Ibov sai do negativo na esperança de uma taxação menos dura sobre dividendos

Presidente da Câmara indicou que pode baixar de 20% para 15% a cobrança de IR. Escândalo da Covaxin e o risco de racionamento de energia elétrica também pesam.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 28 jun 2021, 18h37 - Publicado em 28 jun 2021, 18h31
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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A segunda-feira dos investidores foi salva por Arthur Lira. O dia começou sangrento, mas a bolsa brasileira conseguiu se firmar no positivo e o dólar passou a cair quase no final do pregão, depois que o presidente da Câmara dos Deputados afirmou ter a intenção de mexer no texto da reforma do Imposto de Renda, aquele que o governo apresentou na sexta-feira.

O lance é o seguinte: investidores e empresas passaram a fazer contas e descobriram que o projeto poderia ser um péssimo negócio, com eventual aumento de carga tributária para as empresas. O governo decidiu taxar dividendos, hoje isentos, em 20%. Para quem é o dono do negócio, a isenção ficou em R$ 240 mil por ano, mas pessoas normais, como você e eu, que compram ações na bolsa, ficaram de fora. Todo o nosso lucro com dividendos passa a ser socializado com o governo.

Só que aí Lira sinalizou em uma entrevista ao jornal Valor Econômico que o Congresso pode mudar o percentual do dinheiro que vai para Brasília: ele sinalizou com 15%, e não os 20% propostos pela equipe de Paulo Guedes.

Nós explicamos em detalhes o projeto de lei. Vale recapitular aqui 🙂

Quando Lira falou, as ações começaram a se ajustar. É que aí a Faria Lima entendeu que haveria espaço para corrigir os “erros” do projeto e até os fundos imobiliários, que começaram o segundo dia seguido com um tombo de mais de 2%, tiveram um alívio e caíram “só” 0,71% (pelo índice Ifix). Isso mesmo sem qualquer indicação que possa haver uma nova proposta para mantê-los isentos de IR, algo que o setor pediu assim que ficou sabendo da taxação.

O Ibovespa subiu 0,14%, a 127.429,17 pontos. Das 84 ações do índice, 45 tiveram ganhos. Em Nova York, o Dow Jones cedeu, mas o S&P 500 e o Nasdaq bateram recordes (veja abaixo os fechamentos). O dólar caiu para R$ 4,9283.

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Recuperação

A Ambev apareceu na lista de maiores altas do dia, depois de ter puxado o tombo da sexta. Além da taxação de dividendos, o banco Morgan Stanley havia reduzido seu preço-alvo para as ações da empresa: de R$ 14 para R$ 13,80. Só que até outro dia os papéis estavam ao redor de R$ 20. Aí já viu o pessimismo.

Também entre as maiores altas ficou a Qualicorp, que fechou um acordo com o banco Inter para vender planos de saúde. Só que no pódio, mesmo, ficou a CVC. A companhia subiu 3,62% num dia marcado por sentimentos dúbios sobre o coronavírus. 

A Alemanha afirmou que mais de 50% dos casos de Covid-19 no país são causados pela variante delta, mais agressiva – para ajudar, um estudo da Fiocruz disse que essa variante oferece mais riscos de infecção. Portugal deve impor quarentena para turistas vindos da Inglaterra, que registra aumento de casos apesar da vacinação bastante avançada, por exemplo. 

Por outro lado, estudos apontaram que as vacinas Pfizer e Moderna podem proteger pessoas ao longo de anos e que uma terceira dose da Astrazeneca deve dar um bom reforço na imunidade.

Em resumo, mundo afora essas notícias foram vistas como são: desencontradas, Aí a cautela voltou a crescer, e isso se refletiu nas bolsas europeias, que fecharam em queda.

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Brasileiros, não custa lembrar, continuam com mobilidade para o exterior bastante reduzida, mas hoje a Turquia anunciou a reabertura das fronteiras para quem sai daqui, com validade a partir de 1º de julho.

Covaxin

No fim, a única notícia positiva mesmo foi a possibilidade do Congresso aliviar a reforma tributária. De resto, o caos continua instaurado no país. Desde a semana passada, o risco político voltou a se acentuar, na percepção dos investidores, com a explosão do escândalo da Covaxin. 

Senadores apresentaram uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro junto ao STF, acusando o presidente de prevaricação (saber de uma irregularidade e não tomar medidas para evitá-la).

É que o deputado federal bolsonarista Luis Miranda disse ter alertado o presidente de que havia irregularidades no contrato de compra de vacinas da Covaxin. Bolsonaro teria dito que acionaria a Polícia Federal, o que não ocorreu.

O escândalo deve ter impacto sobre a popularidade de Bolsonaro, mas outros problemas ainda vão atormentar o país (e afetar seu bolso e seus investimentos).

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E o apagão

Nesta segunda, às 20h, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fará um pronunciamento em rede nacional sobre a crise hídrica. A tendência é que ele peça a cooperação da população brasileira.

Vai ser inevitável cooperar, já que a bandeira vermelha (usada para pagar o custo da energia térmica quando há falta d’água nos reservatórios) vai subir 76%, com impacto de 10% na conta de luz dos brasileiros. Haja salário para bancar esse aumento.

Por outro lado, o governo modificou o texto da Medida Provisória com estratégias para enfrentar a crise energética tirando a previsão expressa de adoção de medidas de racionamento, também segundo o Valor Econômico.

O resumo é que um inverno duríssimo está chegando. 

MAIORES ALTAS

Qualicorp +3,62%

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Locaweb +3,38%

CVC +3,07%

BTG Pactual +2,99%

Raia Drogasil +2,75%

MAIORES QUEDAS

BR Malls -2,26%

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Iguatemi -2,02%

JHSF -1,98%

Azul -1,89%

CSN -1,88%

Ibovespa: +0,14%, a 127.429,17 pontos

Dólar: -0,19%, a R$ 4,9283

Em Nova York

Dow Jones: -0,44%, a 34.282,28 pontos

S&P: +0,23%, a 4.290,57 pontos

Nasdaq: +0,98%, a 14.500,51 pontos

Petróleo

Brent: -2,05%, a US$ 74,62

WTI: -1,54%, a US$ 74,62

Minério de Ferro

+1% em Qingdao, a US$ 218,62 a tonelada

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