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Ibovespa sobe 0,37% e interrompe sequência de baixas. Na semana, queda é de 2,25%

Depois de acumular uma baixa de 5,7% em 13 pregões, índice fecha no azul pela primeira vez em agosto. Entenda as expectativas para o longo prazo. E veja como a China pode atrapalhá-las.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 18 ago 2023, 17h55 - Publicado em 18 ago 2023, 17h55

Quem deu o azar de comprar ETF do Ibovespa no dia 1 de agosto tem o seu primeiro dia de alívio no mês. A leve alta desta sexta (0,37%) interrompeu a maior sequência de baixas da história do Ibovespa – 13 pregões seguidos até ontem, em pontos percentuais, -5,7%. 

Obviamente o repique não bastou para tirar a semana do negativo. Desde a última sexta, a queda é de 2,25%, aos 115.408 pontos. 

Foi um dia fraco de qualquer forma. A Vale, que tinha subido 1,41% ontem de carona na alta de 4% do minério de ferro, devolveu o ganho, e mais um tanto: -1,11 – mesmo com uma subida em sua commodity número 1 (2,94% em Dalian). 

As maiores altas ficaram por conta de papéis voláteis, que costumam oscilar de forma mais violenta, seja para cima ou (mais frequentemente) para baixo: MGLU3, PETZ3, CRFB3… (veja na tabela mais adiante). E o exterior também não ajudou. O S&P 500 variou quase como se hoje tivesse sido feriado nos EUA: 0,01%.

Mais importante que o pregão morno desta sexta são as perspectivas para daqui em diante. No que toca o Brasil, elas não são ruins. Muito pelo contrário. A história mostra: nos últimos 10 ciclos de baixa na Selic, oito vieram acompanhados por altas do Ibovespa no longo prazo. A mediana é de 12% no primeiro ano e de 29% no acumulado de 24 meses. 

Importante notar: os dois ciclos de corte nos juros em que o Ibovespa caiu foram atípicos. Um rolou entre 2001 e 2002, quando o mercado temia a iminente eleição de Lula (e ela se concretizou). O outro foi entre 2011 e 2013, quando a queda nos juros se deu por decisão política, num período de alta da inflação (o oposto do que teria sido uma decisão técnica). Veja mais na reportagem de capa da Você SA 😉 

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Se o ambiente interno colabora para uma bonança nos próximos meses, porém, não dá para dizer o mesmo sobre o mundo. Vamos a ele.

Um recado dos EUA de 1929 para a China de 2023

O Nomura, banco de investimentos japonês, colocou mais lenha na fogueira chinesa. Além de reduzir sua previsão de crescimento para o PIB (de 5,1% para 4,6%), disse que o mercado global ainda subestima as consequências da crise imobiliária por lá. 

Em outras palavras: este agosto do cão – com queda acumulada de 4,77% no S&P 500 e de 5,35% no Ibovespa até agora – seria só o começo de um novo bear market (quando o mercado cai 20% ou mais desde o pico mais recente). 

Mas existe um lado meio cheio no copo chinês: o governo tem as portas escancaradas para conceder estímulos. “Estímulo” é o eufemismo economês para “imprimir dinheiro a rodo”. Isso causa inflação? Sim, mas a inflação da China em 12 meses não é uma inflação; é uma deflação, de 0,3%.

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O dado, que saiu no dia 9 de agosto, foi uma das causas para o comportamento depressivo das bolsas globais nas últimas semanas – pois indica forte desaceleração da segunda maior economia do planeta. Por outro lado, ele deixa claro que Xi Jinping pode imprimir dinheiro e jogar de helicóptero na rua, sem que isso eleve a inflação para além da meta local, de 3%. Por “imprimir e jogar de helicóptero” entenda “emitir moeda e emprestar para as construtoras e instituições financeiras que rumam para a insolvência”. 

Não é do feitio de Xi Jinping salvar empresas mal administradas, que fizeram mais dívidas do que poderiam pagar. Também não era a praia de Andrew Mellon, ministro da Fazenda dos EUA no início da Grande Depressão.

Mellon recusou-se a oferecer ajuda estatal para os bancos e empresas que derretiam após o crash de 1929. Disse que isso “limparia o sistema, que está podre”. Que “as pessoas trabalharão mais, levarão uma vida mais de acordo com a moralidade. Os valores [preços das ações] vão se se ajustar [cair], e os empreendedores recolherão os destroços dos menos competentes”.

Dali em diante o PIB dos EUA cairia 29% (entre 1929 e 1933); levando o planeta a uma crise generalizada e, mais tarde, à Segunda Guerra Mundial.     

Que o Andrew Mellon interior de Xi Jinping fique bem quietinho. 

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Bom fim de semana.

 

MAIORES ALTAS

Magalu (MGLU3): 6,38%

Atacadão (CRFB3): 4,88%

Petz (PETZ3): 4,31%

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Azul (AZUL4): 3,72%

Assaí (ASAI3): 3%

 

MAIORES BAIXAS

Weg (WEGE3): -2,22%

Rede D’Or (RDOR3): -2,01%

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Irb Brasil (IRBR3): -1,52%

Eztec (EZTC3): -1,45

JBS (JBSS3): -1,18%

 

Ibovespa: 0,37%, aos 115.408,52 pontos. Na semana, -2,25%

Nova York:

Dow Jones: 0,08% (34.501,88 pontos)

S&P 500: -0,01% (4.370,04 pontos)

Nasdaq:  -0,2% (13.290,78 pontos)

 

Dólar: -0,27%, a R$ 4,968. Na semana, o avanço foi de 1,3%

 

Petróleo

Brent: 0,80%, a US$ 84,80. Na semana, -2,32%

WTI: 0,95%, a US$ 80,66. Na semana, -2,31%

 

Minério de ferro: 2,94%, a US$ 105,77 por tonelada em Dalian

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