IGP–M cai 1,93% e já acumula deflação de 6,86% em 12 meses
Há um ano, o índice vivia uma alta de 10,70%. CMN se reúne e deve oficializar horizonte indefinido para as metas de inflação. Entenda.
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) tombou mais 1,93% em junho, depois de já ter caído 1,84% em maio. Em 12 meses, são -6,86%. Há um ano, a situação era bem diferente: alta de 10,70%.
O IGP-M é composto por três índices. Só um apresentou alta. Vamos a eles:
Índice Geral ao Produtor Amplo (IPA): -2,73%
Índice de Preços ao Consumidor (IPC): -025%
Índice Nacional de Custo da Construção Civil: 0,85%.
Os números do IGP-M dão fôlego para as previsões de queda no IPCA. Em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã de hoje, o BC aponta para 3,16% em junho, ante os atuais 3,94%.
Mas faz a ressalva óbvia: a de que esse valor “ainda reflete o efeito das desonerações implementadas em 2022”. A partir de julho, essa influência começa a diminuir. E o IPCA, de acordo com o BC, deve voltar a 5,38% em setembro – para depois ir caindo de leve até 5%.
Ainda de acordo com o RTI, o IPCA deve cair a 3,4% no final de 2024, e a 3,1% em 2025.
Metas de inflação
Hoje é dia de reunião do CMN, a partir das 15h. O Conselho Monetário Nacional é o triunvirato formado pelos ministros da Fazenda (Haddad) e do Planejamento (Tebet), mais o presidente do BC (Campos Neto). Cabe a eles decidir o ponto nevrálgico da política econômica: as metas de inflação.
Ou seja: quem decide qual é o alvo é o governo, já que Haddad e Tebet têm a maioria dos votos. Hoje ele é de 3,25%. Para 2024 e 2025, de 3%, sempre com tolerância de 1,5 pp para mais ou para menos.
Lula defende uma meta mais elevada, com o centro em 4,5%, igual a de seus governos anteriores. Isso permitiria juros mais frouxos, já que a Selic existe para reduzir a inflação. Por outro lado, uma mudança nas metas já estabelecidas criaria um clima de desconfiança. Mudar as regras com a bola rolando só serve para mostrar que não existem regras, afinal.
Haddad, ao que tudo indica, tem esse conceito devidamente introjetado. Já disse ontem que a mudança na meta não está na pauta. Mas o que está, então? O “horizonte” da meta.
No papel, o BC é obrigado a fazer com que a meta se cumpra ao final de cada ano. Portanto, deveríamos fechar 2023 em 3,25%.
Mas isso é só no papel mesmo. O BC já não trabalha com um horizonte fixo. Campos Neto mesmo já disse que, se fosse para cumprir os 3,25% para 2023 a Selic deveria ser bem maior que a atual. O que a autarquia faz é manter os juros num patamar que possibilite o cumprimento dos 3% lá na frente – entre 2024 e 2025.
A reunião do CMN, de acordo com Haddad, deve oficializar isso. As metas passariam a ter um horizonte indefinido, como acontece nos EUA e na União Europeia.
A mera manutenção dos 3% sob essa nova regra já basta para agradar o mercado, que é igual criança, no bom sentido: gosta de previsibilidade.
Bons negócios
Futuros S&P 500: 0,32%
Futuros Nasdaq: 0,39%
Futuros Dow Jones: 0,30%
*às 8h40
Auditoria às Cegas
A Americanas (AMER3) substituiu a PwC pela BDO como auditora de suas demonstrações financeiras. A empresa também ficará responsável por refazer as antigas, dada a fraude contábil na varejista.
Nova fábrica de automóveis
Em meio à crise da indústria automobilística, com a Volkswagen suspendendo a produção, o país vai receber uma nova fábrica de carros: a chinesa BYD deve anunciar hoje a instalação de sua planta em Camaçari (BA), no local que a Ford ocupava.
EUA, 9h30: PIB americano do primeiro trimestre
EUA, 9h30: Pedidos de entrada no seguro-desemprego na semana passada
10h: Caged de maio com dados sobre o emprego formal
11h: Coletiva de imprensa do BC sobre o Relatório Trimestral de Inflação
14h30: Resultado primário do governo em maio
15h: Haddad, Tebet e Campos Neto iniciam a reunião do CMN
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,56%
- Londres (FTSE 100): -0,18%
- Frankfurt (Dax): 0,17%
- Paris (CAC): 0,78%
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,49%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,24%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,12%
Brent:* 0,08%, a US$ 74,09
Minério de ferro: 0,85%, a US$ 114,65 por tonelada na bolsa de Dalian
No armário
Mesmo com o avanço da liberdade sexual, o setor financeiro segue como um dos menos receptivos para a expressão da orientação sexual ou da identidade de gênero. Segundo um levantamento do Valor Econômico, apenas quatro dos 1.070 diretores estatutários e conselheiros de administração do setor se declaram LGBTQIA+. Conheça aqui as histórias de alguns deles.