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Ibovespa devolve os ganhos da semana passada de uma vez só 

Bolsonaro acena com aumento para o funcionalismo bancado pelo chapéu nos precatórios. Bolsa responde com uma queda de 1,82%, voltando aos 104 mil pontos.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 16 nov 2021, 18h36 - Publicado em 16 nov 2021, 18h32

Semana passada tinha marcado a primeira alta do Ibovespa num ciclo de segunda a sexta desde 15 de outubro: foi uma subida de 1,45%, saltando de 104,8 mil pontos para 106,3 mil. Mas bastou o primeiro pregão desta semana para enviar a vaca de volta ao brejo. Com a queda de 1,82% desta terça, a pontuação voltou para 104,4 mil pontos.   

Foi uma depressão generalizada. Das 91 ações que compõem a carteira atual do Ibovespa, 82 fecharam no vermelho. Tudo isso na contramão do exterior, já que os EUA encerram com boas altas no S&P 500 (0,39%) e no Índice Nasdaq (0,76%)  

Quem acabou com a serotonina do mercado foi, de novo, Jair Bolsonaro. Ontem, o presidente disse que pretende usar a eventual folga orçamentária do chapéu nos precatórios para dar um aumento aos servidores públicos federais. 

A PEC dos precatórios, que deve ser votada nesta semana no Senado, abre uma margem de R$ 90 bilhões para o governo ampliar seus gastos. Foi uma manobra que Guedes tirou da cartola para tentar garantir a reeleição de Bolsonaro – via um Auxílio Brasil mais polpudo que o antigo Bolsa Família, o programa que ele substitui. 

Bom, postergar dívidas (os precatórios) para bancar um suborno eleitoral provisório não é exatamente um ítem que consta no livro de etiqueta da boa gestão das contas públicas. Usar essa grana para também dar aumentos aos servidores é algo ainda pior: denota amadorismo. Deixa claro que a filosofia ali é a de “passar a boiada”. Dá-se a mão, o governo come o braço. E a confiança do mercado vai ruindo.  

Brasil em baixa

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Hoje foi dia de IBC-Br, o levantamento mensal que o BC faz para auferir os rumos do PIB. O resultado de setembro, em comparação ao de agosto, foi uma queda de 0,27% – um trisco a menos do que a previsão do Refinitiv, uma companhia de análise de mercado, que apontava para uma baixa de 0,30%. Ou seja: nada capaz de melhorar o humor da bolsa, nem de piorá-lo terrivelmente (caso não houvesse nenhum outro fator negativo, como o do parágrafo acima. 

Saiu também o relatório Focus, a pesquisa semanal do BC com os palpites de economistas para o futuro dos indicadores econômicos mais importantes. A onda pessimista segue, como você poderia imaginar. A bola de cristal para a o IPCA no fim do ano passou para 9,77%, contra 9,33% na semana passada. Para 2022, a previsão foi para 4,79%, ante 4,63% na última enquete. 

Este último dado, vale lembrar, é uma amostra de que, apesar de todos os pesares, há um consenso de que Roberto Campos Neto, presidente do BC, triunfará em sua guerra contra o dragão inflacionário de dois dígitos. A ver agora se a ficção vai mesmo virar realidade (sim, pois qualquer previsão sobre o comportamento do IPCA nos próximos meses é, de fato, uma obra de ficção).

Magalu no abismo

Com a divulgação de resultados abaixo de qualquer expectativa, as ações da Magalu já tinham caído 17% na última sexta. E hoje o derretimento continuou: outros -12% para a conta. Com isso, as ações da varejista já acumulam uma queda de 60% no ano. Só Via Varejo, outra queridinha do mercado pessoa física, caiu mais: 64%.     

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EUA na estratosfera

Lá fora, o temor com a inflação americana deu uma trégua. Não que os 6,2% para os últimos 12 meses tenham deixado de impressionar negativamente. O ponto é que a economia dos EUA deu uma demonstração de força hoje. 

O consumo no varejo cresceu 1,7% por lá, anunciou o governo – uma alta acima da expectativa do mercado, que previa 1,4%. O balanço trimestral do Walmart, o gigante do varejo, também ajudou: crescimento de 9,2% em um ano; e de 15,6% em comparação com 2019, no pré-pandemia.  

Vale uma nota aqui: crescimento no consumo é algo que cria inflação. Por outro lado, esse tipo de alta mostra que o apetite da economia está saudável – melhor ambiente possível para que venha o mais esperado lá na frente: um aumento firme na produção, no PIB. Caso isso aconteça, os preços desaceleram. E a pressão por um aumento forte nos juros americanos (que seria péssima para o mercado) dá um alívio. Mas esse cenário, por enquanto, ainda é ficção. Os próximos meses nos darão um retrato melhor sobre qual é a realidade.

Boa semana curta, e até amanhã!    

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Maiores altas 

Suzano (SUZB3): 3,68%

Pão de Açúcar (PCAR3): 1,79%

Petrobras ON (PETR3): 1,37%

Petrobras PN (PETR4): 0,89%

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RaiaDrogasil (RADL3): 0,88%

Maiores baixas

Magalu (MGLU3): -12,02% 

Locaweb (LWSA3): -11,41%

Lojas Americanas (LAME4): -9,63% 

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Americanas S.A. (AMER3): -9,10%

Banco Pan (BPAN4): -7,78%

Ibovespa: 1,82%, aos 104.406 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,39%, aos 4.700 pontos

Nasdaq: 0,76%, aos 15.973 pontos

Dow Jones: 0,15%, aos 36.142 pontos

Dólar: 0,78%, a R$ 5,49

Petróleo

Brent: 0,46%, a US$ 82,43

WTI: -0,15%, a US$ 80,76

Minério de ferro: 1,11%, US$ 90,04 no porto de Qingdao (China)

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