Ibovespa bate S&P 500 na semana: 2,78% aqui, versus -1,21% nos EUA

Criação de novas vagas de emprego decepcionam por lá. Aqui, o mercado encontrou uma mola no fundo do poço.

Por Alexandre Versignassi, Guilherme Jacques
Atualizado em 18 out 2024, 09h21 - Publicado em 3 dez 2021, 19h28
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Não tem sido normal o Ibovespa bater o S&P 500. O índice brasileiro acabou de cravar, nesta quarta agora, sua pior marca no ano: 100.775 pontos. Nos EUA, o patamar mais baixo de 2021 foi o do primeiro pregão do ano mesmo, no dia 4 de janeiro (3.700 pontos). Porque dali em diante foi pontuação recorde atrás de pontuação recorde. O auge veio dia 08 de novembro: 4.701 pontos. 

Na última quarta, dia da nossa pontuação mais esquálida, o S&P 500 seguia num patamar robusto, próximo ao de sua máxima histórica: 4.501 – e marcando 21% de alta no ano; contra -15% do Ibovespa até ali.   

Os dois últimos dias da semana, porém, reservaram uma surpresa. Ontem, com a aprovação da PEC dos precatórios, o índice brasileiro teve sua maior alta para um dia em um ano e meio: 3,66%, contra 1,42% do S&P 500. 

E hoje, o placar ficou em +0,58% Ibov X -0,85% S&P. 

A baixa nada trivial dos EUA veio a reboque dos dados de emprego lá, que saíram nesta sexta. As bolas de cristal, o tarô e a leitura búzios do mercado (também conhecidas como “projeções dos analistas”) apontava para a criação de 550 mil vagas. 

Deu ruim: no mundo real, foram só 210 mil. Menos da metade – e, por mais que as projeções não passem muito mesmo de chutes em informados, não é comum tal disparidade. 

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Os tarólogos da economia imaginavam que novembro meio que repetiria outubro, mês que deu à luz 530 mil novos postos de trabalho, e com um chorinho extra de vagas. Mas é isso: se no mercado financeiro ganhos passados não garantem ganhos futuros, na economia como um todo não é diferente. 

Some isso à Ômicron, que traz de volta algo do pânico do início de 2020, e temos uma liquidação de ações nos EUA. Mas não é só por isso. 

Quem mais caiu por lá foram as empresas de tecnologia. E elas não são mais afetadas pelos números do mercado de trabalho do que as outras. Na real, o índice de desemprego nem está ruim por lá: 4,2% – quando 3% é considerado pleno emprego (no Brasil, são 12,6%, só a título de comparação). Quanto à variante Ômicron, idem: no auge da pandemia as techs tiveram uma performance brilhante, inclusive. 

O ponto: as techs foram as que mais subiram no rally da bolsa americana, que se extende desde abril de 2020. Desde lá, a alta do S&P 500 foi de 102%. A do Índice Nasdaq, que concentra mais empresas de tecnologia, foi ainda maior: 118%.  

Hoje, o Nasdaq tombou -1,92%. Entre as maiores quedas ali, a Tesla (-6,42%), cujas ações subiram mais de 1.000% no período que citamos acima. Ou seja: não só os dados econômicos e epidemiológicos que puxam o mercado americano para baixo. Também temos um mercado em patamares recordes ensaiando um momento de “correção”, como dizem os economistas.

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Por aqui, estamos em ritmo de correção há um bom tempo. Nosso patamar recorde veio em junho, 130 mil pontos. Desde lá, 19% de queda. Esta semana, pelo menos, ficamos no azul: alta de 2,78%. Nos EUA, -1,21%.

E vamos aos destaques do dia.  

Sexta-feira de festa para a Méliuz

No dia 5 de novembro, a Méliuz comemorou um ano do seu IPO. Mas a festa mesmo ficou para hoje: as ações da companhia acordaram achando que eram derivativos: alta 32,95%.

Motivo 1: ontem, a empresa de cashback divulgou um crescimento de 87% nas vendas, na comparação entre novembro de 2021 e novembro de 2020.

Motivo 2: mesmo com a alta de hoje, a queda da Méliuz em relação a julho deste ano ainda é de 65%. Em situações, boas notícias têm um efeito mais pesado. Ainda assim, trata-se de uma alta fora de qualquer curva.   

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Bad day para os frigoríficos

Na ponta das maiores baixas, Marfrig (-8,31%) e JBS (-5,16%) ocuparam o pódio do fundo do poço.    

É que o Bradesco BBI rebaixou a recomendação das ações das duas: de outperform, acima da média do mercado, para neutro. Por neutro, entenda-se: melhor ficar de olho.

Marfrig e JBS têm o grosso de suas operações nos EUA, onde dominam 70% do mercado de carne bovina junto com a Tyson Foods e a Cargill, suas concorrentes gringas. E têm apresentado lucros estupendos por conta de um fenômeno atípico. 

A matéria prima deles, o boi, está barato, e o produto final, a carne, subiu  20% nos últimos 12 meses (em dólar, lembre-se). Culpa da pandemia. Muitos frigoríficos concorrentes não operaram nas fases mais agudas de restrição por lá. Isso deixou o boi barato, pois não havia tantos frigoríficos para comprar os animais. E deixou a carne mais cara, já que passou a faltar nas prateleiras.

JBS e Marfrig foram hábeis em aproveitar o momento para comprar barato e vender caro. Quando a situação se normalizou, mais um ponto positivo: o consumo de carne cresceu nos EUA, o que manteve os preços num patamar elevado. Mas na outra ponta, a da matéria prima, a história é outra: a volta dos concorrentes à operação usual fez o preço do boi vivo subir. E isso pressiona as margens de lucro do setor nos EUA.

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A análise do BBI aponta para uma queda de 44% nessa margem ao longo de 2021. E projeta uma queda de 2,5% no rebanho americano em 2022. Ou seja: mais apertos para a margem.  

E tome correção para os nossos frigioríficos – que ainda assim eguem entre as maiores altas do ano, na casa dos 50%.

Bom fim de semana! 

Maiores altas

Méliuz (CASH3): 32,95%

Locaweb (LWSA3): 8,18%

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Cyrela (CYRE3): 7,55%

CVC (CVCB3): 6,66%

Assai (ASAI3): 6,59%

Maiores baixas

Marfrig (MRFG3): -8,31%

JBS (JBSS3): -5,16%

Vale (VALE3): -2,83%

Grupo Natura (NTCO3): -1,92%

IRB Brasil (IRBR3): -1,88%

Ibovespa: 0,58%, aos 105.069 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,85%, aos 4.538 pontos

Nasdaq: -1,92%, aos 15.085 pontos

Dow Jones: -0,17%, aos 34.579 pontos

Dólar: 0,35%, a R$ 5,6798

Petróleo

Brent: 0,30%, a US$ 69,88

WTI: 0,36%, a US$ 66,26

Minério de ferro: 0,73%, a US$ 102,36 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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