Inflação alta e guerra derrubam o Ibovespa (de novo)
IPCA de fevereiro veio acima do esperado – e o mercado prevê que o pior ainda está por vir. Na semana, o índice perde 2,41%.
Os investidores até acordaram otimistas hoje, com esperança de que a guerra na Ucrânia poderia estar se encaminhando para o fim. Mas o bom humor não durou muito depois que ficou claro que as negociações diplomáticas entre os países do Leste Europeu não avançaram em nada. Por aqui, também pesou bastante a inflação, que veio acima do esperado e amargou o dia. Resultado: queda de 1,72% no Ibovespa.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro subiu para 1,01%, ante 0,54% em janeiro. É a maior variação para um mês de fevereiro desde 2015. A expectativa dos analistas era de 0,94%. No ano, o IPCA acumula alta de 1,56% e, nos últimos 12 meses, de 10,54%.
O dado do IBGE também assustou porque o aumento dos preços foi observado em todos os grupos de produtos e serviços pesquisados, de forma difusa. E, principalmente, porque todo mundo concorda que o pior está por vir. O reajuste nos combustíveis que entrou em vigor nesta sexta-feira deve tornar tudo mais caro, e o baque do rali do petróleo e de outras commodities decorrente da guerra ainda não bateu por aqui.
Nisso, analistas correram para revisar suas previsões para 2022. O Bank of America (BofA), por exemplo, elevou sua projeção para o IPCA de março de 0,46% para 0,81%, quase o dobro. No ano, alguns acreditam que o IPCA pode chegar a 6,5%, e os mais pessimistas falam em 7%. Semana que vem ocorre a reunião do Copom, e o consenso é que a Selic deve subir em um ponto percentual, mas a possibilidade de um aumento de 1,25 p.p. ainda não está totalmente descartada pelo mercado.
Ontem, foi a vez da inflação americana assustar os mercados. Ela foi a 7,9%, a maior em 40 anos. E os investidores também tentam prever o próximo passo do banco central deles, o Fed, que deverá aumentar os juros no país na semana que vem, pela primeira vez desde o início da pandemia (atualmente, estão próximos a zero). A dúvida é se o aumento será de 0,25 pontos percentuais (mais provável) ou 0,5 pontos percentuais (menos provável).
As preocupações com a guerra na Europa pressionam as bolsas lá e cá. E hoje não foi diferente.
Paz à vista, só que não
O dia começou com uma dose de otimismo injetada no mercado por, quem diria, Vladimir Putin. O presidente russo disse, pela manhã, que houve avanços nas negociações com a Ucrânia – e o mercado logo se precipitou, interpretando isso como um possível anúncio do fim da guerra. Nisso, as bolsas americanas e a brasileira abriram com altas consideráveis, e os índices europeus se firmaram no azul.
Só faltou combinar com os ucranianos, é claro. Algum tempo depois, o ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que na verdade houve “avanços zero” nas negociações com a Rússia – e que não entendeu a fala do presidente russo. Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, também desmentiu Putin. A ilusão de paz foi logo substituída pela triste realidade: nada indica que o fim da guerra esteja próximo.
O mau humor tomou conta e as bolsas logo viraram para o vermelho, onde fecharam. O petróleo voltou a subir, e, por aqui, investidores procuraram proteção no dólar, que fechou em alta. Na semana, porém, a moeda estrangeira tem queda de 0,48%, graças ao fluxo estrangeiro.
Por aqui, o Ibovespa fechou a sexta-feira em queda de 1,72%, seguindo a piora dos índices americano no final do pregão. Só 8 ações fecharam no azul nesta sexta-feira. Na semana altamente volátil, o índice perdeu 2,41%.
Bom fim de semana e até segunda.
MAIORES ALTAS
Telefônica (VIVT3): 1,16%
Tim (TIMS3): 0,95%
Klabin (KLBN11): 0,87%
Minerva (BEEF3): 0,53%
Suzano (SUZB3): 0,41%
MAIORES BAIXAS
MRV Engenharia (MRVE3): -11,89%
Méliuz (CAHS3): -8,37%
Marfrig (MRFG3): -6,85%
Americanas (AMER3): -6,82%
Eztec (EZTC3): -6,44%
Ibovespa: -1,72%, aos 111.713 pontos
Em Nova York
S&P 500: -1,29%, aos 4.204 pontos
Nasdaq: -2,18%, aos 12.843 pontos
Dow Jones: -0,70%, aos 32.943 pontos
Dólar: 0,76%, a R$ 5,0541
Petróleo
Brent: 3,05%, a US$ 112,67
WTI: 3,21%, a US$ 109,33
Minério de ferro: -1,36%, negociado a US$ 155,06 por tonelada no porto de Qingdao (China)