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Governo Bolsonaro estuda fim de deduções no IR e joga mais uma granada no Ibovespa

Segunda foi o estrago Roberto Jefferson. Nesta terça, o estrago que mexer no IR da classe média pode ter na eleição. Bolsa ignora exterior positivo e segue mergulho.

Por Tássia Kastner
25 out 2022, 17h30

O governo Bolsonaro tirou da gaveta um plano para bancar as benesses fiscais que prometeu durante a campanha. Se reeleito, quer acabar com as deduções de despesas com educação e saúde do Imposto de Renda. O dinheiro iria para cobrir o rombo do Auxílio Brasil em 2023 e outras maracutaias fiscais para tentar levar a reeleição.

O estudo foi revelado pelo Estadão, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que o documento exista. O fato é que Guedes defendeu em 2019 e depois de novo em 2020 o fim do benefício, que atende principalmente a classe média. Ele pode estar certo em uma parte: o desconto no IR dessas despesas beneficia uma camada mais privilegiada da população, enquanto reduz a quantidade de impostos disponível para financiar a saúde e a educação básica do país.

O problema são os métodos: o governo disse que colocaria a proposta na sua segunda fase de reforma tributária – só que nem a primeira etapa, com taxação de dividendos, foi a algum lugar. E enquanto isso, a correção da tabela do Imposto de Renda, que era uma promessa na campanha de 2018, “ficou para depois”. 

Bater a carteira da classe média faltando menos de uma semana para eleição é um péssimo jeito de ganhar votos. E essa bomba caiu um dia depois de o mercado sentir o impacto das granadas de Roberto Jefferson, aliado de longa data de Jair Bolsonaro.

Depois do ataque de Jefferson à Polícia Federal, a Faria Lima entendeu que o possível crescimento de Bolsonaro se dissolveu.

Nesta terça, o Ibovespa caiu 1,20%, a 114.626 pontos. Fechou na mínima do dia, afundando enquanto o exterior pisava no acelerador.

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Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) voltaram a figurar na lista dos papéis mais negociados – e com quedas ali na faixa de 1,5%. As duas ações fizeram parte do kit “Bolsonaro reeleito”. A Petro, por exemplo, chegou a quase dobrar de preço.

No discurso da Faria Lima, um segundo mandato de Bolsonaro abriria espaço para a privatização das empresas. Claro que isso ignora o fato de o governo estar segurando reajustes nos preços dos combustíveis e intervindo na gestão do banco público. No caso do Banco do Brasil, houve troca de presidente porque o comercial da instituição incluía jovens LGBT.

Por outro lado, investidores decidiram brincar revival com Fies e dar uma chance para ações como Cogna e Yduqs, empresas do grupo de educação. Não há nenhuma proposta concreta do governo Lula que indique a retomada plena do programa educacional – e hoje as empresas nem dependem tanto do financiamento público.

Essa bagunça tipicamente eleitoral deixou o Brasil de fora do dia positivo no exterior. Nos EUA, as bolsas subiram com gosto: +1,63% para o S&P 500 e outros +2,25% para o Nasdaq.

Não há nada de muito novo no front. Desde sexta, investidores se apoiaram em uma reportagem do The Wall Street Journal indicando que o Fed pode começar a colocar o pé no freio da alta de juros na reunião de dezembro – na semana que vem, ainda deve vir um aumento de 0,75 ponto percentual. 

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E os balanços das empresas, de alguma maneira, continuam agradando. Após o fechamento de hoje, saem os números de Microsoft e Alphabet (a dona do Google). A ver se elas continuarão a confirmar tamanho otimismo.

Até amanhã.

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Maiores altas

Magazine Luiza (MGLU3) 5,39%

Yduqs (YDUQ3) 4,69%

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Embraer (EMBR3) 4,44%

Méliuz (CASH3) 3,74%

Cogna (COGN3) 3,47%

Maiores baixas

BRF (BRFS3) -10,95%

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IRB (IRBR3) -7,22%

Azul (AZUL4) -6,87%

Carrefour (CRFB3) -5,59%

Gol (GOLL4) -5,44%

Ibovespa: -1,20%, a 114.626 pontos

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Nova York

​Dow Jones: 1,07%, a 31,837 pontos

S&P 500: 1,63%, a 3.859 pontos 

Nasdaq: 2,25%, 11.199 pontos

Dólar: 0,26%, a R$ 5,3168

Petróleo

Brent: 0,58%, a US$ 91,74

WTI: 0,87%, a US$ 85,32

Minério de ferro:  -1,90%, a US$ 91,60 a tonelada na bolsa de Dalian, na China

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