a Petrobras detém aqueles 36% da companhia, a Unipar precisaria desembolsar mais R$ 10,4 bilhões caso a estatal deseje exercer seu direito de venda. De qualquer forma, é possível que os acionistas minoritários (donos de 2,9% das ações ON, com direito a voto, e 25,6% do total, que inclui as preferenciais, sem direito a voto). E aí o montante a ser gasto pela Unipar tende a subir. 

Não se trata de uma proposta trivial, já que a Unipar é uma empresa bem menor que a Braskem. Seu valor de mercado está em R$ 7,6 bilhões. O da petroquímica, em R$ 21,8 bilhões. A diferença em Ebitda é ainda maior: a Unipar fez R$ 2,6 bilhões em 2022 por esse critério contábil. A Braskem, R$ 10 bilhões (ela divulga o Ebitda em dólar, e o que tivemos no ano passado foram US$ 2,06 bilhões).

A Unipar (UNIP6) praticamente não tem dívida líquida. São R$ 1,4 bilhão de dívida bruta versus R$ 1,4 bilhão em caixa. A eventual compra do controle da Unipar, naturalmente, acabaria com isso. Fechando por R$ 10 bilhões, a empresa passaria a ter uma dívida líquida equivalente a 4x o Ebitda – alta para os padrões do mercado, que não vê com bons olhos qualquer coisa que passe de 2x.            

Seja como for, UNIP6 (que não faz parte do Ibovespa) também fechou apontando para cima: 3,14%. 

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Focus

Após o IPCA alvissareiro de maio (0,23%, que baixou a inflação acumulada nos últimos 12 meses para 3,94%) as previsões do Boletim Focus vieram mais brandas, como era de se esperar. A pesquisa semanal que o BC faz com 140 instituições financeiras aponta agora para uma inflação em 5,42% para o final do ano. Na semana passada, a mediana dos palpites indicava 5,69%. Há um mês, 6,03%.

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Sim, os 5,42% estão bem acima dos atuais 3,94%. Isso rola porque houve deflação nos meses de julho, agosto e setembro de 2022, na esteira do subsídio aos combustíveis. Com o tempo, as porcentagens negativas desses meses vão sair da conta, e o índice em 12 meses sobe – a não ser que as deflações se repitam. Não é algo provável, nem desejável, pois indicaria uma ameaça de recessão (inflação boa, afinal, é inflação dentro da meta, não IPCA negativo).

Já a previsão para a Selic ao final do ano segue inalterada, em 12,5%. E o Focus ainda prevê que ela fique nos dois dígitos até o fim de 2024 (10%). 

Já para prazos mais longos, o mercado dá mais sinais de confiança – não via Focus, mas pela alta dos títulos públicos de inflação, que ganham valor quando a perspectiva para a Selic longa está em baixa. Desde o início de março, o IPCA+2035 valorizou 16%. O 2045, que responde com mais força a viradas de tendência, 24%. 

Nesse mesmo período de bonança, a valorização do Ibovespa fico em 12%. Uma bela amostra do caráter variável de certas formas de renda fixa.      

Boa semana.

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Maiores altas

Braskem (BRKM5): 6,01%

Asai (ASAI3): 5,86%

Rener (LREN3): 4,54%

Banco do Brasil (BBAS3): 3,62%

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Klabin (KLBN11): 3,29%

 

Maiores baixas

Prio (PRIO3): -3,89%

Santander (SANB11): -3,24% 

Hapvida (HAPV3): -3,07%

SLC Agrícola (SLCE3): -2,88%

CSN (CSNA3): -2,69%

 

Ibovespa: 0,27%, a 117.336 pontos. 

 

Em NY:

S&P 500: 0,94%, a 4.339 pontos

Nasdaq: 1,53%, a 13.461 pontos

Dow Jones: 0,56%, a 34.067 pontos

 

Dólar: -0,20%, a R$ 4,86

 

Petróleo

Brent: -3,95%, a  US$ 71,84 o barril 

WTI: -4,35%, a  US$ 67,12 o barril 

 

Minério de ferro: -1,81%, a US$ 109,99 a tonelada na bolsa de Dalian

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