Ibovespa sobe 0,67% com salto do minério e expectativa por balanços em NY
Novos estímulos na China puxam alta das mineradoras e siderúrgicas. PCAR3 avança 8,67% com venda de participação no Grupo Éxito.
O noticiário segue dominado pelos desdobramentos da guerra entre Israel e o Hamas — que, de acordo com Netanyahu, ainda está só no começo —, mas na ausência de sinais concretos de que o conflito se espalhará para os países vizinhos, investidores se permitiram um apetite maior por risco, e as bolsas fecharam no azul. O Ibovespa subiu 0,67%, aos 116.533 pontos. Em Nova York, o S&P 500 avançou 1,06%, a Nasdaq, 1,20%
A temporada de balanços das big techs e dos grandes bancos americanos está batendo na porta e mais um Fed Boy mostrou um lado soft nesta segunda-feira — engrossando a lista da semana passada. Hoje foi a vez de Patrick Harker, presidente do Fed de Nova York, afastar a chance de mais uma alta nos juros. Ele disse: “Ao fazer nada podemos estar fazendo alguma coisa”. Ou seja, a ideia é que a mera manutenção que o patamar atual dos juros, em 5,50%, já seria o bastante para continuar o processo de desinflação.
O dia teve espaço até para um alívio no petróleo. Depois do salto de 5,69% na sexta-feira, o Brent caiu 1,36%, a US$ 89,65, afastando o temor de que os preços quebrem a barreira psicológica dos US$ 100 — e patrocinem uma nova rodada de inflação nas alturas ao redor do globo.
No Brasil, a Petrobras (PETR4) ignorou a queda do barril e ajudou o Ibovespa com uma alta de 1,21%. Mas, no universo das commodities, foram as mineradoras e siderúrgicas que brilharam. Isso porque o governo chinê deu mais mais uma mãozinha, com uma injeção de 289 bilhões de yuans (US$ 40 bi) no sistema bancário e a facilitação de empréstimos de médio prazo. Ou seja: mais uma tentativa de aquecer setores essenciais para a economia, como o imobiliário.
O minério de ferro subiu 2,68% e deu fôlego ao Ibovespa. A VALE3, que responde por 14,5% do índice, subiu 1,16%. Destaque também para CSN Mineração (CMIN3; 1,86%) e Gerdau (GOAU4, 1,15%).
Saindo do universo das commodities, o boletim Focus também ajudou o mercado brasileiro — principalmente o de juros futuros, que mostrou uma queda generalizada em todos os principais vencimentos, e o de câmbio, com o dólar caindo 1,01%, a R$ 5,03.
O relatório do BC com as projeções do mercado para os indicadores mais importantes da economia trouxe boas notícias. Os economistas consultados já enxergam a inflação brasileira no teto da meta de inflação, a 4,75% — mesmo com a escalada do preço do petróleo nos últimos dias. Na semana passada, a estimativa era de 4,86%.
A meta estabelecida pelo governo para 2023 é de 3,25%, com faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual. Caso a inflação feche mesmo em 4,75%, a meta será cumprida pela primeira vez desde 2020.
PCAR3 (8,67%)
O francês Casino, controlador do Pão de Açúcar, segue com o seu plano de liquidação de ativos para sanar dívidas. E os papéis agradecem — hoje PCAR3 fechou com a maior alta do Ibovespa, 8,67%. Na máxima do dia, o avanço chegou a 17%.
A notícia que embalou os negócios foi a seguinte: o grupo francês irá vender toda a sua participação no Grupo Éxito, maior varejista alimentar colombiana, para uma rede de supermercados de El Salvador, a Calleja, por US$ 1,175 bilhão. Isso inclui a fatia de 13,31% que o Pão de Açúcar detém diretamente. A operação deverá ser concluída até o fim do ano e será feita por meio de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA).
Se o negócio se concretizar, a empresa brasileira terá uma injeção de R$ 790 milhões no caixa, pela cotação atual do dólar. Para os analistas, a operação é digna de ser celebrada. Isso porque o endividamento do GPA (que hoje está em 5,8 vezes a dívida líquida/Ebitda) terá uma redução bem-vinda.
Em busca de um balanço mais saudável, só neste ano o Pão de Açúcar já vendeu 11 lojas, terrenos, e outros ativos considerados não estratégicos, colocando R$ 630 milhões no caixa.
Agora, após a operação com o Grupo Éxito, a expectativa é que o Pão de Açúcar venda os 34% que detém na empresa de e-commerce Cnova, com sede na Holanda e também controlada pelo Casino.
Sem tirar o conflito no Oriente Médio da pauta, o noticiário corporativo deve ganhar força nos próximos pregões. Nesta terça, antes da abertura de mercado, tem os balanços do Goldman Sachs e do Bank of America. Na quarta, também pela manhã, é a vez do Morgan Stanley; à tarde, depois do fechamento, Tesla e Netflix.
Até amanhã!
MAIORES ALTAS
GPA (PCAR3): 8,67%
Gol (GOLL4): 6,55%
Azul (AZUL4): 4,55%
Embraer (EMBR3): 3,41%
MRV (MRVE3): 2,77%
MAIORES BAIXAS
Eneva (ENEV3): -1,94%
Natura & Co (NTCO3): -2,75%
Suzano (SUZB3): -2,03%
Braskem (BRKM5): -1,63%
Magazine Luiza (MGLU3): -1,65%
Ibovespa: 0,67%, aos 116.533 pontos.
Em Nova York
S&P 500: 1,06%, a 4.373 pontos
Nasdaq: 1,20%, a 13.567 pontos
Dow Jones: 0,93%, a 33.983 pontos
Dólar: -1,01%, a R$ 5,0372
Petróleo
Brent: -1,36%, a US$ 89,65 por barril
WTI: -1,17%, a US$ 89,65 por barril
Minério de ferro: 2,68%, a US$ 117,93 por tonelada, em Dalian, na China.