Investidores estão entediados com a guerra na Ucrânia. Por quê?
Bolsas começam a semana em alta, ignoram o primeiro calote da Rússia desde 1918 e novas sanções ao país. O alvo agora é o ouro – além do petróleo.
Quatro meses após invadir a Ucrânia, a Rússia deu seu primeiro calote em dívida emitida em moeda estrangeira. Isso não acontecia desde 1918, o período marcado pelo início da Revolução Russa. Em 1998, a Rússia declarou moratória da dívida externa, um default do tipo “devo, não nego. Pago quando puder”.
O prazo final para o pagamento de US$ 100 milhões em juros venceu no domingo, isso após 30 dias de período de graça, e o país de Vladimir Putin não honrou o pagamento.
Era esperado, dado que a Rússia está fora do sistema de pagamentos internacionais (o Swift) e com restrições para receber moeda estrangeira. O país tem exigido que as compras de petróleo e outros produtos russos, que continuam com aliados como Índia, China e Turquia, sejam feitas em rublos, e não em dólares como é o padrão no comércio internacional.
Neste final de semana, o G7 (clube dos países ricos) decidiu dar mais um aperto nas restrições a Putin, negociando um embargo à compra de ouro do país. Na semana passada, a imprensa internacional noticiou que a Suíça havia retomado as compras. A medida é considerada tão simbólica quanto o default, e a commodity avança 0,53%.
Outra medida é impor limites de preço ao petróleo russo – mas o mercado também fez a fina e sobe modestos 0,34% nesta manhã. O plano é continuar drenando a economia russa numa tentativa de sufocar a guerra – e responder aos embargos que o próprio Putin tem imposto ao resto do mundo. A Rússia está fechando a torneira do gasoduto que abastece a Alemanha, e coloca o país sob risco de desabastecimento no inverno, período de demanda por aquecimento nas casas.
Putin respondeu do jeito que sabe: promoveu um novo ataque a Kiev enquanto o G7 se reunia, no domingo.
E as bolsas com isso? Nem piscaram. Na Ásia, os principais índices ganharam um ânimo com a possível retirada de restrições na China, à medida que os casos arrefecem. Na Europa, as bolsas avançam como se os reflexos da guerra não existissem no continente. Nos EUA, o mercado futuro aponta para uma abertura em alta.
E assim a vida segue. Boa semana.
Futuros S&P 500: 0,43%
Futuros Nasdaq: 0,61%
Futuros Dow: 0,28%
*7h33
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,72%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,58%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,84%
Bolsa de Paris (CAC): 0,10%
*às 7h31
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,13%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,43%
Hong Kong (Hang Seng): 2,35%
Brent*: 0,34%, a US$ 113,50
Minério de ferro: 5,12%, a US$ 120,20 por tonelada em Singapura
*às 7h30
11h Conselho de administração da Petrobras deve aprovar Caio Paes de Andrade no cargo de CEO da companhia
Carro elétrico mais caro
O Tesla modelo Y SUV já ficou 9% mais caro neste ano, e sai pela bagatela de US$ 69,9 mil. A GM passou a vender um de seus veículos elétricos a US$ 105 mil. O aumento de preços é uma reação das montadoras a custos maiores e também à maior demanda pelos carros movidos à eletricidade. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, os preços dos carros com a nova tecnologia subiram 22% no ano, contra 14% dos modelos à combustão.
Na semana passada, Elon Musk afirmou que suas fábricas haviam virado uma fonte de queimar dinheiro. No ano, as ações da Tesla caem 39%, resultado da combinação de aumento de custos para a empresa e do aumento de juros nos EUA, que deixa investidores mais cautelosos com companhias em fase de crescimento.
Primeiros passos
Começar a investir durante um bear market não é a decisão mais óbvia a se fazer. No entanto, Jeff Sommer argumenta que começar agora traz uma vantagem: ajuda a focar no longo prazo, que é o que realmente importa. Neste texto para o The New York Times, o colunista dá 3 dicas de ouro pros recém chegados ao mercado financeiro:
- Antes de investir, pague as contas e economize para emergências
- Compre ações ou títulos usando fundos de índice baratos que abrangem todo o mercado
- Invista pensando em no mínimo 10 anos pra frente