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Ibovespa aguarda arcabouço e dados de Pequim, e JBSS3 sobe com acordos firmados na China

Nos EUA, medo de mais uma alta nos juros perdeu para a celebração de um dado: 90% das 30 empresas do S&P 500 que já divulgaram seus balanços do 1T23 tiveram resultados acima das projeções.

Por Bruno Vaiano
17 abr 2023, 17h41

Reta final agitada no pregão de hoje: Wall Street virou para o verde faltando meia hora para o fim das operações, mas os investidores brasileiros – que passaram boa parte do dia no vermelho, na cola de seus pares estrangeiros – não tiveram fôlego para correr atrás do prejuízo. O Ibovespa fechou em queda ligeira de 0,25%, com dois terços do volume de negócios usual.

Sem novidades em relação à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que inclui o novo arcabouço fiscal: Lira falou em entrevista ontem, ao programa Canal Livre da Band, que a proposta deve ser aprovada com facilidade no Congresso. Mas o documento ainda não foi entregue aos legisladores – a promessa era semana passada, agora a meta é amanhã ou quarta (19). O adiamento (bem como a notícia de pequenas alterações no texto) gerou frustração. 

A visita da comitiva brasileira à China teve pelo menos uma consequência direta: a JBS fechou em alta de 2,71% após celebrar uma parceria com o Banco da China na última sexta (14) para financiar a exportação de suas carnes ao país asiático por quatro anos. A Friboi, uma das marcas do grupo, aproveitou a ocasião para firmar um acordo de distribuição de seus produtos em território chinês. A notícia puxou quase todos os outros frigoríficos da bolsa para cima. 

A China em si pairou como uma sombra sobre os índices do mundo todo, já que há uma bateria de dados sobre o país programada para sair às 23h no horário de Brasília – no fuso horário deles, essa é a manhã de terça, antes da abertura do pregão. Eles vão liberar, em uma tacada só, o PIB do primeiro trimestre e os dados mais recentes de produção industrial, vendas do varejo e desemprego. 

Espera-se que o reaquecimento da economia chinesa, após o fim da política covid zero, ajude a compensar os efeitos deletérios da inflação e dos juros altos que assolam os países ocidentais. Explicamos melhor nesta reportagem, na edição de abril da Você S/A. A previsão consensual é que o produto do país tenha aumentado 4% nos últimos três meses – a comparação é com o mesmo período do ano anterior. 

As bolsas asiáticas apostam no melhor: em Hong Kong, o pregão fechou em alta de 1,68%, e o índice de blue chips chinês, o CSI 300, terminou esta segunda subindo 1,40%. 

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Petróleo 

Por outro lado, a cotação do barril mostra algum pessimismo com os dados vindouros do tigrão asiático. O Brent fechou em queda de 1,79%, e é fato que atividade econômica chinesa é a única fonte plausível de um aumento na demanda por petróleo neste ano – EUA e Europa, afinal, estão empacados. Se os números de Pequim vierem abaixo do esperado, a tendência é que o barril role morro abaixo amanhã. 

Para completar, a alta do dólar em relação a seus pares, hoje, não ajudou a commodity. Os dois dados costumam caminhar em direções opostas, por uma mecânica simples: o barril é negociado em verdinhas. Se a moeda americana perde valor em relação aos euros, ienes ou reais, fica mais barato comprar, mais gente compra e o preço sobe por causa da demanda reforçada. Por outro lado, se o dólar sobe, o combustível fica mais caro para europeus, japoneses ou brasileiros, a demanda cai e o preço, por consequência, também. 

A Petrobras não se importou. Terminou o dia em alta de 1,40%. A 3R Petroleum, por outro lado, caiu com estrépito: -15,70%, dez pontos percentuais atrás de todas as outras empresas no ranking de maiores baixas. 

Nada a ver com o barril – o problema foi uma emissão-surpresa de ações para engordar o caixa e permitir novos investimentos (estima-se que os papéis, a R$ 24,45 cada um, vão render algo entre R$ 600 e R$ 900 milhões à empresa). Embora o anúncio tenha incomodado os investidores – afinal, ele dilui a participação de quem não topar comprar mais papéis –, gigantes como Goldman Sachs e Itaú mantêm sua recomendação de compra.

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Wall Street

A temporada de balanços do primeiro trimestre abriu na sexta-feira, nos Estados Unidos, com uma trinca de bancões: JPMorgan, Wells Fargo e Citi apresentaram bons resultados no 1T23, apesar da falência do SVB e a crise subsequente, que assolaram o setor em março. 

Hoje, nada demais ocorre na seara corporativa – os próximos balanços gringos relevantes estão marcados para terça (Bank of America, Goldman Sachs, Netflix, Johnson’s) e quarta (Tesla e Morgan Stanley). Porém, 30 empresas menores do índice S&P 500 já divulgaram seus resultados, e 90% delas superaram as estimativas de lucro – o melhor desempenho desde 2012, de acordo com um levantamento do BofA. Ou seja: há bons presságios no ar. 

Na ausência de grandes balanços ou dados macroeconômicos, os índices de Nova York passaram o dia cabisbaixos, temerosos como sempre do risco de mais uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros americana, pondo-a em 5,25%. Um mês atrás, a plataforma de monitoramento do CME Group dava 20,7% de chance de que isso ocorresse. Agora, são 88,7%. 

Porém, na reta final do dia, o otimismo com a temporada de balanços prevaleceu e o mercado americano fechou no verde, um pouco acima da linha da água. S&P 500, 0,33%; Nasdaq, 0,28%.

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…e uma breve fofoca

Por fim: o momento BBB do Ibovespa. A cada quatro meses, o índice renova sua carteira, excluindo as empresas que ficaram muito nanicas para atender aos pré-requisitos (como o preço mínimo por papel, ou um certo volume de negociações diárias) e dando uma nova chance às que estão se recuperando. 

Para o quadrimestre que começa em maio, a B3 já divulgou que o infame IRB (IRBR3) deve voltar, mas que Qualicorp (QUAL3), Banco Pan (BPAN4) e Ecorodovias (ECOR3) provavelmente ficarão de fora. Essa é só uma prévia, baseada em dados do presente. Haverá mais uma prévia em 26 de abril, e carteira nova entrará em vigor em 2 de maio. 

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Maiores altas

Locaweb (LWSA3): 4,44%
JBS (JBSS3): 2,71%
Renner (LREN3): 2,70%
Raízen (RAIZ4): 2,63%
Petz (PETZ3): 2,40%

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Maiores baixas

3R Petroleum (RRRP3): -15,70%
Eletrobras (ELET3): -3,75%
Hapvida (HAPV3): -3,46%
Eletrobras (ELET6): -3,30%
Natura (NTCO3): -2,69% 

Ibovespa: -0,25%, a 106.015 pontos


Em NY:

S&P 500: 0,33%, a 4.151 pontos
Nasdaq: 0,28%, a 12.157 pontos
Dow Jones: 0,33%, a 33.987 pontos

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Dólar: 0,45%, a R$ 4,93


Petróleo

Brent: -1,79%, a US$ 84,76
WTI: -2,05%, a US$ 80,83

Minério de ferro: -0,06%, a US$ 112,86 a tonelada, na bolsa de Dalian

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