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Ibovespa sobe com commodities, NY empaca com payroll e ALPA4 cai 13,5%

Surgimento de (muito) mais vagas de emprego nos EUA pode dar chancela para o Fed pesar nos juros. Por aqui, commodities dão uma força para o Ibov, e a dona da Havaianas leva uma chinelada dos investidores.

Por Bruno Vaiano e Alexandre Versignassi
Atualizado em 5 ago 2022, 18h08 - Publicado em 5 ago 2022, 18h05
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Hoje foi dia de “Stairway to Heaven” para a B3 e de “Highway to Hell” para os índices americanos. Aqui em Pindorama, as petroleiras subiram apesar de uma cotação paradona do barril, a Vale recuperou-se um pouquinho do desabamento do minério nos últimos dias. No fim das contas, o Ibovespa fechou o dia em alta de 0,55%. 

Na semana, o ganho foi de 3,21%. A notícia do fim do ciclo de alta nos juros, afinal, exerceu seu efeito inebriante – há quem queira pagar uma cerveja para o Copom.  

Em Nova York, por outro lado, o ânimo ficou xoxo nesta sexta com o relatório mensal do payroll, principal termômetro do emprego nos EUA. O Tio Sam gerou 528 mil novas vagas em julho, contra as 258 mil previstas. A taxa de desemprego caiu para 3,5%. E o salário médio subiu 5,2%, reagindo à inflação que não dá sossego (9,1% para os últimos 12 meses, em junho).

Bom para quase todo mundo: só as bolsas que não gostaram. Esses dados indicam que a economia permanece forte apesar da inflação. E o Fed está com a mão coçando para empurrar mais altas fortes na taxa básica de juros, a fim de contê-la.

Numa economia fraca, isso não é uma boa ideia, porque subir os juros drena dinheiro da praça – e aprofunda uma recessão quando já há uma em andamento. Remédio amargo, mas às vezes necessário. Numa economia forte, por outro lado, dá para subir a taxa meio que sem dó. O país aguenta uns tapas no presente para colher o benefício futuro, o da inflação sob controle.

Com juros altos, o dinheiro tende a sair de investimentos de risco (como ações ou criptomoedas com nome de meme) e cair nos títulos públicos. Nessa, os mercados caem: Nasdaq e S&P 500 fecharam o dia respectivamente em – 0,50% e – 0,17%.

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O de cima desce, o de baixo sobe

Por aqui, o pregão foi bom para as petroleiras: 3R Petroleum e PetroRio chegaram às 17h firmes no ranking de altas (RRRP3, 2,97% e PRIO3, 3,00%). O próprio barril terminou o dia em uma ligeira alta de 0,85%, incentivado pelos dados animadores do payroll – quanto mais dinheiro no bolso, mais gasolina e diesel os americanos queimam. 

Outro estímulo para a alta é a OPEP+, que prometeu um aumento bastante modesto na produção para setembro, o que gera expectativa de escassez e força os preços para cima. 

No pódio de maiores altas consta também a CSN (CSNA4, 2,67%). A Vale também deu uma subidinha (1,29%) – dando o empurrão necessário para o Ibovespa alcançar de vez a zona verde do gráfico. 

Tudo isso é resposta à cotação da tonelada de minério, que subiu 2,63% no porto de Qingdao – um alívio bem-vindo após dias de queda vertiginosa, impulsionada pelos lockdowns na China e o consequente desempenho melancólico do mercado imobiliário.

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Agonia da Alpargatas

O destaque negativo do dia foi a Alpargatas (ALPA4) – uma das empresas mais antigas em atividade (114 anos) e responsável por um dos produtos de exportação mais bem sucedidos da nossa indústria: as Havaianas. 

O problema é que ela vendeu 36% menos nos EUA e 40% a menos na China em relação ao segundo trimestre do ano passado. Com isso, o Ebitda (lucro antes de impostos e outras obrigações contábeis) caiu em 17,2% na comparação com o 2T21, para R$ 177,8 milhões. E no fim as ações tombaram pirotécnicos 13,54%. 

A receita no Brasil, vale ressaltar, até subiu. Isso apesar de uma queda de 5% na quantidade de produtos vendidos – sinal de que itens mais caros foram bem-sucedidos no varejo.  

Falando no varejo, ele encarou hoje uma ressaca após as altas de dois dígitos pós-reunião do Copom: 

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Via (VIIA3), -3,05% 

Americanas (AMER3) -7,82% 

Magazine Luiza (MGLU3), -5,39% 

Mesmo assim, o futuro segue mais promissor para elas do que estava antes do anúncio do Copom, claro.

“IPCA+ 222%”

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O fim do ciclo de alta na Selic também reverbera no mercado de títulos públicos. O Tesouro IPCA+2026 chegou a pagar 6,31% de juros reais (acima da inflação) em 19 de julho. Nesta sexta, marcava 5,42%. 

Bom, quanto mais diminui o juro, mais cresce o valor de face do título. Quem tinha IPCA+ 2026 na carteira no dia em que ele estava a 6,31% viu seu saldo subir 3,1% nos últimos 17 dias. 

No IPCA+2035, a valorização foi equivalente, só que para um período ainda menor. O título teve seus juros reduzidos de um pico de 6,27%, em 26 de julho, para 6,00% hoje. 

As variações de preço são mais fortes quando há queda na taxa dos títulos mais longos. Por conta disso, o aumento do saldo aí foi de 3,2% em apenas 10 dias. Isso equivale a uma taxa anualizada de 222% – são coisas que só um viés de baixa nos juros fazem por você. A ver até onde vai a festa. 

Bom fim de semana!

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Maiores altas 

Braskem (BRKM5): 3,55%
Minerva Foods (BEEF3): 3,16%
PetroRio (PRIO3): 3,00%
3R Petroleum (RRRP3): 2,97%
CSN (CSNA3): 2,67%

Maiores baixas

Alpargatas (ALPA4): – 13,54%
Americanas (AMER3): – 7,82%
Fleury (FLRY3): – 6,47%
Magazine Luiza (MGLU3): – 5,39%
Natura (NTCO3): – 3,67%

 

Ibovespa: 0,55%, a 106.471 pontos

 

Em NY:

S&P 500: – 0,17%, a 4.145

Nasdaq: – 0,50%, a 12.657

Dow Jones: 0,23%, a 32.801 

 

Dólar: – 1,03%, a R$ 5,16

 

Petróleo

Brent: 0,85%, a US$ 94,92.

WTI: 0,53%, a US$ 89,01.

 

Minério de ferro: alta de 2,63%, a US$ 107,88 a tonelada, no porto de Qingdao (China)

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