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Ibovespa desvia de queda em NY e sobe 1,73% com IPCA-15 e reformas

Apenas 4 ações fecharam em queda. Vale anuncia R$ 10 bi em dividendos e avança 2,17% antes do balanço.

Por Tássia Kastner
26 out 2023, 17h27
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 (Cristielle Luise/Fotos: Getty Images/Getty Images)
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Tem dias que Deus é mesmo brasileiro e olha pela Faria Lima. É o caso desta quinta-feira em que o Ibovespa conseguiu ignorar os sinais negativos do exterior para fechar em alta de 1,73%, a 114.776 pontos.

O sinal verde veio do IPCA-15, que funciona como uma prévia da inflação oficial do país. O índice subiu 0,21% em outubro, em linha com as expectativas dos economistas e abaixo dos 0,35% registrados em setembro. Decompondo a inflação, a principal queda foi no setor de alimentos e bebidas.

O que economistas notaram, porém, é que os dados mostram uma desaceleração nos preços do setor de serviços, que resistiu mais à alta de juros e ainda era objeto de preocupação por parte do BC. A segunda boa notícia é que a desaceleração indica que a inflação poderá cair para dentro do teto da meta oficial. O compromisso do Banco Central é manter a inflação em 3,25% ao ano, com tolerância de 1,5 p.p. para cima e para baixo.

O que o IPCA-15 nos avisa é que o BC tem a faca e o queijo na mão para manter o ciclo de corte da Selic, que já desceu dos 13,75% ao ano para 12,75%. Foram pré-contratados mais dois cortes para esse ano, de 0,50 ponto cada um, nas reuniões de 1º de novembro e 13 de dezembro.

Se dependesse apenas do Brasil, por sinal, a ceifada poderia ser maior. O problema é que os Estados Unidos não andam colaborando. A gente já chega lá. Antes precisamos falar mais de Brasil.

Outro motivo que fez o Ibovespa subir foi o andamento das reformas em Brasília. A Câmara aprovou o projeto de taxação de fundos de super-ricos, seja offshore ou aqui no país, uma proposta crucial para que o governo cumpra a meta prometida de zerar o déficit público. Agora o texto precisa do aval do Senado.

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Por lá, também houve avanços. Foi lido o relatório da reforma tributária, que tem menos implicações de curto prazo na economia do país, mas é considerada crucial para que o Brasil seja competitivo no longo prazo. A expectativa é de que o texto seja votado ainda em novembro. 

Não foi de graça, claro. Na queda de braço que é Brasília, Lula demitiu a presidente da Caixa, Rita Serrano, e nomeou para o posto Carlos Antônio Vieira, aliado de Arthur Lira. O mercado financeiro não deu muita bola.

A alta do Ibovespa foi tão disseminada que apenas 4 das 86 ações do índice fecharam em queda. Quem puxou a fila foi a BRF, mas depois vieram PETR3 e PETR4 A Petrobras está na mira dos investidores por mudanças em seu estatuto que liberariam indicações políticas para a companhia, além de uma proposta que pode reduzir dividendos. E hoje não tinha nem como contar com o petróleo, que fechou em queda de 2,32%. Para fechar o ranking top 4, a Prio também recuou.

Por outro lado, o Ibov teve um empurrão generoso da Vale, que subiu 2,17%. A mineradora divulga seus resultados agora à noite. Mas, enquanto o pregão rolava, a empresa divulgou um fato relevante em que confirmou o pagamento de dividendos de R$ 1,56 por ação e juro sobre capital próprio de R$ 0,76. Haverá ainda um programa de recompra de ações para retirar até 3,5% dos papéis da companhia de circulação. 

Fato relevante com a bola rolando é falta. E a B3 colocou VALE3 em leilão. O documento oficial dos dividendos veio após o Broadcast divulgar, com fontes, que a companhia pagaria US$ 2 bi em dividendos extraordinários. Com o dólar a R$ 5, é mais ou menos esse o tamanho da bolada confirmado pela Vale.

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Isso tudo num dia que o Brasil precisou contar só com ele para subir.

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PIBão nos EUA: +4,9%

A economia americana cresceu 4,9% no terceiro trimestre, a maior alta desde 2021. Vale lembrar que essa é a medida anualizada, que projeta a taxa de crescimento do trimestre para os três períodos seguidos. Na medida que a gente conhece, apenas no TRI, a alta foi de 1,2%.

Acontece que esse PIBão veio depois do mais rápido ciclo de alta de juros, que levou a “Selic” deles para 5,5% ao ano. Não só isso. Quem puxou o desempenho do PIB foi o consumo das famílias, gente supostamente estaria com o orçamento ainda baqueado pela inflação e pagando mais pelos empréstimos.

Nesse ritmo, a inflação não volta tão cedo a 2% ao ano. E é justamente esse o problema. O sólido desempenho da economia é uma notícia boa, mas renova o medo de juros elevados – e ainda maiores – por um tempo prolongado. E quanto mais o tempo passa, maior o risco de esses bons resultados do PIB não se repetirem.

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Isso, somado às reações ruins de investidores aos balanços das big techs, azedou Nova York. Mesmo as ações de empresas que entregaram resultados acima do esperado recuaram, como foi o caso da Meta (a dona do Facebook) e seu tombo de 3,73%.

Aí o Nasdaq abriu a fila com uma baixa de 1,76% e levou junto o S&P 500 e o Dow Jones. O curioso é que os juros das Treasuries, que deveriam expressar o medo de uma reação mais pesada do Fed, caíram. São tempos estranhos em Wall Street.

Por isso, é dia de comemorar que você é brasileiro. Até amanhã.

MAIORES ALTAS

Carrefour (CRFB3): 6,38%

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Pão de Açúcar (PCAR3): 6,10%

Assaí (ASAI3): 6,07%

IRB (IRBR3): 5,99%

MRV (MRVE3): 4,98%

MAIORES BAIXAS

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BRF (BRFS3): -2,61%

Petrobras PN (PETR4): -1,25%

Petrobras (PETR3): -0,95%

Prio (PRIO3): -0,74%

Ibovespa: 1,73%, a 114.776 pontos

Em Nova York

Dow Jones: -0,76%, a 32.784 pontos

S&P 500: -1,18%, a 4.137 pontos

Nasdaq: -1,76%, a  12.596 pontos

Dólar: 0,23%, a R$ 4,9902

Petróleo 

Brent: -2,32%, a US$ 87,05

WTI: -2,55%, a US$ 83,21

Minério de ferro: 0,69%, a US$ 119,75 na bolsa de Dalian, na China

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