Continua após publicidade

Ibovespa sobe 2,04% com uma mão da Ambev, do Petróleo de Haddad

Ministro da Fazenda flerta com o FMI em Davos, e acalma a Faria Lima. Petróleo em alta e reação rápida da Ambev garantem alta firme do índice.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 17 jan 2023, 18h35 - Publicado em 17 jan 2023, 18h35

Hoje o exterior ajudou. Não Nova York, onde as bolsas fecharam cabisbaixas. Mas Davos, na Suíça, de onde Fernando Haddad proferiu falas amigáveis ao mercado.

Hoje, durante o Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda disse que pode contar com a ajuda do FMI na elaboração do novo arcabouço fiscal – ou seja, o freio que deverá substituir o teto de gastos. “Eles [o FMI] ficaram sabendo das nossas discussões fiscais e colocaram a equipe técnica à nossa disposição para que possamos conhecer as regras atuais em vigor e apresentarmos uma proposta crível para o Congresso”, disse a jornalistas.

Haddad também cravou que o país terá seu novo arcabouço até abril (algo que ele já tinha sinalizado no início de janeiro), e que pretende aprovar uma reforma tributária sobre o consumo no primeiro semestre e uma sobre a renda no segundo.

Sobre esta última, ele disse que seria “para desonerar as camadas mais pobres do imposto e onerar quem hoje não paga imposto. Muita gente no Brasil não paga imposto. Precisamos reequilibrar o sistema tributário para melhorar a distribuição de renda.” 

Pode vir aí uma cobrança de impostos sobre dividendos. E seria natural. Os únicos lugares onde há isenção total e irrestrita para ganhos com proventos são Singapura, Hong Kong, Estônia, Letônia e Brasil. Ou seja, duas cidades-estados voltadas para o mercado financeiro, dois micropaíses a fim de atrair investidores a qualquer preço e o Brasil – até Paulo Guedes tentou emplacar esse tributo.

O ponto é que, no geral, as falas agradaram. Principalmente aquela que sugere o FMI como aliado, dada a capacidade técnica do Fundo Monetário Internacional. Com isso, o Ibovespa fechou em generosos 2,04%. Os bons ventos de Davos também ajudaram o Banco do Brasil. Do pico recente, em outubro de 2022, até ontem, o BB tinha caído 20%. Hoje, subiu 5,67% – ajudado também pelo fato de estar relativamente pouco exposto às dívidas mastodônticas da Americanas.   

Continua após a publicidade

Tudo isso a despeito dos EUA. O S&P 500 fechou em -0,20%, na esteira do balanço ruim do Goldman Sachs – o banco americano anunciou uma queda de 69% nos lucros do 4T22, na comparação com o 4T21.

Por aqui, o petróleo também deu uma força. Alta de 1,73% hoje (e de 8% desde a última terça), por conta do otimismo com a retomada da economia chinesa. Isso aliado a um momento de menor desconfiança com o governo deu uma bela força para a Petrobras, colocando PETR4 e PETR3 entre as maiores altas do dia, com respectivamente R$ 6,49 e R$ 7,04.    

Outro destaque do dia foi a Ambev, que se recuperou do estranho tombo de ontem. Vamos a ela.    

Ambev (ABEV3)

Ela sofreu na segunda (16), ao tombar 4,90%. Pelo jeito, era puro pânico. Como os maiores acionistas ali são os mesmos da Americanas (o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira), o escândalo financeiro da varejista contaminou a cervejaria. 

Continua após a publicidade

E hoje a dona da Brahma passou por uma correção. Alta de 5,00%, apagando as perdas de ontem. Ainda assim, isso não muda o histórico de estagnação da Ambev. O preço da ação, R$ 13,86 no fechamento de hoje, está no mesmo patamar de 10 anos atrás (outubro de 2012).   

Para comparar, a concorrente Heineken subiu 89% nesse período lá em seu lar, a bolsa de Amsterdã.  

Seja como for, o troféu de maior alta do dia não foi nem para a cervejeira nem para a petroleira. Ficou com…. 

Rede D’or (RDOR3)

O papel recebeu um morde-e-assopra do BTG hoje. A mordida: cortaram seu preço-alvo para o papel de R$ 43 para R$ 38. O assopro: esses R$ 38 ainda representavam uma alta de 45% sobre o preço de fechamento de ontem. 

Continua após a publicidade

Os analistas do banco avaliam que a fusão da rede de hospitais com a Sulamérica, operadora de planos de saúde, por criar “sinergias não precificadas”. 

Em português: a Sulamérica deve gastar menos com internações hospitalares, já que o plano de saúde e boa parte dos hospitais que ela oferece estarão sob o mesmo comando. Eles também entendem que a empresa resultante da fusão deve gerar economias com a parte administrativa (leia-se “cortes”, pois onde há dois gerentes hoje talvez haja só um no futuro, o que é obviamente positivo para os acionistas). E, claro, também interpretam que o preço atual da ação não reflete esse possível mar de rosas financeiro a ser vivido nos próximos anos – daí o “não precificada”. O mercado confiou e decidiu precificar um pouquinho: alta de 8,08%. 

Até amanhã!

        

Maiores altas

Continua após a publicidade

Rede D’Or (RDOR3): 8,08%

Petrobras ON (PETR3): 7,04%

Petrobras PN (PETR4): 6,49%

Totvs (TOTS3): 5,79%

Banco do Brasil (BBAS3): 5,67%

Continua após a publicidade

Maiores baixas

Qualicorp (QUAL3): -5,24%

Via (VIIA3): -2,67%

CVC (CVCB3): -2,48% 

Magazine Luiza (MGLU3): -2,34%

Americanas (AMER3): -2,06%

 

Ibovespa: 2,04%, aos 111.439 pontos

 

Em NY:

Dow Jones: -1,14%, a 33.971 pontos 

S&P500: -0,20%, a 3.990 pontos 

Nasdaq: 0,14%, a 11.095 pontos

 

Dólar: -0,84%, a R$ 5,10. 

 

Petróleo

Brent: 1,73%, a US$ 85,92.

WTI: 0,40%,  a US$ 80,18. 

 

Minério de ferro: -1,30%, a US$ 123,23 a tonelada em Dalian

Publicidade