Ibovespa termina quase no zero a zero em dia de vitória do Brasil
Incertezas sobre PEC da Transição (que foi protocolada logo depois do fechamento) e pessimismo em Wall Street travaram a bolsa nesta segunda-feira.
Gol do Brasil – mas não na bolsa.
O Ibovespa começou a semana no zero a zero, com uma leve queda de 0,18%, após passar o dia flertando entre leves altas e baixas, mas sempre próximo da estabilidade.
Faltou gás justamente porque, durante o pregão, não houve novidades no noticiário político nesta segunda-feira, e a pauta que mais preocupa a Faria Lima – a PEC da Transição – não avançou. Lula foi para Brasília esta manhã para discutir os detalhes do texto com aliados, e investidores ficaram à espera de novidades, que vieram tarde demais.
Alguns minutos depois do fim do pregão, a equipe de transição finalmente anunciou os detalhes do texto finalizado. A PEC apresentada no Senado trará um gasto fora do teto de R$ 198 bilhões e terá duração de quatro anos.
O texto, então, é praticamente o mesmo inicialmente proposto pelo PT – e que caiu como uma bomba para o mercado. Nas últimas semanas, marcadas por fortes discussões sobre os detalhes da PEC, surgiam as chamadas “propostas alternativas”, que limitavam os gastos extra-teto em R$ 70 ou R$ 80 bi – quantia suficiente apenas para pagar o Bolsa Família de R$ 600 e mais alguns investimentos de cunho social, argumentam seus defensores.
As propostas alternativas agradavam mais o mercado, diga-se, já que a Faria Lima vê na opção petista um aceno à irresponsabilidade fiscal. No fim, a proposta que mais amarga o humor do mercado acabou sendo a escolhida para seguir em frente no processo de aprovação. Como a notícia veio depois do fechamento, porém, não deu para ver a reação da bolsa (ainda).
Agora a história entra em uma outra novela, já que o texto precisa ser aprovado no Congresso, e não está claro se o novo governo tem os votos necessários. O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento, admitiu em coletiva de imprensa que a equipe já espera que o texto sofra mudanças ao decorrer das negociações. A ver.
Protestos na China
Outro ponto que travou o Ibovespa nesta segunda-feira foi o humor dos investidores gringos. O dia foi de fortes perdas em Nova York – e em bolsas do mundo todo, diga-se – graças às notícias vindas da China.
O país asiático vive uma onda atípica de protestos contra a política de “Covid zero” adotada pelo governo – e contra o próprio governo. Alguns chegam a pedir a renúncia de Xi Jinping, que acabou de iniciar um novo mandato após ser novamente escolhido pelo Partido Comunista Chinês para comandar o país.
A instabilidade política na segunda maior economia do mundo não é comum – em grande parte graças ao autoritarismo do Estado, claro – causa ansiedade nos mercados globais. E pode ter impactos econômicos também, desacelerando ainda mais o crescimento do país, que já vinha cambaleante justamente por causa dos lockdowns em sequência. Bolsas na Ásia, Europa e em Nova York fecharam no vermelho nessa onda pessimista. E no Brasil também.
Até amanhã.
Maiores altas
Rumo (RAIL3): 3,65%
Petrobras PN (PETR4): 2,47%
CCR (CCRO3): 2,29%
Petrobras ON (PETR3): 2,10%
Fleury (FLRY3): 1,86%
Maiores baixas
Americanas (AMER3): -9,68%
Via (VIIA3): -6,70%
Marfrig (MRFG3): -5,93%
CVC Brasil (CVCB3): -5,77%
IRB Brasil (IRBR3): -5,13%
Ibovespa: -0,18%, aos 108.782 pontos
Em Nova York
S&P 500: -1,54%, aos 3.964 pontos
Nasdaq: -1,58%, aos 11.049 pontos
Dow Jones: -1,45%, aos 33.849 pontos
Dólar: -0,82%, a R$ 5,3661
Petróleo
Brent: -1,48%, a US$ 82,39
WTI: 0,26%, a US 76,54
Minério de ferro: 2,37%, cotado a US$ 105,01 por tonelada na bolsa de Dalian (China)