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China promete mais estímulos e leva Ibovespa à máxima em 15 meses

Alta nas ações ligadas às commodities, como VALE3 e PETR4, faz bolsa subir aos 121k, maior patamar desde abril de 2022. Dólar cai 1% e vai à R$ 4,73.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 24 jul 2023, 18h12 - Publicado em 24 jul 2023, 18h05

#Segundou com festa? O Ibovespa começou a semana com o pé direito, subindo 0,96% no pregão de hoje – isso depois de saltar 2% na semana passada. Agora, o principal índice brasileiro está acima dos 121 mil pontos, patamar que não se via desde abril de 2022, há quase 16 meses. 

Cortesia, principalmente, das notícias do outro lado do mundo. A China – nossa maior parceira comercial e consumidora voraz da miríade de commodities exportadas pelo Brasil – foi a responsável por injetar uma grande dose de otimismo no mercado e garantir a alta de hoje.

O Politburo – comitê formado pelas mais poderosas lideranças do Partido Comunista Chinês – se reuniu para discutir seus planos para a segunda maior economia do mundo, que vem demonstrando números decepcionantes nos últimos tempos. No segundo trimestre de 2023, por exemplo, o PIB da China cresceu menos de 1% em relação ao trimestre anterior, ligando o sinal de alerta.

O evento foi ansiosamente aguardado por investidores do mundo todo porque eram altas as expectativas de que o órgão decisória iria finalmente anunciar um pacote de medidas de estímulos para a economia do país, revertendo o pessimismo que tomou conta do mercado em relação ao crescimento chinês nos últimos tempos.

De certa forma, o anúncio de estímulos veio, embora os detalhes mais específicos dos planos ficaram de fora. Segundo um resumo publicado pela agência estatal de notícias Xinhua, o Politburo quer estimular os gastos com consumo, combater o desemprego (principalmente entre jovens) e dar algum apoio ao fragilizado setor imobiliário – de longe o segmento mais problemático da economia chinesa (lembra da Evergrande?), e que corresponde a quase 20% do gigantesco PIB chinês.

“É necessário aumentar o consumo de automóveis, produtos eletrônicos e móveis, e promover o consumo de serviços como esporte, lazer e turismo cultural” foi uma das conclusões da reunião, segundo noticiou a agência.

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Analistas mais cautelosos ressaltaram que as informações divulgadas são bem incompletas – não há confirmação de exatamente como essas políticas de incentivo vão funcionar, nem qual será o tamanho e escopo delas. Também não houve indicação de um afrouxo monetário. Mais: o resumo publicado na mídia estatal também mostra que as autoridades citam diversas vezes desafios que a nação enfrenta.

Mas só o fato de que o Partido Comunista está afirmando com todas as letras que quer turbinar a economia do país bastou para engatar o otimismo no mercado. E não foi pouco otimismo não: em Nova York, por exemplo, as ações de empresas chinesas listadas nas bolsas americanas tiveram seu melhor pregão desde janeiro, segundo um levantamento da Bloomberg. O Nasdaq Golden Dragon China Index, que reúne as ações do país asiático, chegou a saltar mais de 5% com o noticiário, e ações de gigantes como a Alibaba e Baidu aceleraram para altas de mais de 6%.

O problema dos investidores com a China até agora não tem sido exatamente de resultados, mas principalmente de expectativas. Afinal, o país está crescendo, mas não tão rapidamente quanto o esperado. Desde que o país abandonou a draconiana política de “Covid-zero”, no final do ano passado, muita gente passou a prever um rápido boom do dragão chinês, mas a realidade é que a recuperação vem acontecendo mais gradualmente.

A meta de crescimento do país para este ano é de 5%, considerada bastante modesta para os padrões chineses. Quando os resultados ruins começaram a ser divulgados, alguns analistas chegaram a prever que ela poderia nem ser batida. Agora, porém, a expectativa geral é que o Partido Comunista deverá promover estímulos para, pelo menos, bater a meta. E, quem sabe, superá-la.

No Brasil

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É claro que, por aqui, a euforia repercutiu com força. As ações ligadas às commodities, naturalmente, tiveram a melhor performance do grupo. O petróleo tipo Brent saltou 2% na esteira do noticiário, levando a Petrobras (PETR4) saltar igualmente 2%. 3R Petroleum (RRRP3) e Prio (PRIO3) também fizeram a festa: 4,11% e 2,21%, respectivamente.

Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), do segmento de celulose, também saltaram: 2,18% e 3,09%.

Mas quem brilhou mesmo na segunda-feira foi o setor de mineração e siderurgia, que tem na China seu maior mercado disparado. Em especial, a titânica Vale (VALE3) subiu fortes 3,02%, o que ajudou a sustentar o Ibovespa com folga nos 121k. Suas primas também: CSN (CSNA3) +2,59%, CSN Mineração (CMIN3) +4,10%, Gerdau (GGBR3) +2,94%, Gerdau Metalúrgica (GOAU4) +2,89% e Usiminas (USIM5) +2,51%.

O bom humor não parou por aí e o dólar teve forte queda de 0,99%, fechando a R$ 4,7331.

O otimismo com estímulos na China se junta agora à lista de fatores que vem sustentando uma melhora significativa no humor do mercado em relação à economia brasileira. Desde o começo de junho, os ventos favoráveis começaram a soprar: previsões de inflação para 2023 caíram; as do PIB subiram; percepção do risco abrandou, inclusive com a mudança da perspectiva da S&P; cortes nos juros devem começar em agosto e assim por diante…

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Agora o mercado entra em modo espera dos novos dados que serão divulgados nos próximos dias. Na semana, tem decisão do Fed e balanço das big techs nos EUA, além dos resultados da Vale e Santander por aqui. 

Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

WEG (WEGE3): 7,23%

Eneva (ENEV3): 4,38%

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Embraer (EMBR3): 4,37%

3R Petroleum (RRRP3): 4,11%

CSN Mineração (CMIN3): 4,10%

MAIORES BAIXAS

IRB Brasil (IRBR3): -14,40%

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Minerva (BEEF3): -4,38%

Marfrig (MRFG3): -3,88%

Bradesco (BBDC4): -2,70%

BRF (BRFS3): -2,28%

Ibovespa:  0,94%, aos 121.341 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,40%, aos 4.554 pontos

Nasdaq: 0,19%, aos 14.058 pontos

Dow Jones: 0,52%, aos 35.411 pontos

Dólar: -0,99%, a R$ 4,7331

Petróleo

Brent: 2,05%, a US$ 82,74

WTI: 2,16%, a US$ 78,74

Minério de ferro: 0,06%, cotado a US$ 117,18 na bolsa de Dalian (China)

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