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Ibovespa crava 0,40% na contramão de NY. BRFS3 sobe 10% com follow on

Frigorífico bomba mesmo diluindo atuais acionistas em 35%. Ata do Fed mostra novas altas à vista nos juros dos EUA.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 21 out 2024, 10h26 - Publicado em 5 jul 2023, 17h57
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Na expectativa de que a votação da reforma tributária role até sexta, o Ibovespa terminou em alta de 0,40%, aos 119.549  pontos.

O destaque do dia foi a BRF: alta de 10,28%, a R$ 9,87. O frigorífico confirmou ontem o lançamento de até 600 milhões de novas ações. Caso o preço por papel fique perto de R$ 9 (a definição virá só no dia 13) e consigam de fato vender essa quantidade,  o movimento pode colocar R$ 5,4 bilhões no caixa da companhia.     

Dinheiro bem-vindo para uma empresa com dívida líquida em R$ 15,29 bilhões (até o final do 1T23), e crescente: o montante é R$ 697 milhões superior à do 4T22. A relação dívida/Ebitda da dona da Sadia e da Perdigão está em periclitantes 3,35 vezes – ao norte da linha vermelha de 2 vezes, que o mercado tende a considerar saudável. 

Como não existe almoço grátis, o caixa virá à expensa dos atuais acionistas. Há 1,08 bilhões de ações da BRF neste momento. Com a nova emissão, o número vai a 1,68 bilhões. Ou seja: quem tem uma ação BRS3 é dono de 0,92 bilionésimo da companhia. Após o follow-on, essa fatia corresponderá a 0,59 bilionésimo.    

Logo, os acionistas atuais que não colocarem a mão no bolso para aumentar sua participação serão diluídos em 35%. A cada R$ 1 bilhão que a BRF eventualmente distribuir em dividendos, os acionistas terão direito R$ 0,59 – contra R$ 0,92 hoje. 

Não menos importante: o conselho da companhia também extinguiu a cláusula de poison pill, que impedia a Marfrig de se tornar a controladora absoluta da companhia – hoje ela tem 33%. A expectativa é de que a empresa de Marcos Molina aumente sua participação para perto de 40% adquirindo novas ações no processo de diluição/follow on.

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O movimento, então, também significa um voto de confiança da maior acionista no futuro da BRF – o que o mercado viu com bons olhos. 

VALE3: -0,88%

O dia tinha começado com ventos ruins vindos da China. O índice PMI, que mede o otimismo/pessimismo dos departamentos de compra da indústria, desacelerou. Quando as compras estão em expansão, o índice dá uma pontuação acima de 50. Em contração, abaixo de 50. 

Bom, o índice de junho até veio no positivo, em 53,9. Mas trata-se de uma freada ante dos 57,1 de maio. VALE3, ação que acompanha a China mais de perto, acompanhou o movimento do índice e caiu 0,88%, a R$ 65,32. No ano, a mineradora já cedeu 25%. 

Juros nos EUA: mais altas a vista 

Hoje à tarde saiu a ata da última reunião do Fomc, que manteve os juros dos EUA inalterados (em 5,25%) pela primeira vez após 10 movimentos de alta. 

O documento revelou que alguns dos 18 membros do Copom dos EUA prefeririam uma 11ª alta consecutiva na reunião de junho, que acabou descartada com o objetivo de ver se o patamar já alto teria efeito sobre a inflação

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Vale lembrar que o CPI (IPCA deles) está em 4% ao ano – igual ao nosso. O Fomc, de qualquer forma, entende que o ritmo de queda não é forte o bastante para que a meta, de 2%, seja alcançada num horizonte vislumbrável. 

E aí entramos na parte mais importante do documento. Ele afirma que a maior parte dos membros do Fed defende novas altas em 2023. É basicamente o que o mercado esperava. Ontem, antes da ata, 86,8% do mercado esperava uma elevação em 0,25 pp, de acordo com dados da Bolsa Mercantil de Chicago (CME). Lida a ata, a porcentagem subiu levemente para 88,7%. 

Mesmo com a ausência de surpresas de fato, as bolsas americanas desanimaram. S&P 500, -0,20%; Nasdaq, -0,18%.

Pedido patético

Enquanto nos EUA o Fed mostra preocupação com a inflação e cuidado com os juros, aqui o BC é “criminalizado” por fazer o mesmo. PT, PV, MDB, PSD, Psol, PSB, PDT, PCdoB e Rede vão entregar a Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, um pedido para “investigar” a conduta de Roberto Campos Neto, pela “demora em baixar os juros”. 

O pedido se sustenta no fato de que, pelas diretrizes do BC, a autarquia não deve mirar somente na inflação, mas também “suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”. 

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Falta alguém avisar aos digníssimos parlamentares que, mesmo com os juros em alta, o PIB do 1T23 registrou alta de 4% sobre o do 1T22. E que o desemprego fechou o trimestre encerrado em maio em 8,3% – ante 8,6% no trimestre anterior e 9,8% para o mesmo período do ano passado. 

E que a inflação não caiu de 11,73%, há um ano, para os atuais 3,94% não por bondade dos donos de supermercado. Mas porque o BC manteve uma política coerente de combate a ela – sua missão número zero. 

Até amanhã.

 

MAIORES ALTAS

BRF (BRFS3): 10,28%

IRB (IRBR3): 7,13%

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MRV (MRVE3): 6,67%

Arezzo (ARZZ3): 5,39%

Marfrig (MRFG3): 4,92%

 

MAIORES BAIXAS

Braskem (BRKM5): -4,42%

Azul (AZUL4): -3,03%

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Raízen (RAIZ4): -2,72%

CVC (CVCB3): -2,28%

Dexco (DXCO3): -2,15%

 

Ibovespa: 0,40%, aos 119.549 pontos

 

Em Nova York: 

S&P 500: -0,20%, aos 4.446 pontos

Nasdaq: -0,18%, aos 13.791 pontos

Dow Jones: -0,37%, aos 34.289 pontos 

 

Dólar:  0,20%, a R$ 4,85

 

Petróleo

Brent: 0,52%, a US$ 76,65 por barril

WTI: 2,87%, a US$ 71,79 por barril

 

Minério de ferro: 0,73%, a US$ 114,32 por tonelada na bolsa de Dalian, na China

 

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