Continua após publicidade

Google (GOGL34) e Microsoft (MSFT34) crescem no 2ºtri; ações seguem rumos opostos

Ibovespa rompe os 122 mil pontos pela primeira vez em quase dois anos. É a Faria Lima implorando por uma improvável queda de 0,50 p.p. na Selic.

Por Camila Barros, Tássia Kastner
25 jul 2023, 17h53

Se as bolsas americanas acumulam uma alta fenomenal nesse 2023, a responsabilidade é das empresas tech. Nesta terça, após o fechamento do mercado, Alphabet (empresa-mãe do Google) e Microsoft, mostraram o por quê. 

A Alphabet registrou uma alta de 7% nas suas receitas do segundo trimestre, para US$ 74,6 bilhões. É mais do que esperava o mercado, que projetava uma alta de US$ 72,7 bi. 

Dois números chamaram a atenção: a receita com anúncios e a lucratividade da computação em nuvem. Os anúncios levantaram US$ 58,1 bi (contra expectativa de US$ 57,4 bi), sinal de que o negócio de ads possa estar retomando o fôlego após alguma bambeada econômica. 

Já o ramo de computação em nuvem registrou receita de US$ 8,03 bi (projeção era de  US$ 7,8 bi). A companhia começou a investir pesado nesse mercado em 2020 – e, até este ano, não havia divulgado nenhum lucro com ele. A coisa se tornou lucrativa no primeiro trimestre. E, agora, acelerou. 

A Microsoft fez ainda mais bonito. Entregou alta de também 7% na receita, mas isso sobre um faturamento de US$ 211,9 bilhões. É um crescimento, em termos absolutos, maior. Só teve um probleminha nessa história: o desempenho da divisão Azure, que presta serviços na nuvem para companhias e compete com o bom desempenho do Google, ficou aquém do esperado e desacelerou.

O resultado no after-market foi o seguinte: Microsoft -1,42%; Google +6% 

Continua após a publicidade

Tudo bem. As reações dos investidores logo após o balanço são do tipo fogo de palha. Eles ainda precisam da noite de sono e dos resultados das outras empresas tech para decidir se os dados são bons ou ruins.

Vale dizer que eles passaram o dia otimistas, e Wall Street fechou em alta (veja mais abaixo). Para além da temporada de balanços, os coletinhos Michelin do mundo todo têm uma única pergunta: o que dirá Jerome Powell após a reunião do Fomc amanhã. Por ora, parece que eles apostam em uma notícia boa, algo que pode ser traduzido com o fim do ciclo de aumento de juros, após o esperado aumento de 0,25 p.p. de amanhã.

Ibov 122k

Por aqui, mais um dia de protagonismo dos metais. A Vale, que sozinha compõe 13% do Ibovespa, escalou 3,09% no pregão de hoje. 

Cortesia da China, que sinalizou ontem que deve injetar novos estímulos em sua economia. O anúncio já era aguardado, já que o gigante asiático tem tido dificuldade em retomar seu crescimento em ritmo acelerado, que era de praxe antes da pandemia. 

Continua após a publicidade

De acordo com a agência estatal de notícias Xinhua, o Politburo (um órgão formado pelos líderes do Partido Comunista Chinês) se reuniu para discutir medidas que impulsionem a demanda doméstica do país. A ideia é incentivar o consumo, combater o desemprego – que ultrapassa 20% entre os jovens chineses de 16 a 24 anos – e oferecer suporte ao mercado imobiliário, que passa por uma crise de crédito e é responsável por quase 30% do PIB do país. 

Por hora, não há especificações sobre os meandros da política de estímulos. Mas o anúncio de que ela deverá ser implementada foi o suficiente para sustentar uma alta de 1,36% do minério de ferro na bolsa de Dalian. 

E as ações brasileiras dependentes da commodity acompanharam a alta. No setor de mineração e siderurgia, as colegas da Vale subiram junto: GOAU4 escalou 2,66%; USIM5, 2,18%; e CSNA3, 5,90%.

A turma do heavy metal ajudou a sustentar a alta do Ibovespa, que subiu 0,55% no pregão – e cruzou a marca dos 122 mil pontos pela primeira vez desde agosto de 2021. No ano, a alta é de 14,7%. Desde o último vale, em abril, +24,6%. 

De lá para cá, o índice tem navegado em uma maré de otimismo, patrocinada por uma visão mais positiva da economia brasileira por parte do mercado financeiro. As expectativas para o crescimento subiram: no primeiro boletim Focus de janeiro, a aposta era de alta de 0,78% no PIB ao final de 2023. Agora, a mediana de projeções já indica 2,24%. 

Continua após a publicidade

Enquanto isso, a expectativa de inflação vai pelo lado contrário. Em janeiro, a projeção era de IPCA a 5,36% ao final do ano. Agora, de 4,90%. 

Com a inflação sob controle, aumentam as apostas de que os juros entrarão em trajetória de queda o quanto antes – e aí a renda variável comemora. 

Hoje, o IPCA-15 ajudou a reforçar a expectativa de corte de 0,50 p.p na Selic em agosto. O índice veio em queda de 0,07% – melhor que a projeção de -0,03% que corria no mercado. Em 12 meses, a alta acumulada é de 3,19%. 

Na bolsa, quem comemorou foram as ações de construção civil e varejo, muito ligadas aos juros (já que sua receita depende diretamente do poder de compra da população). As construtoras 

Eztec (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) decolaram 6,21% e 3,75%, respectivamente. No varejo, VIIA3 subiu 1,95% e MGLU3, 1,99%. 

Continua após a publicidade

O futuro da Selic será decidido na semana que vem, um veredito que teremos no dia 2 agosto, e o que o Fomc decidir amanhã também deve pesar. Isso é o que se chama de expectativas lá em cima.  Até amanhã!

Compartilhe essa matéria via:

MAIORES ALTAS

Eztec (EZTC3): 6,21%

Cia. Siderúrgica Nacional (CSNA3): 5,90%

Méliuz (CASH3): 4,20%

Continua após a publicidade

Bradespar (BRAP4): 3,78%

Cyrela (CYRE3): 3,75%

MAIORES BAIXAS

Gol (GOLL4): -3,06%

Minerva (BEEF3): -2,71%

Petrorio (PRIO3): -2,62%

Weg (WEGE3): -2,50%

Cogna (COGN3): -2,27%

Ibovespa: 0,55%, aos 122.007 pontos

Em Nova York

Dow Jones: 0,08%, a 35.438 pontos

S&P 500: 0,28%, a 4.568 

Nasdaq: 0,61%, a 14.145

Dólar: 0,36%, a R$ 4,75

Petróleo

Brent: 1,09%, a US$ 83,64

WTI: 1,13%, a US$ 79,63

Minério de ferro: 1,36%, a US$ 119,88 por tonelada na bolsa de Dalian

Publicidade